Dever e Virtude (Reforma Íntima)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Dever e Virtude (Reforma Íntima)

A Virgem das Rochas
A Virgem das Rochas

1-Conceito de reforma íntima

Conhecimento de si mesmo: identificação de qualidades, defeitos, pontos fortes e fracos, virtudes, objetivos de vida;

Transformação: processo de melhoria, aperfeiçoamento, crescimento;

Auto-renovação: substituir hábitos e conceitos inferiores por outros, que nos edifiquem.

2-O porquê da reforma íntima

-Sophrosýne: sanidade moral. Autocontrole e moderação; prudência; “nada em excesso”;

-Conhecermos nossa destinação;

-Desenvolvimento intelectual e moral.

3-Quando iniciar a reforma íntima

-Momento pessoal: velhice ou meia-idade, não importa, cada um tem o seu momento de reforma;

-Interesses: podem nos mostrar a expressão de nossas características, desejos, tendências.

4-Onde se inicia a reforma íntima

-Durante a encarnação: por que o véu do esquecimento nos beneficia, facilitando a interação em grupo e dando-nos oportunidade de convivência saudável.

5-Como começa a reforma íntima

-O processo começa à medida que cada um toma conhecimento de si mesmo, mas isto é gradual, surge após entrarmos na caminhada rumo a nossa  melhoria.

-Conhecimento do destino: as intuições derivadas dos nossos registros inconscientes, como nossas reflexões diárias, podem nos propiciar este conhecimento.

-Identificação de maus hábitos, vícios e virtudes.

O início do processo de reforma pode ser:

-A auto-análise de cada um;

-Experiências do convívio e diálogo com os outros;

-O aprendizado efetuado através da dor;

-Reflexão sobre a sua condição (cidadão, mãe, pai, filho, profissional, voluntário, consumidor, líder etc.).

6-Roteiro

-Definir metas, um propósito de vida;

-Busque um foco, uma meta por vez;

-Deixe seus objetivos bem claros.

7-Dificuldades

Podem prejudicar o processo de reforma íntima, como: falta de vontade; falta de motivação; procrastinação; apego.

8-Origem dos vícios

-Padrões mentais;

-Necessidades corpóreas;

-Traços reencarnatórios;

-Influências: presentes ou pretéritas; mundo físico ou invisível.

9-Recursos para iniciar sua reforma íntima

-Auto-sugestão;

-Evitar situações de apego;

-Prece;

-Serviço ao próximo;

-Boas leituras, bons pensamentos;

-Controle mental.

10-O que transformar

Cada um deve refletir e indagar-se, não desistindo de se melhorar e cultivando bons sentimentos, valores e atitudes.

11-Prática

Pode-se praticar a reforma íntima fazendo auto-análise; refletindo diariamente sobre o que se fez, deixou de fazer, aprendeu; ou simplesmente anotando estes aspectos, como num diário de mudança e melhoria pessoal.

12-Exemplos

-Perceba se são recorrentes em você: o ódio, os sentimentos punitivos ou os impulsos capazes de te dominar.

13-Reflexão importante

Hoje, nós estamos melhores do que ontem. Amanhã, estaremos melhores do que hoje.

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.” (Paulo de Tarso)

Leitura complementar:

Somos chamados à decantada reforma íntima, abrangendo como pensamos, o que fazemos.

Se sabemos que:

-Não transitamos pela Terra em jornada de férias.

-Somos seres imortais que já vivíamos antes do berço e continuaremos a viver depois do túmulo.

-Aqui estamos com o objetivo primordial de evoluir, superando limitações e mazelas.

-É preciso vencer o egoísmo, o elemento gerador de todos os males humanos.

-Devemos nos harmonizar com as pessoas de nossa convivência, superando desentendimentos do passado ou do presente.

-A vivência das virtudes evangélicas constitui um exercício diário indispensável.

Se aprendemos tudo isso, dá para perceber que o Espiritismo não é mero passaporte para as bem-aventuranças, além-túmulo. Situa-se muito mais como um roteiro. (Richard Simonetti, “Bem passada!”, Revista Reformador, Novembro/2005)

4º Ano – Aula 24

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

A Nova Geração

A Transição da Terra

A Terra é um mundo de provas e expiações, por isso a população do planeta apresenta sintonia moral e vibratória com essas condições, aonde têm presença majoritária os Espíritos atrasados e ainda inclinados ao mal. Os bons, em menor número, são sufocados pelos demais. A evolução para mundo de regeneração passará pela renovação dos habitantes do planeta, ou seja, superioridade numérica dos Espíritos mais adiantados e propensos ao bem, dando condições a uma nova moral, afinada com princípios elevados.

A Geração Atual

A população da Terra ainda sinaliza atraso espiritual por sua revolta contra Deus, em sua propensão a paixões degradantes e sentimentos antifraternos como egoísmo, orgulho, inveja, ciúme. Seus vícios e apego material constituem laços fortes dos quais ainda não puderam se desvencilhar. Como purgação, grandes catástrofes podem ocorrer pelas necessidades destes seres e para viabilizar sua saída em massa da Terra.

Por incompatibilidade de moral e de padrão mental os Espíritos mais atrasados ou retardatários serão levados a encarnações compulsórias em outros mundos, menos adiantados e mais adequados a suas limitações e estágios evolutivos.

“Se é verdade que os Filhos da Terra, no esforço de sua própria evolução, teriam de passar dificuldades e padecimentos, próprios dos passos iniciais do aprendizado moral, dúvidas também não restam de que a Terra, de alguma forma, foi maleficiada com a descida dos degredados, que para aqui trouxeram novos e mais pesados compromissos a resgatar e nos quais seriam envolvidos também os habitantes primitivos.” (Edgard Armond,“Os Exilados da Capela”, c.10)

A Nova Geração

A nova geração terrestre, que promoverá a mudança moral planetária, agrega Espíritos progressistas e se caracteriza por renovada natureza moral, distinguindo-se por inteligência e razão precoces, aliados ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas.

“A substituição das raças não se faz por cortes súbitos e completos, mas, normalmente, por etapas, permanecendo sempre uma parcela, como remanescente histórico e etnográfico.” (Armond,  op.cit., c.16)

É a modificação nas disposições morais o traço fundamental que alavancará a evolução do planeta e da coletividade de seus seres.

LEITURA COMPLEMENTAR – “Um modesto escorço da História faz entrever os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Muita vez, o palco das civilizações foi modificado, sofrendo profundas renovações nos seus cenários, mas os atores são os mesmos, caminhando, nas lutas purificadoras, para a perfeição d’Aquele que é a Luz do princípio.

