Como surgiu o Decálogo

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Todos nós sabemos da importância do Decálogo, mais conhecido como Os Dez Mandamentos. É um dos códigos de moral mais antigos, mais respeitados e difundidos do mundo. As normas de procedimento nele contidas continuam válidas hoje e continuarão no futuro. Quando o Cristo disse que não veio revogar a lei, mas cumpri-la, referia-se aos preceitos do Decálogo, documento básico de toda a estrutura religiosa, política e social do povo judeu.

Em Lucas (Capítulo 10), um doutor da lei pergunta a Jesus o que deve fazer para ganhar a vida eterna e Jesus responde com outra pergunta: ‘O que está escrito na Lei?’ ‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com toda a tua mente’ – responde o doutor. Jesus limitou-se a comentar: ‘Bem respondido. Faze isso e viverás.’

A versão de Marcos (Capítulo 12) é ainda mais explícita e direta. Um escriba aproxima-se do Cristo e lhe pergunta qual, na sua opinião, seria o mandamento mais importante. Jesus respondeu-lhe citando o primeiro mandamento: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças’.

– O segundo (mandamento) – prossegue Jesus – é ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Não há maiores mandamentos do que estes. 

Nessas e em outras passagens, Jesus deixou bem claro o testemunho do seu respeito e acatamento pelo Decálogo, que, acima de divergências doutrinárias desta ou daquela religião, é um roteiro seguro de bom procedimento entre os seres humanos. Nem todos, porém, sabem ou admitem que o Decálogo resulta de um fenômeno mediúnico, como se pode ver nos textos bíblicos, em Deuteronômio, Capítulo 5 e Êxodo, Capítulos 20 e 34.

Em resumo, a história passou-se da seguinte maneira: dispunha Moisés de faculdades que hoje chamaríamos de mediúnicas, como se pode comprovar de uma simples leitura dos primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco, que falam dele. Certa vez, Javé mandou que ele fosse sozinho ao Monte Sinai. Lá, diz o texto (Êxodo 31:18) ‘Depois de falar com Moisés no Monte Sinai, (Javé) lhe deu as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.

Essa é a maneira da época para informar que as palavras escritas na pedra (seriam ardósias?) foram recebidas mediunicamente, de um Espírito Superior que atuava como guia do povo judeu, pelo qual era considerado um ser divino. Ante a sumária informação contida no texto não poderíamos hoje determinar com precisão como foram grafadas as palavras nas duas placas de pedra; supomos, contudo, que haja ocorrido um fenômeno mediúnico de efeitos físicos, provavelmente com a materialização das mãos do Espírito manifestante, uma vez que o texto diz que as pedras foram ‘escritas pelo dedo de Deus’, e não com os de Moisés. Neste último caso, teria sido um fenômeno de psicografia, audiência, vidência ou inspiração, todos de natureza intelectual. 

Seja como for, o texto não era de autoria de Moisés, por uma razão muito simples de apurar. É que, ao descer do monte, com as tábuas nas mãos, depois de passar lá em cima quarenta dias e quarenta noites, Moisés foi encontrar o povo de volta aos cultos da idolatria. Seu próprio irmão Aarão havia concordado em fundir um bezerro de ouro para que o povo tivesse um ídolo visível que servisse de deus e aceitasse os sacrifícios e oferendas e os rituais que Moisés havia proibido desde que haviam saído do Egito. Suponho que esse bezerro fosse uma representação do boi Apis, importante divindade egípcia.

Moisés ficou de tal maneira transtornado que, num ímpeto de cólera, atirou as placas de pedra no chão, quebrando-as em pedacinhos. Só depois lhe teria ocorrido que não seria capaz de reconstituir pessoalmente, com seus recursos, o texto que elas continham. Por isso, recorreu novamente a Javé, que lhe transmitiu a seguinte ordem:

– Prepara outras duas pedras como as primeiras, sobe para onde estou eu e eu escreverei nelas as palavras que haviam nas primeiras que você quebrou.

Assim foi feito, repetindo-se o fenômeno mediúnico já narrado.   

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 18-20) 

O fenômeno mediúnico na Bíblia

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A Bíblia conta no capítulo 5º de Daniel que, num banquete dado por Baltasar, rei da Babilônia, materializou-se a mão de um homem, que escreveu numa parede três palavras desconhecidas. (Xenografia?)

– Então o rei mudou de cor, seus pensamentos se turbaram, as juntas dos seus membros se relaxaram e seus joelhos puseram-se a bater um contra o outro.

O que é uma forma elegante de dizer que o rei ficou apavorado, sem ofender a dignidade de Sua Majestade.

Esse fenômeno mediúnico de efeito físico está longe de ser o primeiro e único na Bíblia, que dá testemunho de inúmeros deles, desde Moisés até às últimas páginas do Novo Testamento.

E que já estamos falando disto, vamos aproveitar a oportunidade para lembrar outros fenômenos bíblicos não menos interessantes ou dramáticos.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, p. 17) 

O fenômeno mediúnico na história

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Mas não são apenas os textos religiosos que nos oferecem fenômenos mediúnicos à meditação. Também os de natureza histórica o fazem. Desde remotas eras, dirigentes políticos ou militares governaram envolvidos com médiuns de várias faculdades, conhecidos por nomes diferentes em diferentes épocas e locais: adivinhos, pitonisas, áugures, profetas, videntes, feiticeiros, magos e tantos outros.

Na Babilônia, governantes e sacerdotes entendiam-se para interpretar e traduzir em ação política a vontade dos guias espirituais da nacionalidade. Coisa semelhante ocorreu no Egito. Quando os próprios Faraós não eram iniciados nos mistérios sagrados da mediunidade – o que ocorria com frequência – tinham à sua disposição seus médiuns para consultar os espíritos nos problemas de maior gravidade.

Na Grécia, governantes, pensadores e o povo em geral consultavam os oráculos, onde as pitonisas respondiam, em transe, às perguntas formuladas pelos consulentes e interpretadas pelos sacerdotes. Certa vez, quando alguém perguntou ao oráculo quem era o maior homem da Grécia, os espíritos surpreenderam muita gente, dizendo que era um certo Sócrates, ao saber da opinião dos Espíritos a seu respeito, Sócrates comentou que disseram isso apenas porque ele era dos poucos que admitiam sua própria ignorância). Aliás, Sócrates também era médium, como se sabe. E convicto reencarnacionista.

