Como surgiu o Decálogo

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Todos nós sabemos da importância do Decálogo, mais conhecido como Os Dez Mandamentos. É um dos códigos de moral mais antigos, mais respeitados e difundidos do mundo. As normas de procedimento nele contidas continuam válidas hoje e continuarão no futuro. Quando o Cristo disse que não veio revogar a lei, mas cumpri-la, referia-se aos preceitos do Decálogo, documento básico de toda a estrutura religiosa, política e social do povo judeu.

Em Lucas (Capítulo 10), um doutor da lei pergunta a Jesus o que deve fazer para ganhar a vida eterna e Jesus responde com outra pergunta: ‘O que está escrito na Lei?’ ‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com toda a tua mente’ – responde o doutor. Jesus limitou-se a comentar: ‘Bem respondido. Faze isso e viverás.’

A versão de Marcos (Capítulo 12) é ainda mais explícita e direta. Um escriba aproxima-se do Cristo e lhe pergunta qual, na sua opinião, seria o mandamento mais importante. Jesus respondeu-lhe citando o primeiro mandamento: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças’.

– O segundo (mandamento) – prossegue Jesus – é ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Não há maiores mandamentos do que estes. 

Nessas e em outras passagens, Jesus deixou bem claro o testemunho do seu respeito e acatamento pelo Decálogo, que, acima de divergências doutrinárias desta ou daquela religião, é um roteiro seguro de bom procedimento entre os seres humanos. Nem todos, porém, sabem ou admitem que o Decálogo resulta de um fenômeno mediúnico, como se pode ver nos textos bíblicos, em Deuteronômio, Capítulo 5 e Êxodo, Capítulos 20 e 34.

Em resumo, a história passou-se da seguinte maneira: dispunha Moisés de faculdades que hoje chamaríamos de mediúnicas, como se pode comprovar de uma simples leitura dos primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco, que falam dele. Certa vez, Javé mandou que ele fosse sozinho ao Monte Sinai. Lá, diz o texto (Êxodo 31:18) ‘Depois de falar com Moisés no Monte Sinai, (Javé) lhe deu as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.

Essa é a maneira da época para informar que as palavras escritas na pedra (seriam ardósias?) foram recebidas mediunicamente, de um Espírito Superior que atuava como guia do povo judeu, pelo qual era considerado um ser divino. Ante a sumária informação contida no texto não poderíamos hoje determinar com precisão como foram grafadas as palavras nas duas placas de pedra; supomos, contudo, que haja ocorrido um fenômeno mediúnico de efeitos físicos, provavelmente com a materialização das mãos do Espírito manifestante, uma vez que o texto diz que as pedras foram ‘escritas pelo dedo de Deus’, e não com os de Moisés. Neste último caso, teria sido um fenômeno de psicografia, audiência, vidência ou inspiração, todos de natureza intelectual. 

Seja como for, o texto não era de autoria de Moisés, por uma razão muito simples de apurar. É que, ao descer do monte, com as tábuas nas mãos, depois de passar lá em cima quarenta dias e quarenta noites, Moisés foi encontrar o povo de volta aos cultos da idolatria. Seu próprio irmão Aarão havia concordado em fundir um bezerro de ouro para que o povo tivesse um ídolo visível que servisse de deus e aceitasse os sacrifícios e oferendas e os rituais que Moisés havia proibido desde que haviam saído do Egito. Suponho que esse bezerro fosse uma representação do boi Apis, importante divindade egípcia.

Moisés ficou de tal maneira transtornado que, num ímpeto de cólera, atirou as placas de pedra no chão, quebrando-as em pedacinhos. Só depois lhe teria ocorrido que não seria capaz de reconstituir pessoalmente, com seus recursos, o texto que elas continham. Por isso, recorreu novamente a Javé, que lhe transmitiu a seguinte ordem:

– Prepara outras duas pedras como as primeiras, sobe para onde estou eu e eu escreverei nelas as palavras que haviam nas primeiras que você quebrou.

Assim foi feito, repetindo-se o fenômeno mediúnico já narrado.   

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 18-20) 

O fenômeno mediúnico na Bíblia

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A Bíblia conta no capítulo 5º de Daniel que, num banquete dado por Baltasar, rei da Babilônia, materializou-se a mão de um homem, que escreveu numa parede três palavras desconhecidas. (Xenografia?)