Nos primórdios da Humanidade, o homem terrestre foi naturalmente conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução do problema vital, mas houve um tempo em que a sua maioridade espiritual foi proclamada pela sabedoria da Grécia e pelas organizações romanas.

Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o mundo, de vez que o Evangelho seria a eterna mensagem do Céu, ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese da assimilação do homem espiritual, com respeito aos ensinamentos divinos. Mas a pureza do Cristianismo não conseguiu manter-se intacta, tão logo regressaram ao plano invisível os auxiliares do Senhor, reencarnados no globo terrestre para a glorificação dos tempos apostólicos. (…) O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.

No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível.(…)

Luzes consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.  Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências.

Todos somos os chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos do Escolhido.

Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo de suas sombras compactas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.” (F.C.Xavier, Emmanuel, “A Caminho da Luz”, c.25)

Bibliografia: Allan Kardec, “A Gênese”, c.18, it. 27 a 35.

4º ano – Aula 23

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

As Aristocracias

 

O Progresso da Humanidade

 

O progresso da humanidade se vai construindo de geração a geração. Ao longo da história, homem vai se afirmando diante dos desafios da natureza, das adversidades e divergências de entendimento.

No passado, as sociedades aceitavam o escravismo, hoje este é um crime torpe, combatido pelas nações e sistemas legais.

A marcha do progresso, coletivo e individual, é parte da irresistível escalada rumo à perfeição.

De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?

– Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, e fazendo os homens compreenderem onde está seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais encoberta pela dúvida, fará o homem compreender melhor que pode, desde agora, no presente, preparar seu futuro. Ao destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 799)

O Conceito de Aristocracia

Aristocracia vem do grego aristos, o melhor, aquele que se sobressai, e kratos, poder. Aristocracia, pois, em sua acepção literal, significa: poder dos melhores. Há-se de convir em que o sentido primitivo tem sido por vezes singularmente deturpado; mas, vejamos que influência o Espiritismo pode exercer na sua aplicação. (…)

Em nenhum tempo, nem no seio de nenhum povo, os homens, em sociedade, hão podido prescindir de chefes; com estes deparamos nas tribos mais selvagens. Decorre isto de que, em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte homens incapazes, que precisam ser dirigidos, homens fracos que reclamam proteção, paixões que exigem repressão.

Daí a necessidade imperiosa de uma autoridade.” (Kardec, Allan. “Obras Póstumas”, 1ª Parte, As Aristocracias, Brasília:Ed.FEB, tradução de Guillon Ribeiro, 2005)

Sociedade e diversidade de aptidões

Diz-nos Kardec que em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte:

-homens incapazes, que precisam ser dirigidos;

-homens fracos, que reclamam proteção;

-paixões, que exigem repressão.

A autoridade, ou seja, a necessidade de liderança social, investiu desse poder, sucessivamente:

1°) o ancião (patriarca), pela sua experiência;

2°) o chefe militar (autoridade da força bruta), pela sua força e inteligência;

3°) o descendente (aristocracia de nascimento, nobreza), pela sua herança filial.

A conservação do estado de força e privilégios foi feita através das leis, mas o tempo, com a consequente necessidade de busca de recursos para sobrevivência, fez com que os dominados se insurgissem contra os dominadores. É a evolução, princípio básico da lei divina. Entretanto, uma nova autoridade surgiu: o dinheiro, mas por pouco tempo, pois que para adquiri-lo é preciso inteligência, que nos nossos dias é a autoridade estabelecida, chamada pelos pensadores atuais de conhecimento.

A inteligência, por si só, não equilibra o homem. O bom uso das faculdades depende da moral, que também não pode ficar isolada. A união da inteligência com a moral representa a verdadeira autoridade.

Homens moralizados e instruídos implantarão o reino do bem na Terra. (Mario, Marcos Alberto de, “O educando na visão social espírita”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Maio/1997)(grifos nossos)

O papel da Doutrina Espírita

“Uma organização social que respeite as leis naturais deve realizar-se primeiramente pela educação dos indivíduos que compõem essa coletividade. Kardec aponta esse fato quando, ao analisar as aristocracias, afirma que o progresso pode determinar a redução considerável do comportamento vicioso, fazendo com que ele seja uma exceção, à medida que cada homem se eduque.

Em vários pontos dos ensinos espíritas, percebemos esse cuidado em destacar o caráter individualizante da proposta educadora da Doutrina. Não há, pois, a intenção de se criar um movimento à semelhança dos sistemas religiosos, que já se estabeleceram na Terra com base no Cristianismo, que atuavam pela criação de um padrão de comportamento e imposição dogmática desse padrão aos adeptos, forçando-os a uma atitude de religiosidade apenas aparente, que não resistia à pressão dos impulsos ainda existentes na intimidade dessas criaturas. A História mostra que a hipocrisia institucionalizada foi o resultado dessa ação.

A ação espírita será a de difusão do conhecimento, para que o desenvolvimento de uma nova forma de entender a vida possa criar uma nova maneira de estar no mundo. O progresso do conjunto resultará do crescimento de cada um. “(…) a vulgarização universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade.” (Souza, Dalva Silva, “O mundo em que vivemos”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Março/1997)

Uma nova ordem terrena, em que os bons suplantem em número aos maus, conduzirá os homens a outra realidade, com melhor uso de sua inteligência e extinção dos vícios, sejam eles físicos ou de caráter, abrindo-se o horizonte para tornar a Terra um mundo de regeneração.

Nós e César

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” – (Marcos, 12:17.)

Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal.

Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas.

Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas.

De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais.

É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence.

O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações.

Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas.

Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época.

Há decretos iníquos?

Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material.

Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio.

(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, “Pão Nosso”, it.102)

4º ano – aula 22

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Expiações Coletivas

1-As Expiações Coletivas e a Lei de Destruição

“Com frequência regular a Terra se faz visitada por catástrofes diversas que deixam rastros de sangue, luto e dor, em veemente convite à meditação dos homens.

Consequência natural da lei de destruição que enseja a renovação das formas e faculta a evolução dos seres, sempre conseguem produzir impactos, graças à força devastadora de que se revestem.(…)

Algumas outras calamidades como as pestes, os incêndios, os desastres de alto porte são resultantes do atraso moral e intelectual dos habitantes do planeta, que, no entanto, lhes constituem desafios, que de futuro podem remover ou deles precatar-se.(…)

Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros, antes significam justiça integral que se realiza.

Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos severos à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.” (Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis, “Após a Tempestade”,c.1)

2-Expiações Coletivas e Libertação Terrena

“Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam consigo as vítimas do acidente. Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa bruma, não pudera evitar o choque com os picos graníticos que se salientavam na montanha, silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva. (…)

Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de choque,  algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos  próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas,  gritavam desesperados. em crises de inconsciência.(…)

Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.

Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:

—O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que  tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação.

Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.

—Quantos dias? — clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.

—Depende do grau de animalização dos fluídos que que lhes retém o Espírito à atividade corpórea — respondeu-nos o mentor.

— Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias… Quem sabe?

Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte.

Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo carnal, propriamente considerado. E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que «morte física» não é o mesmo que «emancipação espiritual».(…)

—Todavia — reparou Hilário —, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?

Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:

—Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal, a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós.

A explicação não poderia ser mais clara.” (F.C.Xavier/André Luiz, “Ação e Reação”, c.18)

Leitura Complementar

Os tempos são chegados

Essa expressão é muito antiga. Para dar um exemplo meio recente, na Revista Espírita, traduzida por Julio Abreu Filho para a Editora Cultural Espírita – EDICEL – Ltda., Allan Kardec, no mês de outubro de 1866, página 289, já comentava sobre o assunto. Dizia ele:

“Os tempos marcados por Deus são chegados, dizem de todos os lados, nos quais grandes acontecimentos vão realizar-se para a regeneração da humanidade. Em que sentido devem ser entendidas essas palavras proféticas?”

“Para os incrédulos não têm qualquer importância. Aos seus olhos não passam de expressão de crença pueril, sem fundamento. Para o maior número de crentes tem algo de místico e sobrenatural que lhes parece o precursor do desmoronamento das leis da natureza. As duas interpretações são igualmente errôneas: a primeira porque implica a negação da Providência quando os fatos realizados provam a verdade dessas palavras; a segunda porque a expressão não anuncia a perturbação das leis da natureza, mas a sua realização.”

Allan Kardec nos diz ainda que em tudo há harmonia na obra da criação; este é o sentido mais racional.

Certas profecias equivocadamente interpretadas, ou analisadas de propósito para estabelecer confusão e vantagens pessoais, pregam datas, circunstâncias, etc., envolvendo o final dos tempos. Um planeta novo como o nosso ainda em processo de aprimoramento, que deve ser brevemente um planeta de regeneração, não pode acabar melancolicamente, implodindo-se. A mais recente predição é a deste ano de 2012, preconizado como data do fim do mundo! Mais uma tolice!

Acreditamos mesmo que Deus dará algum aviso prévio sobre como se desenrolarão os ciclos planetários? Avisou ele sobre a era glacial e sobre a extinção dos dinossauros? E caso houvesse confidenciado à humanidade as suas intenções, que poderia ela fazer para enfrentar o estabelecido pelas Leis Divinas?

O tempo material é diferente do espiritual, onde não há passado, presente ou futuro, porque tudo é simplesmente AGORA. Somente quando encarnados é que precisamos dos relógios e calendários para administrar nossa vida física. Temos a hora de dormir, de comer e de trabalhar e tudo deve ser feito comedida e equilibradamente.

Já que a Terra progride, como tudo o mais, à medida que ela melhora geologicamente é preciso que sua humanidade se aprimore moral e espiritualmente. Os tempos chegados para que haja uma seleção de seus habitantes, com expurgos e exílios, mas também com a chegada de espíritos mais evoluídos. Esse é o momento que está se instalando há muito tempo. Acontece todos os dias, sem dar-nos conta. Cada ser que desencarna e cada criança que chega ao planeta, acontecimentos naturais do cotidiano, são parte desse processo que identifica que o avanço dos tempos que são chegados.

Ninguém que seja equilibrado pode admitir que uma mudança desta grandeza possa operar-se de imediato. Como numa festa de ano novo em que abominamos o ano velho em 31 de dezembro para acreditar que tudo será diferente no dia 1o de janeiro. Mais uma das tantas ilusões que enganam os homens místicos e imprevidentes e beneficiam os oportunistas. Muita gente enriquece com tais balelas que chamam de profecias, simpatias, talismãs e semelhantes.

Não se negue que o mundo caminha acelerado na direção dos tempos chegados, apesar de fazê-lo quase que somente na área tecnológica. Quando a moral for do tamanho da ciência, o homem estará equilibrado e com suas duas asas completas, pronto para voar.

Com a chegada do Espiritismo, essa orientação deixou de ser restrita para abarcar toda a humanidade. Não muda apenas um país, um povo, uma raça, porque é um movimento universal que se opera no sentido do progresso moral. A humanidade, diz Allan Kardec, é um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada indivíduo. As partes compõem o todo.

Estamos vivendo um dos muitos momentos de transformação moral dos que sempre chegam a humanidade quando se faz necessário o seu crescimento. Não serve para os dias atuais a moral deturpada dos homens do passado. Nestes novos tempos todos os valores precisam ser revistos enérgica e corajosamente e só uma profunda reforma do homem poderá qualificá-lo a viver melhor nestes difíceis tempos do Apocalipse.

Sem perceber, os homens foram, ao longo do tempo, criando armas de autodestruição. E não são as bombas nucleares que nos causam mal; nem os tsunamis. São as armas de calibre moral. O culto ao corpo, a vaidade, os gastos descontrolados que levam o homem ao desequilíbrio e à desonestidade, à prepotência e à busca de privilégios sem que cada um se dê conta que nada tem de especial porque para Deus somos todos iguais. Sem mencionar a poluição química e a consequente destruição física.

Quanto mais o ser humano humilha o semelhante mais ele se enrola na corda da própria forca. Mais tarde implorará, como o Lázaro da parábola, para que o Senhor alerte seus descendentes para que não cometam os mesmo erros dele.

A quem mais é dado mais é pedido. Espíritas! Já que temos o privilégio do conhecimento ainda não alcançado pela maioria, façamos dele nosso roteiro de libertação e progresso. Já não podemos mais exigir privilégios materiais ou espirituais, recebendo na Terra as glórias que nos farão falta no céu. Não podemos mais ser prepotentes nem menosprezar o que sabe menos como se fôssemos pós-graduados em religião e moral. Não sejamos os fariseus do mundo moderno porque em vez de sermos chamados discípulos do Senhor não passaremos também de túmulos caiados.

Os tempos realmente são chegados; há muito tempo. Atualmente apenas se aceleraram. Importante, então, avaliar qual é o nosso comportamento para aproveitar as oportunidades desta transição da Terra na sua caminhada de transformação planetária de mundo expiatório para mundo de regeneração. Reencarnaremos por aqui quando o planeta já estará renovado ou seremos exilados repetindo-se o episódio de Capela? A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

Octávio Caúmo Serrano

(Revista Internacional de Espiritismo, Matão: Clarim, Junho/2012)

Bibliografia: Allan Kardec, “Obras Póstumas”, Primeira Parte, Questões e Problemas; “O Livro dos Espíritos”, questões nºs. 165 e 548; Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito, “Ação e Reação”, c.18; Divaldo P.Franco, médium, Joanna de Ângelis, Espírito, “Após a Tempestade”, c.1.