Alexandre da Macedônia levava consigo, nas suas campanhas, os seus próprios médiuns e os consultava com frequência. Depois de haver conquistado quase todo o mundo conhecido na época, os espíritos parece que acharam que era demais e lhe mandaram um recado dramático. O médium saltou para cima de um couro cru, cheio de altos e baixos e explicou que Alexandre não iria poder controlar todo o seu imenso império, pois quando pisasse numa dobra para fazê-la assentar, outra subia, ali à frente. Se corria para um lado, o couro levanta-se de outro. Foi exatamente o que começou a acontecer. Pouco depois de ter ele morrido, aos 33 anos de idade, seu império fragmentou-se em tantos pedaços quantos eram seus ambiciosos generais e prepostos. 

Os Césares consultavam também seus médiuns nos momentos de crise. O leitor deve estar lembrando de que o assassinato de Júlio César foi previsto mediunicamente com a antecedência necessária, por um adivinho, diz Will Durant no seu livro Cesar and Christ.

‘Agnóstico, mas não livre de superstições – como diz Durant – César acreditou desacreditando na previsão do médium. Ao encontrar-se com ele na rua, quando se dirigia ao Senado, momentos antes do assassinato, ele ainda zombou do homem: ‘Você disse que tivesse cuidado com os idos de março e já estamos nos idos de março…’ ‘Espere – disse o médium – que ainda estamos nos idos de março…’

E assim foi. As consequências foram dramáticas para Roma e, conseguintemente, para o mundo.

– O assassinato de César – escreve Durant – foi uma das grandes tragédias da história.

A intensa atividade espiritual nos bastidores da história brasileira está em Brasil coração do mundo pátria do Evangelho, em relato de Humberto de Campos, e psicografia de Francisco Cândido Xavier.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 58-60)

Mediunismo e Animismo

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Como ficou dito alhures, não é nosso objetivo e nem seria possível esgotar o tema do fenômeno mediúnico nas modestas dimensões e pretensões deste livrinho, que se propõe a ser apenas um texto destinado a provocar no leitor o desejo e a disposição de aprofundar mais o exame de tão fascinante material de estudo.

Parece oportuno, contudo, discutir a esta altura, um aspecto que, de propósito, não quisemos tratar logo de início. Vamos a ele.

Ao examinar a estrutura do fenômeno mediúnico, distinguimos nele três componentes básicos: 1) os espíritos; 2) o médium; e 3) os seres humano encarnados. Ora, acontece que o ser humano, mesmo encarnado, é também um espírito e se o espírito desencarnado pode produzir um fenômeno, o encarnado também deve poder produzi-lo. E isso é verdadeiro.

Por exemplo, se uma pessoa (encarnada) consegue adivinhar em que sequência vão sair as cartas de um baralho Zener, o fenômeno não tem usualmente um fator ou componente mediúnico, ou seja, não há interferência de espíritos desencarnados na produção do fenômeno. É o próprio espírito da pessoa que, por um mecanismo, ainda não muito bem conhecido, consegue saber de alguma forma, que cartas vão sair e em que ordem, mesmo que embaralhadas mecanicamente, sem que ninguém as veja ou toque.

Há pessoas, ainda, que conseguem movimentar, sem tocar, pequenos objetos ou influenciar pelo poder da mente, para que uma gota d’água, caindo no vácuo, rigorosamente sobre o fio de uma lâmina, seja dirigida para um lado ou para outro. Também aí não há necessariamente interferência de seres desencarnados.

Como a Doutrina Espírita caracteriza como alma (anima, em latim) o espírito encarnado, adotou-se para esse tipo de fenômeno, no qual não há participação de desencarnados, a expressão fenômeno anímico, isto é, produzido pela alma, ou espírito encarnado.

O esquema básico pode e deve continuar o mesmo: 1) espírito; 2) médium; e 3) ser encarnado. Teremos apenas de reinterpretá-lo para entender que, neste caso, o ser encarnado é médium de seu próprio espírito.  

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 82-83)

Mediunidade

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Mas não acertamos ainda um modo de compreender o termo mediúnico. Que é isso?

Para que isso aconteça, temos de fazer um pouco de ginástica mental, o que, aliás, é muito bom para saúde da inteligência, assim como o exercício físico é bom para a saúde do corpo.

Mediúnico é uma palavra derivada de médium. Apesar do jeito meio latinizado da palavra, até eu sei que médium é algo que fica no meio, da mesma forma que média (aritmética ou geométrica) é uma certa grandeza que fica situada entre dois números extremos de uma série. Por exemplo: se a temperatura num determinado dia variou de 10 graus e a máxima de 20 graus, posso dizer que a temperatura média do dia foi de 15 graus. Certo?

O médium é, portanto, um intermediário, alguém que ‘fica no meio’ entre duas posições. Allan Kardec é que propôs a utilização da palavra, bem como de outras, como espírita, Espiritismo, perispírito, agênere, etc, porque entendia ele, acertadamente, a meu ver, que para designar coisas novas, precisamos de palavras novas e o Espiritismo era algo novo que ele estava explicando, tal como os Espíritos explicavam a ele.

Por isso, chamou ele de médium à ‘pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens’. É o que se lê em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXXII, ao qual intitulou Vocabulário Espírita.

Pela definição proposta por Allan Kardec, e prontamente adotada, observamos que há três aspectos distintos no conceito de mediunidade, ou seja, na faculdade de que dispõem os médiuns: 1) os Espíritos; 2) o médium; e 3) os seres humanos encarnados.

É o médium, portanto, que serve de elemento de ligação entre os Espíritos (desencarnados) e as pessoas (encarnadas), funcionando como intermediário entre um lado e outro da vida. Os Espíritos precisam dele para se comunicar com as pessoas e nós que aqui estamos nesta última condição, de encarnados, precisamos deles para ver, ouvir, conversar com eles ou receber outras formas de mensagens de amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos desencarnados.