– Então o rei mudou de cor, seus pensamentos se turbaram, as juntas dos seus membros se relaxaram e seus joelhos puseram-se a bater um contra o outro.

O que é uma forma elegante de dizer que o rei ficou apavorado, sem ofender a dignidade de Sua Majestade.

Esse fenômeno mediúnico de efeito físico está longe de ser o primeiro e único na Bíblia, que dá testemunho de inúmeros deles, desde Moisés até às últimas páginas do Novo Testamento.

E que já estamos falando disto, vamos aproveitar a oportunidade para lembrar outros fenômenos bíblicos não menos interessantes ou dramáticos.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, p. 17) 

O fenômeno mediúnico na história

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Mas não são apenas os textos religiosos que nos oferecem fenômenos mediúnicos à meditação. Também os de natureza histórica o fazem. Desde remotas eras, dirigentes políticos ou militares governaram envolvidos com médiuns de várias faculdades, conhecidos por nomes diferentes em diferentes épocas e locais: adivinhos, pitonisas, áugures, profetas, videntes, feiticeiros, magos e tantos outros.

Na Babilônia, governantes e sacerdotes entendiam-se para interpretar e traduzir em ação política a vontade dos guias espirituais da nacionalidade. Coisa semelhante ocorreu no Egito. Quando os próprios Faraós não eram iniciados nos mistérios sagrados da mediunidade – o que ocorria com frequência – tinham à sua disposição seus médiuns para consultar os espíritos nos problemas de maior gravidade.

Na Grécia, governantes, pensadores e o povo em geral consultavam os oráculos, onde as pitonisas respondiam, em transe, às perguntas formuladas pelos consulentes e interpretadas pelos sacerdotes. Certa vez, quando alguém perguntou ao oráculo quem era o maior homem da Grécia, os espíritos surpreenderam muita gente, dizendo que era um certo Sócrates, ao saber da opinião dos Espíritos a seu respeito, Sócrates comentou que disseram isso apenas porque ele era dos poucos que admitiam sua própria ignorância). Aliás, Sócrates também era médium, como se sabe. E convicto reencarnacionista.

Alexandre da Macedônia levava consigo, nas suas campanhas, os seus próprios médiuns e os consultava com frequência. Depois de haver conquistado quase todo o mundo conhecido na época, os espíritos parece que acharam que era demais e lhe mandaram um recado dramático. O médium saltou para cima de um couro cru, cheio de altos e baixos e explicou que Alexandre não iria poder controlar todo o seu imenso império, pois quando pisasse numa dobra para fazê-la assentar, outra subia, ali à frente. Se corria para um lado, o couro levanta-se de outro. Foi exatamente o que começou a acontecer. Pouco depois de ter ele morrido, aos 33 anos de idade, seu império fragmentou-se em tantos pedaços quantos eram seus ambiciosos generais e prepostos. 

Os Césares consultavam também seus médiuns nos momentos de crise. O leitor deve estar lembrando de que o assassinato de Júlio César foi previsto mediunicamente com a antecedência necessária, por um adivinho, diz Will Durant no seu livro Cesar and Christ.

‘Agnóstico, mas não livre de superstições – como diz Durant – César acreditou desacreditando na previsão do médium. Ao encontrar-se com ele na rua, quando se dirigia ao Senado, momentos antes do assassinato, ele ainda zombou do homem: ‘Você disse que tivesse cuidado com os idos de março e já estamos nos idos de março…’ ‘Espere – disse o médium – que ainda estamos nos idos de março…’

E assim foi. As consequências foram dramáticas para Roma e, conseguintemente, para o mundo.

– O assassinato de César – escreve Durant – foi uma das grandes tragédias da história.

A intensa atividade espiritual nos bastidores da história brasileira está em Brasil coração do mundo pátria do Evangelho, em relato de Humberto de Campos, e psicografia de Francisco Cândido Xavier.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 58-60)

Mediunismo e Animismo

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Como ficou dito alhures, não é nosso objetivo e nem seria possível esgotar o tema do fenômeno mediúnico nas modestas dimensões e pretensões deste livrinho, que se propõe a ser apenas um texto destinado a provocar no leitor o desejo e a disposição de aprofundar mais o exame de tão fascinante material de estudo.