4º Ano – Aula 21 – Desafios da Vida II (Vícios Morais)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

1-Os bens materiais

A Doutrina Espírita não condena aqueles que visam os bens materiais,  nem mesmo a riqueza, sobretudo aquela originária do trabalho. O que nos adverte a Doutrina é a respeito da busca desenfreada de riqueza e bens, em detrimento do equilíbrio e do bom senso, transformando o indivíduo em escravo da matéria, alheio a sua utilização construtiva para si e aos outros.

2-Qualidades intelectuais

A busca de conhecimento científico é apreciável, pois concorre para o aprimoramento pessoal. O acúmulo de conhecimentos, tanto morais quanto intelectuais, constituem instrumentos para o trabalho do Espírito no caminho para sua perfeição.

Quanto mais aprendemos, mais podemos ser úteis a nossa melhoria e a dos outros.

3-Imperfeições humanas

O que caracteriza a imperfeição humana é o hábito da pessoa de voltar-se somente para suprir seus interesses pessoais, nutrindo em demasia o apego às coisas materiais. Estes aspectos retardam o crescimento do Espírito, condicionando-o ao intenso desfrute material e intensificando o seu egoísmo.

Podemos superar nossas imperfeições. Primeiro, precisamos desejar esta mudança, esforçando-nos e dando atenção aos outros, auxiliando-os de forma desinteressada.

4-Paixões

As paixões humanas não são propriamente males. O erro ligado às paixões, como também aos interesses materiais, refere-se aos excessos, isto é, aos abusos com que o homem se entrega a estes aspectos. Não se pode desmerecer que na busca por melhoria material ou na concretização de paixões pode o homem descortinar oportunidades para a obra do bem e o exercício da caridade.

5-Como cultivar o desinteresse?

Nutrir o desinteresse não significa dar as costas ao mundo e se entregar a uma vida em isolamento.

Uma vida útil e desinteressada é aquela em que cada um se esforça por fazer tanto bem quanto lhe for possível, utilizando adequadamente seus dons e recursos intelectuais e materiais.

6-Como aprender a ouvir o outro?

Para que possamos saber ouvir o outro é necessário sermos indulgentes em relação a seus defeitos. Ser indulgente é saber reconhecer primeiro os nossos defeitos antes de fazermos alguma crítica, pois muitas vezes o mal que condenamos nos outros é justamente o que identificamos em nós mesmos.

7-O verdadeiro espírita

“O Espiritismo não criou nenhuma moral nova. Ele facilita aos homens o entendimento e a prática da moral do Cristo, dando uma fé sólida e esclarecida ao que duvidam ou hesitam.

Muitos, no entanto, dos que crêem no fato das manifestações não compreendem suas consequências nem seu desdobramento moral, ou, se os compreendem, não os aplicam a si mesmos.” (…) “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más tendências.” (Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c.XVII, it.4)

www.blogespiritadoale.wordpress.com

4º Ano – Aula 20 – Desafios da Vida I (Vícios Físicos)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Hieronymus Bosch (1450-1516), detalhe de “A tentação de Santo Antonio”

1-Desregramentos considerados infrações às leis naturais:

-Crueldade;

-Suicídio direto;

-Suicídio indireto:

–Desprezo ao perigo (Imprudência; Irresponsabilidade);

–Excessos (Alimentação, Trabalho, Lazer, Sexo);

–Vícios (Jogo, Drogas).

2-Classificação das Drogas segundo L.Chaloult:

2.1-Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC): grupo de substâncias que diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique “desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas. Substâncias também chamadas de psicolépticas: Álcool; Inalantes/solventes; Ansiolíticos; Barbitúricos; Opiáceos (derivados do ópio, naturais ou sintetizados: Ópio, Pó de Ópio, Morfina, Codeína; Heroína; Zipeprol, Metadona).

2.2-Estimulantes da Atividade do SNC: grupo de substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique mais “ligada”, “elétrica”, sem sono. Substâncias também chamadas de psicoanalépticas, nooanalépticas, timolépticas: Cafeína; Nicotina; Anfetamina; Cocaína; metilenodioximetanfetamina (MDMA), mais conhecida por Ecstasy.

2.3-Perturbadores do SNC: modificam qualitativamente a atividade do cérebro, ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos. Tambem chamados de alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos, alucinantes: Anticolinérgicos – medicamentos; Anticolinérgicos – planta; Maconha (delta-9-tetrahidrocanabinol ou THC); Cacto (Lopophora williansi, peyote ou mescalina); Cogumelo (Psylocybe mexicana, Psylocibe cubensis, ou gênero Paneoulus); LSD-25 (Ácido Lisérgico). (www imesc.sp.gov.br e Revista do IMESC, nº3, 2001)

3-Tormentos provocados pelas drogas no Perispírito

“Às vezes, os órgãos genitais se deformam e em seu lugar formam-se enormes feridas que corroem.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Mãos Estendidas”, 1ªed., p.96)

“Às vezes, o perispírito se atrofia e regride a embrião.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Ninguém está sozinho”, 3ªed., p.154)

“A agulha da fatídica picada permanece irremovível na veia do desencarnado.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Os Miosótis Voltam a Florir”, 3ªed., p.39)

“O Vale dos Picos: um lugar sombrio e terrível onde agrupam-se os toxicômanos desencarnados emperdenidos (ainda sem assistência). O ‘Vale’ é comandado por uma entidade perversa, de grande poder sobre a mente dos toxicômanos, encarnados e desencarnados.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Na Esperança de Uma Nova Vida”, 2ªed.,p.62)

“A overdose provoca a desencarnação e é comparável a uma queda do décimo sexto andar de um edifício. O cordão fluídico que liga o perispírito ao corpo é estraçalhado; portanto, se o corpo físico sofre violência, mais ainda o Perispírito.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Consciência”, 1ªed.,p.103)

4-Como é a vida de um desencarnado toxicômano

Ao desencarnar, o Perispírito mantém integralmente as mesmas sensações experimentadas na jornada terrena.

Encontra no mundo espiritual inúmeros Espíritos, invariavelmente similares, em tendências, gostos, graus de evolução. Com eles conviverá.

O toxicômano, em particular, conviverá com desencarnados viciados. Verá que seu Perispírito (igual ao seu corpo físico), está depauperado, destrambelhado, cheirando mal, repleto de náuseas e mazelas – frio, fome, dor… Desgraçadamente, terá consciência desses tormentos, de maneira plena e permanente: não dorme, não desmaia… Fica vagando por regiões cinzentas, sem água, sem sol.