Na verdade, espíritos somos todos nós, tanto faz estarmos encarnados ou não, mas costumamos chamar de espíritos aos desencarnados.

Os corpos físicos são apenas instrumentos de trabalho que as leis naturais nos concedem por alguns anos. São máquinas de viver na Terra, da mesma forma que você tem de vestir um escafandro para descer ao fundo do mar ou uma roupa de astronauta para viajar numa nave espacial.

Antes da formação do corpo, durante os nove meses da gestação em nossas mães, já éramos espíritos. Somos espíritos enquanto estamos morando nesse corpo físico e continuaremos a ser espíritos depois que, abandonando como imprestável ao uso para o qual foi formado, o corpo morre e decompõe-se. Em suma: o corpo é uma residência provisória do espírito imortal. Por isso, ninguém deveria confundir a casa onde mora com a personalidade e a individualidade dos que moram nela. No entanto, muita gente fina faz essa confusão.

Acontece que, enquanto estamos encarnados, não vemos os espíritos. E é por isso que muita gente acha que eles nem existam, pois há os que somente acreditam naquilo que podem ver, pegar, cheirar, etc. E não vemos, porque nem todos dispomos de condições apropriadas, de faculdades mediúnicas, ou melhor ainda, nem todos somos médiuns suficientemente treinados para ver ou servir de intermediários entre espíritos e pessoas encarnadas. Daí a definição proposta por Allan Kardec, ou seja: médium é a ‘pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens’.

Consequentemente, fenômeno mediúnico é uma ocorrência natural, um fato ou evento observável, por meio do qual os espíritos desencarnados se comunicam com as pessoas encarnadas, utilizando-se de um médium, ou seja, de uma pessoa dotada de faculdades especiais suficientemente desenvolvidas para servir de instrumento de ligação, a fim de que o fenômeno possa ocorrer. Da mesma forma que o telefone, o rádio ou a TV são instrumentos de comunicação entre os encarnados. (A TV, às vezes, até apresenta ‘fantasmas’…).

Chama-se mediunidade a faculdade especial do ser humano encarnado através da qual se produz o fenômeno mediúnico. Acontece, porém, que a mediunidade se apresenta sob muitas maneiras, em diferentes pessoas ou de várias maneiras na mesma pessoa.

– Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos – escreveu Kardec em O Livro dos Médiuns, capítulo XIV – é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao ser humano; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo.   

Raras são as pessoas que não tenham alguma faculdade, pelo menos em estado latente, o que significa dizer que, em princípio, todos somos médiuns, com maior ou menor intensidade e desenvolvimento.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 13-15)

O fenômeno mediúnico

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O único problema que vejo nesta conversa inicial é o de que todos nós costumamos achar que fenômeno é tudo quanto é extraordinário, raro, surpreendente, maravilhoso, prodigioso e até sobrenatural. Uma criança superinteligente é considerada um fenômeno, tal como grande atleta ou uma mulher excepcionalmente bonita (ou feia demais). É certo que a palavra tem também esse sentido, como se pode ver nos dicionários. Na verdade, porém, tudo quanto acontece ou pode ser observado é um fenômeno: a chuva é um fenômeno, o por do sol, o calor, o frio, o crescimento das plantas, o nascimento das crianças, a morte, a vida, a dor, a alegria … tudo é fenômeno. Qualquer fato ou evento que possamos observar é um fenômeno, pois a palavra nas suas origens gregas, quer dizer algo que aparece ou que se mostra.

Segundo Pierre Teilhard de Chardin, pensador e cientista jesuíta, o próprio ser humano é um fenômeno da natureza e, por isso, ao escrever um dos seus livros mais importantes, deu-lhe o título expressivo de O fenômeno humano (Ed. Herder, 1970).

Muita gente acha até que certos fenômenos são naturais e outros são sobrenaturais, o que está completamente fora de propósito. Como vimos, o fenômeno é um fato concreto ou um acontecimento que podemos observar, ou que se mostra à gente. Logicamente, ele tem de acontecer em algum lugar e tempo e de acordo com as leis da natureza dentro do ambiente em que vivemos, à nossa volta, com as coisas que nos são familiares. Como poderia acontecer alguma coisa fora das leis naturais? Ou em desacordo com elas? Se aconteceu, se é um fato, se pudemos observar, então é porque é natural, está regulado por leis naturais, ainda que não as conheçamos e, portanto, constitui um fenômeno natural.

O fenômeno mediúnico é, portanto, um fenômeno natural, como qualquer outro.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 11-12)

O dirigente espírita

Alexandre Lima

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A Doutrina Espírita está assentada na moral cristã, na ciência dos fenômenos do espírito e na religião descrita e norteada pela obra de Allan Kardec.

A religião espírita tem como lumiar a Codificação kardequiana, conjunto de obras inspiradas nos Evangelhos e que trazem as premissas de moral, de ciência e de religião que cumpre às Casas Espíritas preservar e divulgar.

Como se tratam de lugares erguidos para uma religião baseada na simplicidade, em que não existem sacerdotes, rituais, sacramentos ou dogmas, as Casas Espíritas têm como papel  propagar a Codificação, o que preconiza exercer atividades de esclarecimento e de doação caritativa, em que o maior de seus valores é imitar Jesus em suas ações de amor ao próximo, de perdão e de consolo aos que sofrem. 

O ponto comum entre as Casas Espíritas não é o mobiliário, nem o uso de tecnologias, nem a estrutura pedagógica de seus cursos, ou ainda a ausência de altares e de ídolos, mas a permanente busca pela capacidade de acolher os simples, consolar os humildes, atendendo os que têm sede de justiça, de verdade, de adiantamento moral e de progresso. Neste sentido, as pessoas que têm papel de liderança nas Casas Espíritas precisam exercer seu trabalho com amor, desprendimento, clareza e simplicidade na transmissão do espiritismo e da verdade espiritual.