Parece oportuno, contudo, discutir a esta altura, um aspecto que, de propósito, não quisemos tratar logo de início. Vamos a ele.

Ao examinar a estrutura do fenômeno mediúnico, distinguimos nele três componentes básicos: 1) os espíritos; 2) o médium; e 3) os seres humano encarnados. Ora, acontece que o ser humano, mesmo encarnado, é também um espírito e se o espírito desencarnado pode produzir um fenômeno, o encarnado também deve poder produzi-lo. E isso é verdadeiro.

Por exemplo, se uma pessoa (encarnada) consegue adivinhar em que sequência vão sair as cartas de um baralho Zener, o fenômeno não tem usualmente um fator ou componente mediúnico, ou seja, não há interferência de espíritos desencarnados na produção do fenômeno. É o próprio espírito da pessoa que, por um mecanismo, ainda não muito bem conhecido, consegue saber de alguma forma, que cartas vão sair e em que ordem, mesmo que embaralhadas mecanicamente, sem que ninguém as veja ou toque.

Há pessoas, ainda, que conseguem movimentar, sem tocar, pequenos objetos ou influenciar pelo poder da mente, para que uma gota d’água, caindo no vácuo, rigorosamente sobre o fio de uma lâmina, seja dirigida para um lado ou para outro. Também aí não há necessariamente interferência de seres desencarnados.

Como a Doutrina Espírita caracteriza como alma (anima, em latim) o espírito encarnado, adotou-se para esse tipo de fenômeno, no qual não há participação de desencarnados, a expressão fenômeno anímico, isto é, produzido pela alma, ou espírito encarnado.

O esquema básico pode e deve continuar o mesmo: 1) espírito; 2) médium; e 3) ser encarnado. Teremos apenas de reinterpretá-lo para entender que, neste caso, o ser encarnado é médium de seu próprio espírito.  

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 82-83)

Mediunidade

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Mas não acertamos ainda um modo de compreender o termo mediúnico. Que é isso?

Para que isso aconteça, temos de fazer um pouco de ginástica mental, o que, aliás, é muito bom para saúde da inteligência, assim como o exercício físico é bom para a saúde do corpo.

Mediúnico é uma palavra derivada de médium. Apesar do jeito meio latinizado da palavra, até eu sei que médium é algo que fica no meio, da mesma forma que média (aritmética ou geométrica) é uma certa grandeza que fica situada entre dois números extremos de uma série. Por exemplo: se a temperatura num determinado dia variou de 10 graus e a máxima de 20 graus, posso dizer que a temperatura média do dia foi de 15 graus. Certo?

O médium é, portanto, um intermediário, alguém que ‘fica no meio’ entre duas posições. Allan Kardec é que propôs a utilização da palavra, bem como de outras, como espírita, Espiritismo, perispírito, agênere, etc, porque entendia ele, acertadamente, a meu ver, que para designar coisas novas, precisamos de palavras novas e o Espiritismo era algo novo que ele estava explicando, tal como os Espíritos explicavam a ele.

Por isso, chamou ele de médium à ‘pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens’. É o que se lê em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXXII, ao qual intitulou Vocabulário Espírita.

Pela definição proposta por Allan Kardec, e prontamente adotada, observamos que há três aspectos distintos no conceito de mediunidade, ou seja, na faculdade de que dispõem os médiuns: 1) os Espíritos; 2) o médium; e 3) os seres humanos encarnados.

É o médium, portanto, que serve de elemento de ligação entre os Espíritos (desencarnados) e as pessoas (encarnadas), funcionando como intermediário entre um lado e outro da vida. Os Espíritos precisam dele para se comunicar com as pessoas e nós que aqui estamos nesta última condição, de encarnados, precisamos deles para ver, ouvir, conversar com eles ou receber outras formas de mensagens de amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos desencarnados.

Na verdade, espíritos somos todos nós, tanto faz estarmos encarnados ou não, mas costumamos chamar de espíritos aos desencarnados.

Os corpos físicos são apenas instrumentos de trabalho que as leis naturais nos concedem por alguns anos. São máquinas de viver na Terra, da mesma forma que você tem de vestir um escafandro para descer ao fundo do mar ou uma roupa de astronauta para viajar numa nave espacial.