5-Vampirismo e drogas

O viciado, ao desencarnar, percebendo que agora tudo está mais difícil, pois além de não poder satisfazer a ânsia da droga, ainda está doente, fraco, faminto etc., mais do que nunca desejará as drogas.

Carente, e sem nenhuma proteção, ficará à mercê de legiões de malfeitores espirituais. Será sim, admitido nessas legiões, mas como elemento escravo, desprezível, inferior… Aprenderá, rápido, que só no plano material poderá dar vazão ao vício. Qual vampiro, poucas vezes sozinho – quase sempre em bando – acorrerá aos lares dos toxicômanos encarnados, aderindo aos mesmos, mente a mente, induzindo-os ao consumo das drogas, caso já não o estejam fazendo. Sem nenhuma reserva moral, em troca de alguma satisfação do vício, será submetido a uma série de perversidades. (Eurípedes Kühl, “Os tóxicos: duas viagens”, Belo Horizonte: Ed.Fonte Viva, 3ª ed., 1995, c.10)

6-Obsessão e drogas

Ninguém está só, seja no Bem ou no Mal: as leis da atração e da sintonia funcionam invariavelmente em ambas as situações.

O obsidiado é quase sempre um enfermo, acompanhado de uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano. O toxicômano raramente poderá ser excluído dessa categoria.

7-Cura dos toxicômanos

Tratamento que envolve acima de tudo o interesse da pessoa, mais o apoio familiar, além de acompanhamento médico, psicológico, psiquiátrico e terapêutica apropriada de desintoxicação.

8-Atuação da Casa Espírita em prol dos toxicômanos

A Casa Espírita pode contribuir como célula de apoio social, que ajuda a família a fortalecer-se frente ao desafio de dar suporte aos adictos e drogadictos.

O apoio pode ser realizado por orientadores e grupos de difusão do Evangelho, associados a campanhas de prevenção.

Conforme o quadro de trabalhadores, a Casa Espírita pode realizar visitas aos viciados para diálogo fraterno (no lar, nos hospitais ou nas clínicas).

Há a possibilidade de associação a outros credos religiosos, em campanhas educativas.

Criação de grupos de orientadores especializados na questão dos desencarnados toxicômanos.

Não nos esqueçamos que a vitória sobre o álcool e outras drogas envolve apoio da sociedade e o indispensável compromisso pessoal para superação do quadro vicioso.

9-O programa dos 12 passos

Criado em 1935 por William Griffith e Doutor “Bob” Smith, o “Programa dos Doze Passos” surgiu nos Estados Unidos,  inicialmente voltado para o tratamento de alcoolismo,  estendido posteriormente para todos os tipos de dependência química. Trata-se da estratégia central da maioria dos grupos de autoajuda para o tratamento das dependências químicas ou compulsões.

Os 12 Passos

Trata-se do programa criado por William Griffith e Dr. Bob Smith, em 1935, nos Estados Unidos, visando a princípio traçar um roteiro para o tratamento de alcoolatras. Suas diretrizes são as seguintes:

1-Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2-Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

3-Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

4-Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5-Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

6-Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

7-Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8-Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9-Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.

10-Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11-Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12-Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.

10-Os Vícios e suas Reparações Futuras

“Compassivos, os fluidos beneficentes que a seguir nos faziam assimilar – terapêutica divina – iriam, gradualmente, auxiliar-nos a corrigir as impressões de fome e de sede; a postergar a insana sensação de frio intenso, que num suicida resulta da gelidez cadavérica que ao perispírito se comunica; a atenuar os apetites e arrastamentos inconfessáveis, tais os vícios sexuais, o álcool, o fumo, cujas repercussões e efeitos produziam desequilíbrios chocantes em nossos sentidos espirituais, interceptando possibilidades de progresso na adaptação e impondo-nos humilhações singulares, por assinalar a ínfima categoria a que pertencíamos, na respeitável sociedade dos Espíritos que nos rodeavam. (…)

Excessivamente maculadas, deixavam à mostra, em sua configuração astral, os estigmas do vício a que se haviam entregado, alguns oferecendo mesmo a ideia de se acharem leprosos, ao passo que outros exalavam odores fétidos, repugnantes, como se a mistura do fumo, do álcool, dos entorpecentes, de que tanto abusaram, fermentassem exalações pútridas cujas repercussões contaminassem as próprias vibrações que, pesadas, viciadas, traduzissem o vírus que havia envenenado o corpo material! (…)

Os exemplos que apresento neste momento são irremediáveis na vida espiritual! Nada, aqui, poderá sanar as ferazes angústias que os oprimem, nem modificar a situação embaraçosa que para si mesmos entreteceram com as atitudes selvagens da incontinência, da imprevidência sacrílega em que acharam por bem se locupletarem, no livre curso aos vícios com que se diminuíram! Eles mesmos, unicamente eles, serão agentes de misericórdia para consigo próprios, já que voluntariamente se responsabilizaram pelos desvios de que se não quiseram furtar! Mas isto lhes custará desgostos, opressões e dores infinitamente amargosas, diante dos quais uma individualidade normal se quedaria estarrecida! Para que se convençam da situação própria, submetendo-se mais ou menos resignadamente às consequências futuras das passadas imprevidências, torna-se necessário da nossa parte, enquanto aqui se demorarem, trabalho árduo de catequese, aplicações incansáveis de terapêutica moral e fluídica especial, carinhosa assistência de irmãos investidos de sagrada responsabilidade.

Acontece frequentemente, no entanto, que muitos destes infelizes trazem a revolta no coração, a raiva impenitente pela desgraça de que se consideram vítimas e não responsáveis. Não se resignam à evidência do presente e, inconformados, partem a tomar novo envoltório terreno, agravando a situação própria com a má-vontade em que se entrincheiram, a insubmissão e a impaciência, acovardados ante a expectativa dos embates tormentosos da expiação irremediável!” (Yvonne A. Pereira, Camilo Castelo Branco, “Memórias de um Suicida”, c.3 e 5)

11-Prevenção contra as Drogas

“Existem muitas divergências sobre informação e prevenção, que devem ser avaliadas por quem deseja trabalhar com drogados. É desagradável para o viciado e para quem deseja ajudá-lo ouvir um milhão de palavras inúteis sobre repressão e ameaças. O que se deve fazer é levar a pessoa a se interessar por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo. A pessoa precisa conhecer o perigo que está enfrentando.