O dirigente espírita é uma pessoa comum, a quem cabe uma parcela de responsabilidade dentro da Casa Espírita. Em geral, trata-se de alguém com um pouco mais de esclarecimento doutrinário que os frenquentadores, o que nunca pode ser confundido com uma autoridade religiosa ou sacerdote. Como é uma pessoa encarnada em um mundo ainda de provas e de expiações, trata-se de alguém suscetível a falhas e erros, em aprendizado, apenas acumulando uma posição de temporária liderança, e que deverá prestar contas por seus desacertos e equívocos.

Os esforços dos dirigentes não devem ser para demonstrar sua cultura e erudição, mas antes para acolher os que sofrem, contribuindo para que eles possam seguir com perseverança rumo à fraternidade e ao amor de Deus.

O papel do dirigente espírita é propagar a Codificação, divulgando-a e buscando aplicar suas lições ao dia-a-dia, através de atitudes cristãs, ensinando muito mais através de sua conduta, de bons exemplos, do que pela qualidade de seu discurso ou pelo rótulo de seu cargo.

A responsabilidade do dirigente espírita lhe impõe maior disciplina, em que o cediço do orgulho e da vaidade não podem encontrar espaço em sua conduta.

Todo aquele que lidera em uma Casa Espírita se assenta em posição de maior evidência, que não deve alimentar mazelas morais, como o narcisismo e o culto a sua pessoa em prejuízo dos valores elevados que a Doutrina Espírita deve perpetuar. O dirigente não pode ser confundido com um messias.

É indispensável o aprendizado dos princípios do Evangelho, bem como do estudo da Codificação, construindo um olhar ponderado quanto a todos aqueles a quem cabe chefiar e liderar as tarefas na Casa Espírita, sempre em prol da divulgação da espiritualidade e da evolução moral, nunca nos esquecendo as lições de Jesus, que em suas atitudes demonstrava não estar no mundo para ser servido, mas para servir.

A política à luz da lei de sociedade

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Aristóteles define a política como a ciência do exercício da ética e da busca da felicidade coletiva da pólis. O filósofo grego reconhece que nas comunidades, como nas famílias, as pessoas têm diferentes papéis, mas suas relações devem coexistir de forma harmônica. O legado de Aristóteles reverbera no espiritismo.

O Livro dos Espíritos (1857), obra seminal de Allan Kardec, nas questões de número 766 a 775, aborda a chamada Lei de Sociedade. No breve capítulo, o codificador apresenta as considerações dos espíritos, que afirmam ser imprescindível para a evolução espiritual a vida em sociedade, legado divino para a evolução moral tanto individual quanto coletiva, em que os relacionamentos humanos se contrapõem aos estilos de vida de isolamento, de silêncio e de ociosidade. Aprender a se relacionar com o outro é um traço incontornável da evolução social e espiritual.

Quando refletimos sobre as três revelações, as grandes premissas morais da humanidade, notamos paralelo com o processo de evolução das sociedades. Importa lembrar que o primeiro ordenamento moral para a Doutrina Espírita vem do Decálogo de Moisés, apresentando princípios de relacionamento entre o homem e Deus, e entre o homem e seus iguais, esclarecendo sobre a necessidade de se nortear a vida pelo respeito a Deus e suas leis, e à sanidade moral nas relações em família e em sociedade. Honrar os pais, não matar, não roubar são alguns dos princípios tão importantes como nutrir o amor divino. As lições de Jesus deram novo olhar aos princípios mosaicos, sintetizados no amor a Deus e ao próximo, que, em lugar de restringir, ampliam a acepção do amor para níveis mais universais. A Codificação veio reforçar as bases mosaicas e cristãs, trazendo atualidade às palavras de Jesus, afirmando a potência de seu discurso para a humanidade despertar para a consistência da vida moral, lições  expostas em suas mensagens, como da vida ultrapassando a limitação da experiência material. Os relatos dos espíritos, irmãos nossos em outra esfera de existência, traduzem os efeitos de suas experiências na vida corpórea, muitas  vezes submetidas a dores ante seus equívocos e desatinos morais. 

Não é possível conceber o exercício do amor ao próximo sem a abertura humana à construção de relacionamentos de qualidade com o outro e com a sociedade. Amar ao próximo não se limita em nutrirmos afeição aos nossos familiares ou aos nossos iguais, mas nos exige crescimento para adotarmos a tolerância com todos, inclusive com os que divergem de nossas opiniões.

É uma necessidade humana aprender a amar e viver coletivamente, seja em família, em comunidade, em sociedade, em uma nação ou em um planeta, e esse modo coletivo de vida é fortalecido pelo exercício saudável de princípios éticos e de trabalho consistente pelo bem comum. A vida amadurecida em comunidade exige ultrapassar a separação por bandeiras ou ideologias. Utilizar os princípios mosaicos, cristãos ou espíritas para justificar preconceitos e ações violentas contra os que pensam diferente é se diminuir moralmente e se omitir diante da premissa maior do necessário exercício do amor apregoado pelas principais religiões do planeta. Moisés sofreu por seu povo no Egito, Jesus padeceu ante o império romano, Kardec amargou o antagonismo de seus detratores. A história ensina que as crenças frágeis e seus agentes perecem, como os falsos ídolos, que sempre ruíram ao longo das gerações, mas prevalecem os defensores da verdade das leis divinas, que são incontestáveis e perenes.

As relações sociais estão transpassadas pela política, não as simples denominações partidárias, mas o trato ético entre os cidadãos, em bases legais e republicanas, em que o bem comum deve nortear o estado, suas ações e instituições.

A intolerância é o veneno dos relacionamentos pessoais e sociais, chaga que gera a violência e mina a evolução moral individual e coletiva, retardando a transformação planetária e prestando serviço apenas aos que se nutrem do atraso em suas mais diferentes máscaras. 

Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira

MENSAGEM AO LEITOR

Salmo 70:

16 Apresentarei os feitos do Senhor Deus, evocarei tua justiça, que é somente tua.

17 Ó Deus, tu me instruíste desde a juventude, e até hoje proclamei teus prodígios.

18 Agora, na velhice e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, até eu anunciar aos 

descendentes os feitos de teu braço, e às gerações vindouras teu poder!