Antes da formação do corpo, durante os nove meses da gestação em nossas mães, já éramos espíritos. Somos espíritos enquanto estamos morando nesse corpo físico e continuaremos a ser espíritos depois que, abandonando como imprestável ao uso para o qual foi formado, o corpo morre e decompõe-se. Em suma: o corpo é uma residência provisória do espírito imortal. Por isso, ninguém deveria confundir a casa onde mora com a personalidade e a individualidade dos que moram nela. No entanto, muita gente fina faz essa confusão.

Acontece que, enquanto estamos encarnados, não vemos os espíritos. E é por isso que muita gente acha que eles nem existam, pois há os que somente acreditam naquilo que podem ver, pegar, cheirar, etc. E não vemos, porque nem todos dispomos de condições apropriadas, de faculdades mediúnicas, ou melhor ainda, nem todos somos médiuns suficientemente treinados para ver ou servir de intermediários entre espíritos e pessoas encarnadas. Daí a definição proposta por Allan Kardec, ou seja: médium é a ‘pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens’.

Consequentemente, fenômeno mediúnico é uma ocorrência natural, um fato ou evento observável, por meio do qual os espíritos desencarnados se comunicam com as pessoas encarnadas, utilizando-se de um médium, ou seja, de uma pessoa dotada de faculdades especiais suficientemente desenvolvidas para servir de instrumento de ligação, a fim de que o fenômeno possa ocorrer. Da mesma forma que o telefone, o rádio ou a TV são instrumentos de comunicação entre os encarnados. (A TV, às vezes, até apresenta ‘fantasmas’…).

Chama-se mediunidade a faculdade especial do ser humano encarnado através da qual se produz o fenômeno mediúnico. Acontece, porém, que a mediunidade se apresenta sob muitas maneiras, em diferentes pessoas ou de várias maneiras na mesma pessoa.

– Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos – escreveu Kardec em O Livro dos Médiuns, capítulo XIV – é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao ser humano; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo.   

Raras são as pessoas que não tenham alguma faculdade, pelo menos em estado latente, o que significa dizer que, em princípio, todos somos médiuns, com maior ou menor intensidade e desenvolvimento.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 13-15)

O fenômeno mediúnico

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O único problema que vejo nesta conversa inicial é o de que todos nós costumamos achar que fenômeno é tudo quanto é extraordinário, raro, surpreendente, maravilhoso, prodigioso e até sobrenatural. Uma criança superinteligente é considerada um fenômeno, tal como grande atleta ou uma mulher excepcionalmente bonita (ou feia demais). É certo que a palavra tem também esse sentido, como se pode ver nos dicionários. Na verdade, porém, tudo quanto acontece ou pode ser observado é um fenômeno: a chuva é um fenômeno, o por do sol, o calor, o frio, o crescimento das plantas, o nascimento das crianças, a morte, a vida, a dor, a alegria … tudo é fenômeno. Qualquer fato ou evento que possamos observar é um fenômeno, pois a palavra nas suas origens gregas, quer dizer algo que aparece ou que se mostra.

Segundo Pierre Teilhard de Chardin, pensador e cientista jesuíta, o próprio ser humano é um fenômeno da natureza e, por isso, ao escrever um dos seus livros mais importantes, deu-lhe o título expressivo de O fenômeno humano (Ed. Herder, 1970).

Muita gente acha até que certos fenômenos são naturais e outros são sobrenaturais, o que está completamente fora de propósito. Como vimos, o fenômeno é um fato concreto ou um acontecimento que podemos observar, ou que se mostra à gente. Logicamente, ele tem de acontecer em algum lugar e tempo e de acordo com as leis da natureza dentro do ambiente em que vivemos, à nossa volta, com as coisas que nos são familiares. Como poderia acontecer alguma coisa fora das leis naturais? Ou em desacordo com elas? Se aconteceu, se é um fato, se pudemos observar, então é porque é natural, está regulado por leis naturais, ainda que não as conheçamos e, portanto, constitui um fenômeno natural.