Quem a está ajudando não está fazendo isso apenas por fazer, mas sim porque é um conhecedor do assunto. Cabe explicar ao possível consumidor, ou já dependente, que o drogado carrega um estigma, por parte da comunidade, de difícil aceitação para a família.” Samita  (Irene Pacheco Machado, Luiz Sérgio, “Driblando a Dor”, ed.Recanto, 2002, 10ª ed., p.11)

“O jovem, quando busca o tóxico, o faz por alguma causa. Se buscarmos a origem encontraremos, primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros, lar desequilibrado, filhos negligenciados ou super-protegidos, quer dizer mimo ou desprezo. Ainda mais: dinheiro fácil, excesso de liberdade.” Carlos (Machado, op.cit., p.11)

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4º Ano – Aula 19 – Amparo Espiritual

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Objetivo: Levar o grupo a entender e esperar que apesar de nossos erros, todos somos amparados pela espiritualidade.

Bibliografia:

(*) F.C.Xavier/André Luiz, “Entre a Terra e o Céu”, cap. 34

(*) F.C.Xavier/André Luiz, “Missionários da Luz”, cap. 7

(*) F.C.Xavier/Emmanuel, “Seara dos Médiuns”, lição 34

(*) F.C.Xavier/André Luiz, “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 7

Entre a Terra e o Céu, c. 34

-Odila clama auxílio a Zulmira, enferma, Amaro, esposo, e Júlio, enteado recém-desencarnado. Zulmira, deprimida, carrega culpa pela morte acidental de Júlio.

Clarêncio, instrutor de André Luiz, aplica-lhe passes.

-Mário Silva, enfermeiro, também alimenta remorsos pelo desencarne de Júlio.

Duas freiras,  entidades de uma ordem  católica, iam até a casa de Mário orar por ele. Clarêncio, em apoio, aplicou passes em Mário, tranquilizando-o.

Missionários da Luz, c. 7

-Justina pede a Alexandre auxilio ao filho Antonio, adoentado e vítima dos próprios maus pensamentos.

Alexandre aconselhou Antonio, que, mesmo inconsciente, recebe seus conselhos. Em seguida, Alexandre ministrou tratamento de passes em áreas específicas da espinha dorsal, fígado e do córtex motor. O instrutor convocou o grupo do Irmão Francisco, uma equipe espiritual de auxílio. Recorreu-se também aos fluidos de Afonso, doados durante seu desdobramento no sono físico. Ocorreu, assim, reajustamento celular em Antonio.

Nos Domínios da Mediunidade, c. 7

Clementino auxilia o dirigente Raul Silva.

Frente aos Bons Espíritos, constituem méritos aspectos como moralidade, sentimento, educação e caráter.

O auxílio se estende a todos os trabalhadores, desde o dirigente e médiuns até os obreiros de sustentação.

Benfeitores desencarnados

Reunião pública de 12/12/60

Questão nº 267 – Parágrafo 17º

Perceberás, sem dificuldade, a presença deles.

Onde as vozes habituadas a escarnecer se mostram a ponto de condenar, eles falam a palavra da compaixão e do entendimento.

Onde as cruzes se destacam, massacrando ombros doridos, eles surgem, de Inesperado, por cireneus silenciosos, amparando os que caíram em desagrado e abandono.

Onde os problemas repontam, graves, prenunciando falência, eles semeiam a fé, cunhando valores novos de trabalho e esperança.

Onde as chagas se aprofundam, dilacerando corpo e alma, eles se convertem no remédio que sustenta a força e restaura a vida.

Onde o enxurro da ignorância cria a erosão do sofrimento, no solo do espírito, eles plantam a semente renovadora da elevação, regenerando o destino.

Onde os homens desistem de auxiliar, eles encontram vias diferentes de ação para a vitória do Amor Infinito.

Anseias pela convivência dos benfeitores desencarnados, com residência nos Planos Superiores, e tê-los-ás contigo, se quiseres.

Guarda, porém, a convicção de que todos eles são agentes do bem para todos e com todos, buscando agir através de todos em favor de todos.

Disse Jesus: “Quem me segue não anda em trevas.”

Se acompanhas os Bons Espíritos que, em tudo e por tudo, se revelam companheiros fiéis do Cristo, deixarás para sempre as sombras da retaguarda e avançarás para Deus, sob a glória da luz.

Essas outras mediunidades

Reunião pública de 29/4/60

Questão nº 185

Na expansão dos recursos medianímicos que te enriquecem a experiência, sob as diretrizes dos benfeitores desencarnados, não te despreocupes das faculdades edificantes, suscetíveis de te vincularem à elevação e à melhoria dos companheiros na Terra.

Pronuncias a palavra preciosa que os emissários da cultura e da inteligência te levam à boca, impressionando auditórios atentos.

Mas não negues o verbo da tolerância aos que te reclamam indulgência e carinho dentro de casa.

Doutrinas eficientemente os Espíritos transviados nas sombras da viciação e do crime, transmitindo conselhos e avisos da Esfera Superior.

Não recuses, porém, a conversação amorosa e paciente aos familiares ainda confinados à ignorância e à perturbação.

Escreves a frase escorreita, para entendimento do público, sob a influência de instrutores domiciliados no Plano Maior.

Grava, entretanto, no próprio caminho, a sinalização do bom exemplo, induzindo os semelhantes a que nobilitem a própria existência.

Contemplas quadros prodigiosos, através da clarividência, caindo em êxtase ante as alegrias sublimes que observas, por antecipação, na Glória Espiritual.

Não olvides, contudo, fitar as chagas dos que padecem, estendendo até eles migalha do teu conforto, por mensagem de auxilio.

Escutas vozes comovedoras do Grande Além, delas fazendo narrativas surpreendentes para os que te admiram as incursões no país do inabitual.

Busca, no entanto, ouvir as aflições dos irmãos sofredores, aprendendo a ser útil.

Estendes mãos fraternas, no passe balsamizante, em favor dos que te procuram, sedentos de alívio.

Não furtes, porém, os braços prestimosos ao trabalho de cooperação espontânea junto daqueles que o Senhor te confiou na intimidade doméstica.

Atende às faculdades múltiplas pelas quais se evidencie a bondade dos mensageiros divinos, mas não desdenhes essas outras mediunidades, tanta vez esquecidas, da renúncia e da paciência, da humildade e do serviço, da prudência e da lealdade, do devotamento e da correção, em que possas mostrar os teus préstimos diante daqueles que te partilham a luta, porque somente assim serás suporte firme da luz e chama da própria luz.

No diálogo de orientação

“Não se deve esquecer de que se trata de entidade sofredora, necessitada de amparo e orientação. Não é a força que age contra o Espírito, nem a elevação da voz, mas a intenção de ajudá-lo, o desejo sincero de fazê-lo melhorar e tornar-se nosso companheiro, porque essa disposição nos dá a autoridade moral sobre os espíritos inferiores. É importante que não falte em nossa mesa espírita o pão da prece e a luz do amor. Basta quase sempre uma só palavra de amor sincero para acalmar o espírito mais violento. O amor brota da compreensão humana, da nossa capacidade de nos colocarmos em pensamento no lugar e na situação da criatura que se encheu de ódio e violência em existências brutais em que o amor não floriu em seu coração.