19 Tua justiça, ó Deus, eleva-se até aos céus. Realizaste coisas grandiosas: quem como tu, 

ó Deus?

20 Tu, que me fizeste experimentar perigos múltiplos e graves, de novo me farás viver; das 

profundezas da terra me levantarás outra vez.

21 Aumentarás minha dignidade e de novo me confortarás.

22 Por isso, ao som da harpa, te darei graças, meu Deus, por tua fidelidade; cantarei para 

ti ao som da cítara, ó Santo de Israel.

23 Ao cantar em tua honra exultarão de alegria meus lábios e minha alma, que resgataste;

24 todos os dias, minha língua proclamará tua justiça, porque se cobriram de vexame e 

ignomínia os que procuravam minha desgraça.

 

Querido irmão leitor, a quem muito devemos pelas preces de amor e respeito a nós  endereçadas, muitas delas desde as primeiras mensagens dirigidas a nossa família carnal.

Há muito queríamos escrever esta cartinha a quem vem todo esse longo tempo nos acompanhando, livro por livro, e vibrando com as nossas conquistas. Chegou o dia de abrir  o nosso coração, ultimamente chagado de tristeza e vergonha, pois mesmo já desencarnado  não estamos distante de disse-me-disse e de mentiras, muitas delas muito graves, pois  tentam interromper nossa tarefa, que não é tão grande quanto a de outros importantes e  respeitados Espíritos que trabalham nas fileiras Espiritistas. Porém, mesmo não sendo um  astro de esplendor divino, somos uma estrelinha escolhida por Jesus para brilhar, nem que  seja com mínima luz, junto àquele que necessita.

Você, leitor amigo, deve estar perguntando: onde o Luiz Sérgio quer chegar? E tem razão. 

Hoje chegou a hora de responder às milhares de cartas que indagam: você está escrevendo com outros médiuns, Luiz Sérgio?

Antes, vamos recordar o livro O mundo que eu encontrei, psicografado por nossa prima  Alayde. Depois, junto com a Lúcia, a Alayde psicografou Intercâmbio. Como a Alayde já  havia completado sua tarefa como médium, a doença a levou a parar. Nesse tempo, porém,  fomos chamados a iniciar um trabalho sério e perigoso, no qual teríamos grandes  adversários das trevas, os quais tudo fariam para não nos deixar ir até o fim. Fomos  informados também de que, dado o nosso linguajar de jovem e as narrações bem fortes,  ”doutores da lei” não aceitariam nossos livros, ou melhor, nosso novo modo de narrar os  fatos. Assim, nós, Luiz Sérgio, e a médium Irene Pacheco Machado fomos convidados para  a árdua tarefa de trabalhar junto a traficantes e drogados e ficamos um pouco assustados. 

Nós, Luiz Sérgio, pensamos em correr, desistindo, alegando imaturidade.

Para quem não conhece Irene, ela é uma médium que iniciou sua mediunidade sem correr  atrás de grupos mediúnicos, porque os Espíritos foram até seu lar e a prepararam, assim  como a toda a sua família, não para se tornar mais uma médium, isso não. Irene recebeu,  através de suas mãos, as instruções doutrinárias, os livros para estudar, e estes livros foram  todos aqueles que devem ser leitura obrigatória para quem quer adentrar a Doutrina  Espírita. Quando chegamos até Irene, ela passava noites e noites estudando as obras básicas e aproveitamos para fazer o mesmo, junto a  Espíritos nos quais ela colocou pseudônimo, pois eram por demais respeitados na Doutrina,  porque não queria que ninguém julgasse que desejava só aparecer, por pensar que assim  procede quem não tem respeito nem conhece a beleza dos ensinos doutrinários.

Demoramos, preparando-nos para o novo trabalho. Em desdobramento, Irene acompanhava os Raiozinhos de Sol em ajuda aos dependentes químicos. Foi um início difícil, pois ela era dona de casa, desconhecendo totalmente o terrível mundo da droga. Mesmo vivendo nesses  dois mundos, ela nada contava, nem ao seu marido. Era algo muito importante para todos  nós, que iniciamos um trabalho único na seara espírita.

Muito depois de ficarmos amigos é que ”mudamos” para o lar dos Machados, onde estava  iniciando-se um grupo espírita. Irene estudava Deus na Natureza, de Flammarion, e os  livros de Paul Gibier e de outros Espíritos e, com Lázaro, O Livro dos Espíritos, letra por  letra. E a frequência à casa de Irene aumentava, pois muitos a buscavam para receber  consolo. Foi quando Lázaro a mandou buscar um Centro Espírita respeitável, onde sua  mediunidade seria melhor analisada. E ela se foi, iniciando pelo ”jardim-de-infância”, em  nenhum momento deixando que percebessem que tinha grandes amigos, Espíritos de  grande conhecimento doutrinário a ajudá-la a conhecer melhor a Doutrina Espírita. 

Enquanto isso, iniciamos o livro Na Esperança de uma Nova Vida, que também Irene a ninguém contou que era de Luiz Sérgio, chegando mesmo a nos pedir para colocar  pseudônimo, o que irmã Celina, Espírito responsável pela psicografia, não autorizou. Irene  não queria escrever com Espírito já conhecido na Doutrina, e nós já tínhamos escrito três  volumes com os quais você, leitor, vibrou.

Irene relutava em mostrar o livro Na Esperança de uma Nova Vida. Um dia, depois de  muito tempo, ela o entregou a nossa mãe que, mesmo sem muita experiência para ”traduzir” a psicografia mecânica da médium, o fez por amor. Não tivemos dinheiro para  editá-lo, apesar de já termos três livros na praça, que não deram lucro, pois paga-se a  editora e o revendedor recebe cinquenta por cento do valor do livro. Para publicar nosso  livro, minha mãe teve de fazer um bazar. Todo o grupo da Casa Espírita Recanto de Maria,  o Rema, nessa época já registrado como Centro Espírita, teve de ajudar para arrecadar  dinheiro para a publicação. Assim, saiu o primeiro tiro contra as drogas que explodiu no  meio espírita. As críticas foram terríveis, pois falávamos de sexo, de drogas e usando gírias. 