O fenômeno mediúnico é, portanto, um fenômeno natural, como qualquer outro.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 11-12)

Aura Celeste

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Adelaide Augusta Câmara (“Aura Celeste”)
Nascida em Natal/RN em 11/1/1874, Adelaide Augusta Câmara teve formação protestante.
Aos 22, vai ao Rio de Janeiro, onde se torna professora no Colégio Ram Williams.
Por volta de 1898, se iniciam suas manifestações mediúnicas e passa a frequentar o Centro Espírita Ismael, por orientação de Bezerra de Menezes.
Sua mediunidade era ampla, envolvendo as modalidades audiente, vidente, psicógrafa e de cura.
Em sua lide de assistente, destaca-se o orientador espiritual Dr. Joaquim Murtinho.
Em 1924 volta-se à assistência, dedicando-se ao cuidado de órfãos e de idosos.
No bairro de Botafogo, funda em 1927 o Asilo Espírita “João Evangelista”, dedicado à educação juvenil.
Escreveu livros, alguns deles psicografados, como: “Vozes d’Alma” e “Sentimentais” (livros de versos); “Aspectos da Alma” (contos); “Palavras Espíritas” (palestras), “Rumo à Verdade”; e “Luz do Alto”.
Desencarnou no Rio de Janeiro, em 24/10/1944.

A Reunião Mediúnica

Van Gogh. Comedores de batatas, 1885.

A Casa Espírita, que reconhecemos aqui como lugar que se organiza em torno do estudo e da aplicação do Doutrina Espírita, à luz da Codificação trazida a nós por Allan Kardec, possui campo para diversas atividades.

Palestras públicas, grupos de estudos, assistência social, eventos comunitários etc. fazem parte do universo de iniciativas de um Centro Espírita. Quando tratamos de grande público, não devemos incluir ações especializadas, que precisem de rigor e prévio conhecimento doutrinário, nem assim exigir dos frequentadores. Se quisermos tratar de um estudo científico, por exemplo, será demais para o grande público acompanhar os raciocínios e elaborações dos palestrantes. Possível é, mas se adequa melhor a grupos de estudos especializados, já devidamente inseridos no campo de discussões avançadas.

Semelhante cautela podemos encontrar nas tarefas mediúnicas, porque há certos cuidados para garantir o êxito em sua execução, atendendo ao princípio da caridade, mas nunca abrindo mão das diretrizes da Codificação e da disciplina que deve cercar esse tipo de reunião.

As normas gerais para as reuniões mediúnicas são simples:
1-Privacidade;
2-Horário, duração e frequência definidos;
3-Preparo de seus participantes (doutrinário e evangélico);
4-Assiduidade da equipe.

A privacidade recomendada para a reunião mediúnica se refere a respeitar a seriedade das tarefas que propõe, porque o sofrimento não deve ser um espetáculo público, nem a dor dos frequentadores encarnados que ali acorrem, nem mesmo os quadros de pesar dos irmãos desencarnados que participam e às vezes dialogam com a equipe de orientadores.  O espírito merece ser acolhido em um ambiente de caridade e respeito, que ofereça escuta sem julgamentos prévios, mas com a determinação de esclarecer com amor, propondo renovação de pensamentos, sentimentos e vontades.

A disciplina é eixo fundamental das tarefas mediúnicas, envolvendo regularidade de  atividades, com horários, dias e equipes definidas. A reunião mediúnica pode ter duração fixa de uma hora, hora e meia e até de duas horas, em dias certos na semana. A reunião conta com o apoio da espiritualidade, que tem muito trabalho a fazer, assim não estará a disposição para prorrogações desnecessárias de atividades, nem para ações inúteis ou vazias de fins caritativos. Às vezes a disponibilidade e a vontade do trabalhador em auxiliar são grandes, mas podem ser compartilhadas com outras iniciativas da Casa Espírita, como doação de seu tempo para reuniões públicas de divulgação doutrinária, trabalhos de passe, grupos de assistência. Discussão de assuntos gerais, corriqueiros e administrativos da instituição devem ter espaço próprio, não se confundindo com os momentos de assistência amparados pela espiritualidade.

O preparo dos participantes envolve não somente a equipe de trabalhadores da reunião mediúnica, como dirigentes, orientadores, médiuns de comunicação, e de sustentação, como também a assistência. O público que ali assiste também participa da reunião mediúnica e não pode ser leigo e desinformado a respeito da Doutrina Espírita fundamentada na Codificação organizada por Kardec. Por quê? Porque a reunião mediúnica é um momento de partilha de sentimentos, pensamentos, fluidos e energias, um todo em que contribuem os que ali acorrem, desencarnados ou encarnados. Curiosidade, displicência ou ceticismo, por exemplo, são posturas que não contribuem para a evolução de uma reunião mediúnica séria e de objetivos elevados. Lembramos que o Centro Espírita deve propiciar diferentes oportunidades para o público em geral, como palestras públicas, cursos de introdução à Doutrina, grupos de Evangelização Infantil, mocidade, eventos sociais de cunho caritativo, não se pautando única e exclusivamente nos fenômenos medianímicos e nem deles se utilizando como mero chamariz ou espetáculo.