Uma sessão espírita é um ato de amor. Não é uma cerimônia destinada à finalidade egoísta de nos livrar de espíritos-parasitas, por nós mesmos atraídos e alimentados, mas o objetivo de levar ajuda espiritual aos que padecem. O Espiritismo nos ensina, como ensinou Jesus, que somos todos irmãos e companheiros, criados por Deus para o mesmo destino de transcendência, de elevação espiritual.

Esse é o pensamento central da compreensão espírita e precisamos dar-lhe eficácia, traduzi-lo em ação.”

(J.Herculano Pires, “Mediunidade”)

Bibliografia: Francisco Cândido Xavier, médium, Emmanuel, Espírito, “Seara dos Médiuns”, c.30 e 90.

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4º ano – aula 07

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

 4º Ano – Aula 7 – Laboratório do Mundo Invisível

Objetivo:

Dotar os alunos de subsídios para melhor compreenderem e diferenciarem os vários tipos de fenômenos de efeito físico.

Tema: Ectoplasma.

Bibliografia:

Allan Kardec, “O Livro dos Médiuns” – cap. 8 (Laboratório do Mundo Invisível);

Allan Kardec, “A Gênese” – cap. 15 – itens 41, 44, 56 a 67;

(*) Hernani G. Andrade, “Espírito, Perispírito e Alma”, cap. 8;

(*) Zalmino Zimmermann, “Perispírito”,  cap. 11, pg. 282 a 291;

(*) F.C.Xavier, André Luiz. “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 28;

(*) Martins Peralva. “Estudando a Mediunidade”,  cap. XLII, XLIII e XLIV.

 Introdução

A partir do conteúdo estudado na última aula, procure refletir a respeito dos seguintes pontos:
1-O que você entende por fenômenos anímicos?
2-Qual a relação entre as faculdades mediúnicas e o animismo?
3-Quais foram os precursores no estudo do animismo?
4-Cite alguns exemplos de fenômenos anímicos.

1-Recordando os Fluidos

1-1-Fluidos: “Chamamos fluidos aos estados da matéria em que ela é mais rarefeita do que no estado conhecido sobre o nome de gás.”

 (Gabriel Delanne. “O Espiritismo Perante a Ciência”, Rio de Janeiro, FEB,1993, 2 ª ed., p.281)

1-2-Fluido Cósmico Universal (FCU): Matéria elementar, primitiva, forma tudo o que há de material no universo, desde os objetos mais sutis até os mais tangíveis e densos.

O fluído cósmico que liga a criação ao criador, é fonte inexaurível, sempre ao alcance de todas as criaturas. É nele que a nossa mente espiritual busca e encontra a quintessência energética de que se sustenta, e é a partir dele que elabora a matéria mental que expede através do pensamento, sob a forma do fluído mentomagnético.” (Hernani T. Sant’Anna, médium, Espírito Áureo.“Universo e Vida”, FEB, 1994, 4ª ed., c.5,p.102)

1-3-Fluido Vital (FV): É o responsável pela força motriz que movimenta os corpos vivos.

2-Manipulação dos Fluidos

Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento, como o ar o é do som.

Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. (Kardec, “A Gênese”, c. 14, it. 13 e 14)

3-Algumas Características dos Fluidos:

-Podem ser moldados pelo pensamento e pela vontade do Espírito;

-Podem variar entre o estado mais sutil e etéreo até o mais adensado e tangível;

-Combinam-se com a atmosfera e as características dos diferentes seres e mundos;

-Capacidade de transmitir vibrações, ondas, cargas elétricas etc.

4-Os Fluidos nas Manifestações Espirituais

-Fluidos Espirituais: Aqueles doados pelos Espíritos;

-Fluidos da Natureza: Fluidos encontrados no mundo, por exemplo, no orbe terrestre, em suas plantas, atmosfera, águas etc.;

-Fluidos do Médium: Fluidos com que a pessoa encarnada contribui para uma combinação fluídica e seus efeitos, durante o intercâmbio mediúnico.

5-Efeitos da Manipulação Fluídica:

-Vestuário dos Espíritos;

-Fenômeno de Voz Direta (Pneumafonia);

-Fenômeno de Escrita Direta (Pneumatografia);

-Formação Espontânea de Objetos Tangíveis;

-Modificação de Certas Propriedades da Matéria;

-Ação Magnética Curadora.

6-Ectoplasma e Materializações

Ectoplasma é o nome que se dá ao fluido, de natureza psicossomática, oriundo dos médiuns de materialização, e do qual se servem os Espíritos para tornar-se visíveis e tangíveis aos olhos e ao tato humanos. (Luciano dos Anjos, Hermínio C. Miranda, “Crônicas de Um e de Outro”, 1975, p. 254)

É matéria viva no seu estado mais indiferenciado, é notadamente sensível à ação do pensamento.(Jayme Cerviño, “Além do Inconsciente”, 1989, p. 182)

Substância incolor, ligeiramente vaporosa, fluida, sem cheiro, traços de detritos celulares e saliva.(Hermínio C. Miranda, “Reencarnação e Imortalidade”, 1991, p. 146)

No fenômeno da materialização, tão estudado pelo famoso físico inglês Willian Crookes e pelo prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, Charles Richet, os Espíritos tornam-se visíveis e palpáveis a todos os presentes à sessão de estudos. São percebidos e tocados em seus corpos espirituais. (…)

Embora a essência espiritual não tenha forma, pois é o princípio inteligente, os Espíritos possuem um corpo espiritual anatomicamente definido e com uma fisiologia própria da dimensão extrafísica.(…)

A energia cósmica universal ou fluído cósmico que banha ou permeia todo o universo é a matéria-prima que o comando mental dos Espíritos utiliza para a constituição dos objetos por eles manuseados. A este respeito, encontramos informações mais detalhadas reunidas por Kardec em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo – Do Laboratório do Mundo Invisível. (Ricardo di Bernardi, “Saúde e Anatomia do Corpo Espiritual” apud Portal do Espírito, www.espirito.com.br).

BIBLIOGRAFIA: Therezinha Oliveira, “Fluidos e Passes”, c.9; F.C.Xavier, André Luiz, “Nos Domínios da Mediunidade”, c.7.

4º ano – aula 06

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

4º Ano – Aula 6 – FACULDADES ANÍMICAS

Objetivo:

  • Informar ao aluno que todo o processo mediúnico apóia-se no sentido estrito do animismo (psiquismo) do médium, preparado para captar ou dar passagem ao pensamento do comunicante com possibilidade de sua interferência e explicar que fenômeno anímico, no sentido mais amplo, abrange todas as manifestações da alma, esclarecendo que os fenômenos anímicos e mediúnicos procedem de uma mesma causa: o espírito, diferenciando transe anímico do mediúnico.