Como o Vaticano, que ficou sempre longe do que estava se passando na sociedade,  ignorando a mudança que nela ocorria, os pseudo-espíritas também diziam que nossos  alertas eram fantasiosos. Confessamos que nos sentimos acuado e muito triste, mas Irene  dizia: ”Luiz Sérgio, temos uma tarefa e não podemos decepcionar os Espíritos que em nós  confiaram. Não me importo em não receber os aplausos dos encarnados, porém, quero ter a  consciência em paz de que jamais deixei um trabalho para trás por covardia. Não desejo ser  conhecida nem elogiada no meio espírita, isso nunca, sou apenas uma cooperadora de sua  obra. Seguro somente um lápis e fique sabendo, Luiz Sérgio, que jamais usarei seu nome  para ser bajulada. Sempre serei Irene e meu ideal é levantar a Casa de Maria junto a todos  os pedaços da alma de minha mentora, Francisca Theresa. Jamais sairei pelo Brasil ou irei a  um Centro Espírita fazendo propaganda de seus livros. Você, minha criança, nunca vai  precisar disso. Quem ama você, ama-o como você é, e quem não gosta do seu jeito jocoso de escrever não vai ler os seus livros apenas porque alguém fez propaganda deles. Ninguém é obrigado a comprar livro nenhum. Faça o seu trabalho, ou melhor, façamos o nosso  trabalho. As pedras, vamos transformá-las em alerta para melhorar cada vez mais, para  estudar cada vez mais, pois Doutrina Espírita é um curso eterno. Ninguém tem diploma de doutor em Espiritismo, nem ele, que o codificou com tanta sabedoria, Allan Kardec.”

Assim, ao lado da minha grande amiga, fomos nadando contra a correnteza e quanta dificuldade enfrentamos! Depois, outros livros foram editados, por mercê de nossos  queridos amigos do Rema, outros gratuitamente, por bondade de algumas autoridades.

A partir do livro Ninguém está Sozinho, Lázaro achou por bem a irmã Celina assumir a  orientação da psicografia da médium e criou uma equipe de revisão, composta de Espíritos e encarnados. Luiza Helena, uma irmã que acompanhou Irene desde o começo, foi escolhida para ”traduzir” sua psicografia mecânica, pois é tarefa muito difícil devido à velocidade da escrita, e este trabalho vem sendo realizado até hoje pela irmã. O grupo encarnado da psicografia chega a julgar que ela fez um ”cursinho” na espiritualidade, tal a facilidade com que realiza esta tarefa.

Entretanto, muitos fatos ocorreram. Por inexperiência, registraram a livraria ou editora  separadamente da Casa Espírita e isso causou à Casa de Maria vários contratempos, pois até hoje a Casa luta para se livrar desse grande erro cometido pelos encarregados na época dos livros. Depois, veio a quase falência da editora, pois quando o Dirceu, marido da Irene, foi ver quanto devia, era uma quantia enorme e o dinheiro que ele colocava do seu bolso não dava para salvar os livros. Ele vendeu dois terrenos da família para saldar os compromissos com nossos livros. Antes, porém, de Alayde e Lúcia passarem para o Rema os direitos autorais dos primeiros livros, minha mãe os ofereceu para um revendedor de  Brasília, para que ele editasse as nossas obras, e ele as recusou. Porém, Dirceu, Irene e todo o grupo do Rema tudo fizeram para não parar a nossa obra, não por vaidade, pois a médium compra e sempre comprou os livros que escreve. O único benefício que a médium Irene Pacheco Machado recebe é a ingratidão e as críticas desumanas, mas graças a Deus ela nem as percebe, pois vive em outro mundo, o mundo dos que não desejam aparecer.

Muitos hoje dizem que foram os nossos livros que levantaram o Rema. Sim, eles ajudaram,  mas quem fala isso não conhece a real verdade, por não ter participado da luta dos remistas, catando latinhas de alumínio para vender, fazendo almoços para muitas e muitas pessoas e o bazar considerado o mais bonito do Brasil. A Casa de Maria tornou-se uma escola de arte, na qual os seus trabalhadores não têm idade, pois tornaram-se grande artistas, até as crianças.

Por que estamos contando para você, leitor, nossa história? Porque chegamos a pensar em largar tudo, porém, quando nós e a médium fomos até o Departamento da Psicografia aqui do mundo espiritual, foram projetados filmes mostrando o bem que nossos livros haviam  feito a muitos e muitos jovens. Agora, nesta nossa conversa, queremos informar a você,  leitor amigo, que este Luiz Sérgio hoje não tem mais sobrenome, porque o tempo rasgou  nossa carteira de identidade. O sobrenome que carregamos, temo-lo no coração: a imagem plasmada de amor aos nossos pais, irmão e familiares. Sendo assim, torna-se difícil provar que só escrevemos pelas mãos da médium Irene Pacheco Machado. Acredite quem desejar  acreditar. Não temos como prová-lo; infelizmente, para os Espíritos o DNA não funciona,  mas hoje digo basta aos médiuns e editoras que usam o meu nome apenas para vender livro e se tornar conhecidos. No dia em que fomos chamados para trabalhar com os Raiozinhos  de Sol prometemos lealdade e se ficamos indo de ninho em ninho, colocando um ovo aqui, outro acolá, não completamos nossa obra, que não é pequena. Portanto, está na sua avaliação, leitor amigo, constatar se os livros escritos por outros médiuns são nossos ou não, mas eu. Luiz Sérgio, declaro categoricamente que não o são, pois nossa tarefa, na  psicografia, é exclusivamente com Irene. Nós afirmamos que um dia encontramos uma árvore chamada Recanto de Maria e nela abrigamos nosso Espírito, porque nessa árvore aprendemos o que é o amor, a humildade, a caridade e o valor do estudo. O que não está certo é o fato de muitas livrarias, ditas espíritas, estarem vendendo esses livros que não são nossos, e com títulos completamente antidoutrinários, pois em momento algum desejei glorificar um suposto ”novo” Deus nem jamais tive a pretensão, a suprema arrogância e prepotência de querer ”caminhar com a verdade”, porquanto a Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo esclarece: ”(…)ninguém, neste mundo, poderia alimentar fundadamente a pretensão de possuir, com exclusividade, a verdade absoluta.”