O item disciplina é importantíssimo para os que abraçam funções na reunião mediúnica, devendo se respeitar a frequência nos dias e horários determinados, atendo-se rigorosamente ao período de duração das reuniões, porque a espiritualidade não fica à disposição a todo momento. Tarefas específicas exigem trabalhadores adequadamente preparados, assim ocorre no plano terreno como no espiritual. O campo de proteção invisível também é um trabalho da espiritualidade, sustentado pelos obreiros terrenos, mesmo fora do alcance visual ou de compreensão de muitos, mas é fator de garantia de ambiente propício ao êxito da tarefa.

Some-se a essas instruções o processo de educação do Centro Espírita, que deve promover cursos regulares sobre as obras da Codificação, também grupos de estudos específicos, contemplando além de aspectos mediúnicos, filosóficos e científicos.
Não nos esqueçamos que a reunião mediúnica é um dos muitos trabalhos a serem desenvolvidos pelo Centro Espírita, devendo se somar a ações de caridade, que podem envolver lides específicas, tais como manter um casa de assistência ou asilo, como também efetuar atividades regulares de auxílio ao povo de rua, visitas a favelas, orfanatos, presídios, hospitais.
Para quem tiver interesse em se aprofundar sobre o estudo do tema, recomendo, além da leitura do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, as obras: “Desobsessão”, de André Luiz, psicografia do nosso Chico Xavier; “O Centro Espírita” e “Mediunidade”, de J. Herculano Pires; e “Diretrizes de Segurança”, de Raul Teixeira e Divaldo P.  Franco.

Boa leitura e vibrações de luz para todos.

Eurípedes Barsanulfo

Eurípedes Barsanulfo Nasceu em Sacramento, no estado de Minas Gerais, no dia 1º de maio de 1880.

Aluno do Colégio Miranda, auxiliava os professores, ensinando aos próprios companheiros de classe. Conquistou o respeito de todos os colegas e professores, pelo seu comportamento e extrema dedicação ao estudo. Graças à sua vontade de querer saber cada vez mais, ele conseguiu uma excelente formação cultural, nos mais variados campos do saber. Saindo do colégio, passou a trabalhar como guarda-livros, no escritório comercial de seu pai, auxiliando, assim, desde cedo, a manutenção do lar.

Aos 22 anos, com seus antigos professores, Dr. João Gomes Vieira de Melo, Inácio Martins de Melo e outros, fundou o Liceu Sacramento, onde lecionava, quando necessário, todas as matérias do curso. Alguns alunos do Liceu fundaram um serviço de assistência aos necessitados, denominado “Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres”. Na mesma época, participou da fundação do jornal semanal “Gazeta de Sacramento”, em que publicava artigos sobre Economia, Literatura, Filosofia, etc, estreando, assim, como jornalista, tendo colaborado intensamente em outros jornais.

Possuía profundos conhecimentos de Medicina e Direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais, Literatura, sem ter cursado escola superior.

Tornou-se líder, em sua cidade, pelo seu trabalho no magistério, e na imprensa, pelo seu nobre caráter e bom coração pronto a ajudar os necessitados. Foi assim, eleito vereador, quando, durante seis anos, beneficiou a população de sua cidade com luz e bondes elétricos, água encanada e cemitério público. Nessa ocasião, Eurípedes Barsanulfo, como fervoroso católico, era o presidente da Conferência de São Vicente de Paulo.

Seu primeiro contato com a Doutrina foi em 1903, através do seu tio, conhecido como Sinhô, que, após tentar explicar os pontos básicos da Doutrina Espírita, emprestou ao sobrinho o livro “Depois da Morte”, de Léon Denis. Ocorre, então, uma transformação em sua vida. Mudou-se da casa de seus pais e fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, em 1905, onde, além de realizar reuniões mediúnicas e doutrinárias, também prestava auxílio aos mais necessitados. Foi médium inspirado, vidente, audiente, receitista, psicofônico, psicógrafo, de desdobramento e de bicorporeidade. Como médium receitista, psicograva prescrições do Espírito Bezerra de Menezes.