Temas/ Bibliografia:

Animismo      e mediunidade:  fronteiras:   Allan Kardec, “O Livro dos Médiuns”,     cap. 24 – itens 224 e 225 e cap. 15 – itens 180 e 214;
Transe mediúnico e transe anímico: fronteira:      Divaldo P.Franco, “Mediunidade,  encontro com Divaldo”, MM Editora;
(*) F.C.Xavier, André Luiz, “Mecanismo da Mediunidade”, cap. 23;
(*) Zalmiro Zimmermann, “Perispírito”.

Introdução
A partir do conteúdo estudado a última aula, procure refletir a respeito dos seguintes pontos:
1-Como se dá a vidência?
2-Quais os tipos de médium vidente?
3-Toda ocorrência de vidência mediúnica é igual? Explique.
4-Qual é a importância da análise crítica das comunicações mediúnicas?

“Todas as percepções constituem atributos do Espírito e lhe são inerentes ao ser. Quando o reveste um corpo material, elas só lhe chegam pelo conduto dos órgãos. Deixam, porém, de estar localizadas, em se achando ele na condição de Espírito livre.” (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 249, item a.)

Os fenômenos anímicos e os espíritas

Segundo alguns autores, fenômenos espíritas seriam apenas os produzidos pêlos “mortos”; os produzidos pêlos “vivos” seriam os fenômenos anímicos.

Para Kardec, porém, “Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos de manifestação da alma ou Espírito, quer durante a encarnação, quer no estado de erraticidade”. (Allan Kardec, “A Gênese”, cap. XIII, item 9.)

Em princípio, pois, os fenômenos espíritas englobam todos os fenômenos produzidos por ação de um espírito, quer encarnado, quer desencarnado.

Ao serem classificados quanto ao seu agente, os fenômenos espíritas poderão ser denominados de:

Fenômeno mediúnico: o produzido por um espírito desencarnado, através do concurso de um médium.

Fenômeno anímico: o produzido pelo encarnado com suas próprias faculdades espirituais, sem o uso dos sentidos físicos, graças à expansão do seu perispírito.

Quanto maior o grau de expansão do perispírito, mais expressivo poderá ser o fenômeno anímico, pois o encarnado passará a desfrutar de maior liberdade em relação ao corpo, agindo mais como um espírito liberto.

O estudo dos fenômenos anímicos

Alexandre Aksakof (sábio russo, primeiro a empregar o termo animismo); Charles Richet (criador da Metapsíquica), catalogou os fenômenos anímicos, dando-lhes denominação especial; Ernesto Bozzano (que afirmou “O animismo prova o Espiritismo”, nas conclusões do seu livro “Animismo ou Espiritismo?”).

 

Exemplos de fenômenos anímicos

 

l) Telepatia: É a transmissão ou recepção de pensamento à distância.

Termo composto das palavras gregas pathos (impressão exercida sobre a alma) e tele (que traduz distância), portanto: impressão exercida sobre a alma à distância.

Foi proposto por Frederic Myers, em 1882, e adotado nos tra­balhos da Societyfor Psychical Research (Londres).

Fenômeno conhecido pela humanidade desde as épocas mais remotas, não há quem não o tenha experimentado, ocasionalmente.

Nos tempos modernos, os estudos a respeito da telepatia apareceram ligados ao magnetismo e ao hipnotismo, na França (a partir de 1825). Atualmente, a Parapsicologia a inclui entre os fenômenos “psigama”.

Como se explica que duas pessoas, perfeitamente acordadas, tenham instantaneamente a mesma idéia?

São dois espíritos simpáticos que se comunicam e vêem reciprocamente seus pensamentos respectivos, embora sem estarem adormecidos. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 421.)

A rigor, a telepatia está entre os fenômenos anímicos. De encarnado para encarnado. Mas, no meio espírita, o conceito está se estendendo para o intercâmbio com o Além.

“(…) realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco.” (F.C.Xavier/André Luiz, “Nos Domínios da Mediunidade”.)

Porém, se for com desencarnados, ou sob estímulo deles, o fenômeno será mediúnico.

2) Clarividência e clariaudiência: Visão e audição sem o concurso dos olhos ou dos ouvidos, mesmo à distância e mesmo através de corpos opacos.

3) Ação sobre a matéria: Capacidade de movimentar objetos ou modificar substâncias, sem contato aparente e mesmo à distância.

Em parapsicologia se denomina psicocinesia, com as variedades de telecinesia, pirocinesia e levitação.

Ex.: Nina Kulagina, Uri Geller, fenômenos de combustão espontânea.

4) Ideoplastia: Projeção de imagens e até sua “materialização”.

Ex.: Ted Serios – obtinha fotografia de formas de pensamentos; estaria conseguindo impressionar as chapas fotográficas. Dr. Jule Eisenbud, professor da Universidade do Colorado, relatou, no seu livro “The World of Ted Serios”, série de experiências feitas com esse sensitivo, nos laboratórios daquela Universidade.

5) Bicorporeidade: Perispírito, em desdobramento, se tornando visível e, às vezes, tangível, inclusive à distância do corpo físico.

6) Precognição e retrocognição: Conhecimento prévio ou posterior de acontecimentos sem a possibilidade de acesso material aos fatos pêlos sentidos comuns.

Todos estes fenômenos são anímicos, desde que na sua produção não intervenham de alguma maneira outros espíritos, só o do próprio encarnado.

 

Animismo e mediunidade

 Ao lado dos fenômenos mediúnicos, ocorrem também os fenômenos anímicos, muitas vezes produção inconsciente dos médiuns.

“(…) é extremamente importante reconhecer e estudar a existência e a atividade desse elemento inconsciente da nossa natureza, nas suas variadas e mais extraordinárias manifestações, como as vemos no Animismo”, alerta Aksakof.

Podemos isolar o animismo da mediunidade, no fenômeno mediúnico?

Dificilmente, porque:

1) São as próprias faculdades anímicas dos médiuns que os fazem instrumento para as manifestações dos espíritos.

2) Nem sempre podemos definir, com exatidão, quando o fenômeno está ou não sendo provocado ou coadjuvado por espíritos.

Dessa íntima relação entre Animismo e Espiritismo, diz Bozzano: “Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos supranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única e esta causa única é o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes durante a encarnação, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a existência desencarnada, determina os fenômenos espiríticos” (Leia-se, mediúnicos.)

 

BIBLIOGRAFIA: Thezinha Oliveira, “Mediunidade”.

Nina Kulagina


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Uri Geller
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