Tenha certeza, leitor amigo, de que, após as portas da Universidade Maria de Nazaré terem-se aberto para nós, jamais retrogradaríamos, escrevendo livros de ”contos mediúnicos”, com historietas superficiais, repletas de clichês, nas quais os personagens das nossas outras obras são citados apenas para tentar dar autenticidade à fraude, sem o menor critério, não sabendo o quanto eles são respeitados na espiritualidade. Não, esses tais livros de ”contos mediúnicos” nunca foram escritos por nós, assim como também jamais usaríamos em texto de nossa autoria a palavra ”nosocômio” para designar hospital, e outras tantas.

Quando indagados por que não escrevemos mais com Irene, dizem que ela está decrépita ou com doença incurável. Que Espiritismo é esse? perguntamos. Será que Allan Kardec previu o que fariam com o Consolador prometido por Jesus; que, infelizmente, O Livro dos Médiuns seria muito pouco estudado nas Casas Espíritas? 

Achamos que não, porque o que hoje sofrem os Espíritos nas mãos de médiuns sem preparo doutrinário é muito prejudicial à Doutrina Espírita. E ainda existem aqueles que julgam que a bela Casa de Maria foi construída somente com a renda dos nossos livros!… Precisam conhecer o trabalho das pessoas idosas e das crianças, adolescentes e jovens varando as noites para realizar o Bazar Rayto de Sol, a luta de uma família que de tudo abdicou para levantar no Planalto Central um instituto de cultura espírita, porque é uma Casa onde se estuda o Espiritismo e onde mais se faz caridade, não com o dinheiro do público, pois nem mensalidade ali é cobrada. Entretanto, essas senhoras, senhores, jovens e crianças vão até os pobres, conhecer as necessidades dos carentes.

Sentimos vergonha quando somos apresentado como construtor da grande obra de Francisca Theresa, é um grande equívoco de quem assim pensa. Por que, então, em outra  época, ninguém queria editar os nossos livros? Muito fácil: porque teriam de tirar dinheiro do próprio bolso, pois livro não enriquece ninguém, principalmente livro espírita.

Imploro a você, leitor, que faça o DNA da nossa obra, escrita junto a uma equipe de trabalhadores sérios. Se não fossem sérios, a editora colocaria na praça dois ou três livros por ano. Não o faz porque o controle dos Espíritos da Casa de Maria é implacável. Temos  vários livros já psicografados e guardados e este Eu Te busco quase não chega até suas  mãos, pois às vezes temos vontade de sumir, de ter morrido realmente, porque o que estão  fazendo com o nosso nome é crueldade demais, ainda mais quando essa crueldade atinge a quem muito devemos e respeitamos.

Analise, leitor, o que chega às suas mãos. Faça a sua análise. Será que Emmanuel, André Luiz, enfim, toda a equipe que trabalha com o Chico1 não tem serviço demais junto ao amado médium, precisando sair por aí, atrás de outros, apenas para vender livros? Claro que não. Onde estão os médiuns que diziam receber Emmanuel, André Luiz e outros memoráveis nomes? Será que Joanna de Ângelis não tem uma enorme tarefa junto ao Divaldo? Por que ela sairia pelo Brasil afora em busca de novos médiuns? Se isto está acontecendo é por falta de estudo da Doutrina Espírita e não adianta matar a Irene, denegrir a sua imagem, porque quem assim procede não tem Jesus no coração e a Doutrina Espírita é apenas um divertimento em sua vida, e não um ideal pelo qual se luta sem desejar derrubar nem ferir alguém.

Nada desejamos, leitor amado, somos contra a idolatria porque estudamos a Bíblia e somos eternos estudiosos da Doutrina Espírita. Queremos ter amigos e levar até o fim a nossa tarefa. Quem não pode nos ajudar, por favor, não nos atrapalhe, pois vários médiuns estão dizendo nos receber e aqui afirmamos que temos uma obra com a Irene e com vários Espíritos. Nós não pedimos para realizá-la, ela nos foi concedida por Deus e em nome d’Ele rogamos que ore por nós, mas não se esqueça de orar pela Doutrina Espírita, que hoje atravessa momentos difíceis. Todos desejam se tornar médiuns conhecidos ou construir uma Casa Espírita, porém, sem estudar esta Doutrina que veio para mudar o homem, para torná-lo verdadeiramente humilde e praticante da caridade, esta Doutrina que tem poucos seguidores, porque cobra de cada um renúncia, renúncia e trabalho em prol do próximo.

Você, leitor, deve estar indagando: ”por que, Luiz Sérgio, seus livros demoram tanto a ser editados?” Isso ocorre porque nossos livros não são coisas que se vendem em super-mercado nem revistas semanais, são frutos da grande árvore da Doutrina, que têm o tempo certo de ser colhidos. Não pensamos nos lucros, porque quem pensa que livro dá dinheiro não devia nem pensar em editar livros espíritas. A única coisa que esperamos dos nossos livros é que eles sejam o copo de água que você, leitor amigo, está necessitando para regar sua alma, às vezes deprimida, sofrendo com alguma dependência, e torná-la um jardim de sonhos e esperanças.

Hoje retornamos, tentando trazer ao plano físico notícias do mundo em que vivemos e neste momento recordamos Humberto de Campos, naquele dia 23 de agosto de 1944, com a sentença do Juiz João Frederico Mourão Russel, juiz de Direito em exercício na 8a Vara Cível do antigo Distrito Federal: ”Os direitos da pessoa acabam após a morte”, dando ao Chico Xavier o direito sobre os livros psicografados.

Humberto parou somente um ano, depois voltou, mas seu novo livro trazia o pseudônimo ”Irmão X”. Este pseudônimo, porém, fez tanto mal a ele que resolveu parar. Os encarnados  haviam atrapalhado a tarefa do nosso querido Humberto de Campos, chamado carinhosamente pela médium de Kaká. Nós pensamos o mesmo, tantos aborrecimentos nossos livros têm trazido à médium e ao grupo Recanto, mas quando pensamos em colocar pseudônimo, os amigos maiores, nossos instrutores, nos advertiram de que estaríamos fugindo da responsabilidade assumida com o Alto: a de escrever de maneira simples para todos os nossos irmãos, não importando o credo que professam.