Em 31 de janeiro de 1907, criou o primeiro educandário brasileiro com orientação espírita, o Colégio Allan Kardec, onde os alunos recebiam aulas de Evangelho, e, ainda, instituiu um Curso de Astronomia.
Essa conversão custou à incompreensão de toda a cidade, chegando mesmo a ser processado, em 1917, processo esse, que foi arquivado por falta de pronunciamento competente.

Mesmo com essas dificuldades, ele executou um trabalho de fé e caridade gigantesco, em Sacramento. As farmácias, o Colégio Allan Kardec e o Grupo Espírita Esperança e Caridade foram apenas algumas das obras desse homem que foi chamado “O Apóstolo do Triângulo Mineiro”.
Desencarnou em Sacramento, no dia 1º de novembro de 1918, vitimado pela gripe espanhola, porém sua obra continua viva até hoje, não só em Sacramento, mas em todas as casas espíritas guiadas pelo seu nome.

Eurípedes Barsanulfo é mentor espiritual das reuniões de tratamento espiritual da quarta-feira na Feig.

(Fraternidade Espírita Irmão Glacus, http://www.feig.org.br/index.php/nstituicao/nossos-mentores/120-euripedes-barsanulfo)

Bittencourt Sampaio

Bittencourt_Sampaio

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio nasceu em Laranjeiras (SE) dia 11 de fevereiro de 1834 e desencarnou no Rio de Janeiro a 10 de outubro de 1895.

Foi jurisconsulto, magistrado, político, alto funcionário público, jornalista, literato, renomado poeta lírico e excelente médium espírita.

Militante na política, filiou-se ao partido liberal. Foi eleito deputado para a Assembléia Geral Legislativa nas legislaturas 1864-1866 e 1867-1870. Neste último período foi Presidente do Espírito Santo, nomeado por carta imperial.

Em 1870 abraçou as idéias republicanas. Com Saldanha da Gama, Quintino Bocaiúva e outros assinou o célebre manifesto de 03 de dezembro de 1870, importantíssimo documento histórico. Foi um dos fundadores do Partido Republicano.

Jornalista, colaborou em diversos órgãos de imprensa no Rio e em S. Paulo. Não só era reputado pelo brilho de seus artigos mas também grandemente respeitado pela elevação, sinceridade e firmeza com que sustentava e defendia os seus ideais.

Foi o primeiro administrador da biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

Autor de diversas obras em prosa e verso, foi considerado por Sylvio Romero e João Ribeiro o primeiro dos autores líricos brasileiros, logo depois de Gonçalves Dias.

Entre suas obras merece destaque “A Divina Epopéia de João Evangelista”. Trata-se de uma reprodução do Evangelho de João, em versos decassílabos, de rara beleza e grandiosidade.

Como espírita, desenvolveu sua mediunidade de receitista no “Grupo Confúcio”, no Rio de Janeiro.

Em 1876 fundou a “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”.

Antônio Luís Saião, convertido ao Espiritismo graças à mediunidade curadora de Bittencourt Sampaio, fundou o “Grupo Ismael”. Ali Bittencourt Sampaio recebeu belas e instrutivas mensagens de Espíritos Superiores.

Quando desencarnou José Bonifácio, o “Moço”, Bittencourt Sampaio dedicou-lhe os seguintes versos:

Sim! Ele entrou, de bênçãos radiantes,
Pelo portão de luz da eternidade,
Qual águia que dos céus na imensidade,
Livre revoa, tão de nós distante!

Depois de sua desencarnação, através do médium Frederico Júnior, Bittencourt Sampaio escreveu “Jesus perante a Cristandade”, “De Jesus para as Crianças” e “Do Calvário ao Apocalipse”.

No livro mediúnico “Voltei”, o Irmão Jacob, através do médium Francisco Cândido Xavier, revela que Bittencourt Sampaio colabora nos planos superiores da Espiritualidade, na supervisão do Espiritismo evangélico no Brasil.

Fonte: Livro “Personagens do Espiritismo”, de Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy – Edições FEESP.