Gostaria de dizer aos médiuns iniciantes que cada Espírito, ao receber uma tarefa, é apresentado ao médium que irá ajudá-lo, formando com ele uma equipe de trabalho. O  Espírito não tem tempo de ficar escrevendo aqui e ali. Os encarnados precisam compreender que os Espíritos também têm de obedecer a uma disciplina rígida e a  obediência é a máquina que vai abrindo o caminho da evolução. Muitas vezes, com a vontade de colocar o nome de um Espírito conhecido nas mensagens que julgam dele  receber, os médiuns estão indo contra os planos de Deus.

Atravessamos ainda uma turbulência, mas recordamos o Cristo acalmando as ondas do mar e, n’Ele crendo, acreditamos que o Mestre nos fortalecerá para vencermos mais essa tempestade, para isso contamos com as suas preces, leitor amigo. Quando alguém lhe disser que o Luiz Sérgio está aí, cuidado, muito cuidado, a Doutrina Espírita não é dos encarnados, sim dos Espíritos, por isso eles precisam ser respeitados.

Quando iniciamos o trabalho sobre drogas, muitos se chocaram: como pode um Espírito usar gíria e falar sobre sexo e drogas? Muitos jovens gostaram, porque finalmente um Espírito falava a sua linguagem e hoje nosso coração transborda de felicidade, pois sabemos que nossos humildes livros, sem palavreado difícil, vêm tirando vários jovens do vício. Eles estão aí, passando de mão em mão. Tenha a certeza de que qualquer um dos  livros que escrevi com Alayde, Lúcia ou Irene que chegar à sua mão estará repleto de amor  e sonhos de um Espírito que busca Deus desesperadamente.

As águas do rio passam, mesmo o homem não as respeitando. Assim seremos nós. Iremos  caminhando na longa estrada da evolução, na certeza de que o seu ombro, leitor amigo,  sempre estará amparando este Espírito que só deseja a felicidade e o sorriso de cada  encarnado.

Este livro pode parecer igual aos outros. O Espírito não muda de um dia para outro e nós sempre seremos o Luiz Sérgio, sem palavras complicadas, pois amamos as coisas simples. 

Espero que você goste desta viagem que iniciamos no livro O Mundo que eu Encontrei

Queira Deus cheguemos ao ponto proposto pela Espiritualidade Maior e que as trevas não encontrem em nenhum encarnado força para dificultar a nossa caminhada.

Obrigado, leitor, pelas cartas, pelas preces, pelo respeito a este eterno camarada, amigo de todos os irmãos em Cristo. Eu Te busco, Deus, na minha caminhada, como Espírito espírita.

Por fim, leitor, gostaríamos que meditasse na seguinte passagem de O Livro dos MédiunsCapítulo XXXI, item XXV:

Com que fim, as mais das vezes, pedis comunicações aos Espíritos? Para terdes belos trechos de prosa, que mostrareis às pessoas das vossas relações como amostras do nosso talento? Preciosamente as conservais nas vossas pastas, porém, nos vossos corações não há lugar para elas. Julgais porventura que muito nos lisonjeia o comparecermos às vossas assembléias, como a um concurso, para fazermos torneios de eloquência, a fim de que possais dizer que a sessão foi muito interessante? Que vos resta, depois de haverdes achado admirável uma comunicação? Supondes que vimos em busca dos vossos aplausos? 

Desenganai-vos. Não nos agrada divertir-vos mais de um modo que doutro. Ainda aí o que há, em vós, é curiosidade, que debalde procurais dissimular.

O nosso objetivo é tornar-vos melhores. Ora, quando verificamos que as nossas palavras nenhum fruto produzem, que, da vossa pane, tudo se resume numa estéril aprovação, vamos em busca de almas mais dóceis. Cedemos então o lugar aos Espíritos que só fazem questão de falar e esses não faltam. Causa-vos espanto que deixemos tomem eles os nossos nomes. Que vos importa, uma vez que, para vós, não há nisso nem mais, nem menos? 

Ficai, porém, sabendo que não o permitimos em se tratando daqueles por quem realmente nos interessamos, isto é, daqueles com quem o nosso tempo não é perdido. Esses são os que preferimos e cuidadosamente os preservamos da mentira. Se, portanto, sois tão frequentemente enganados, queixai-vos tão-só de vós mesmos. Para nós, o homem sério não é aquele que se abstém de rir, mas aquele cujo coração as nossas palavras tocam, que  as medita e tira delas proveito. (Massillon).

Um abraço do

Luiz Sérgio

(Do livro “Eu te busco”, psicografia de Irene Pacheco Machado, pelo espírito Luiz Sérgio. Brasília, DF: Recanto, 2001).

Aura Celeste

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Adelaide Augusta Câmara (“Aura Celeste”)
Nascida em Natal/RN em 11/1/1874, Adelaide Augusta Câmara teve formação protestante.
Aos 22, vai ao Rio de Janeiro, onde se torna professora no Colégio Ram Williams.
Por volta de 1898, se iniciam suas manifestações mediúnicas e passa a frequentar o Centro Espírita Ismael, por orientação de Bezerra de Menezes.
Sua mediunidade era ampla, envolvendo as modalidades audiente, vidente, psicógrafa e de cura.
Em sua lide de assistente, destaca-se o orientador espiritual Dr. Joaquim Murtinho.
Em 1924 volta-se à assistência, dedicando-se ao cuidado de órfãos e de idosos.
No bairro de Botafogo, funda em 1927 o Asilo Espírita “João Evangelista”, dedicado à educação juvenil.
Escreveu livros, alguns deles psicografados, como: “Vozes d’Alma” e “Sentimentais” (livros de versos); “Aspectos da Alma” (contos); “Palavras Espíritas” (palestras), “Rumo à Verdade”; e “Luz do Alto”.
Desencarnou no Rio de Janeiro, em 24/10/1944.