Espírito e personalidade

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(Reprodução)

 

A Personalidade

A personalidade, a maneira de ser de cada um, se desenvolve como uma soma de fatores:

 * Psicológicos

 * Hereditários

 * Ambientais

Através de dois processos:

 1. Maturação: é o processo natural de crescimento. Nesse processo, modificações espontâneas ocorrem como conseqüência do desenvolvimento (exemplo: crescimento físico).

2. Aprendizagem: resulta do relacionamento do individuo com seu ambiente, ou com outros ambientes. A aprendizagem se dá não só com relação a experiências intelectuais, mas engloba também o campo do temperamento e do caráter. É através da aprendizagem que o ser humano vai incorporando sabedoria.

Aspectos da Personalidade

1. Constituição da personalidade

Pode ser física (estática – tecidos, órgãos, etc.) ou fisiológica (funcionamento orgânico).

Devemos ressaltar que nessa fase do educando, a constituição encontra-se em crescimento.

2. Temperamento

É a maneira como se organizam as necessidades e emoções em cada pessoa.

Estudando sob o aspecto doutrinário, podemos dizer que o individuo herda de si mesmo as características conquistadas em vidas passadas. O ser humano, ao encarnar-se, não é como um papel em branco; traz de vidas anteriores as características do temperamento que, na presente encarnação sofre a influência dos fatores genéticos herdados de sua parentela terrestre e dos fatores ambientais.

O temperamento é o aspecto instintivo-emocional da personalidade e responde pelo sentir e agir humanos.

2. 1. Instintos

São as necessidades, impulsos, que levam a homem a por em ação sua energia. Se não existisse impulso não existiria ação. Instinto é o impulso cego que busca o prazer. Segundo “O Livro dos Espíritos”, questão nº. 73, o instinto é uma inteligência não racional e é por esse meio que todos os seres provêm as suas necessidades. Dentre os animais o homem é o que tem o maior número de instintos.

 

2.2. Emoções

São os dinamismos que levam o homem a sentir. Dentre os seres é o homem o que mais necessita e mais sente. As emoções podem ser divididas em:                             .

Destrutivas: relacionadas à dor. São os sentimentos de medo, raiva, ciúme, angústia, inveja, tédio, ansiedade, nervosismo.

Construtivas: relacionadas ao prazer. São os sentimentos de amor, alegria, entusiasmo, carinho, amizade, tranqüilidade.

Voltando aos instintos, vejamos como se manifestam na infância:

 Afeto

1a. Fase (0 a 6 anos)

Fase captativa (egocentrismo): a criança se vê como centro do universo. Demonstra afeto pelo tato.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Fase captativa-oblativa: a criança busca ainda receber, mas já começa a ver que os outros existem.

Segurança

1a. Fase (0 a 6 anos)

Fase hetero-segurança: a sua segurança está centrada fora de si, no adulto conhecido. Por isso a necessidade de ser sempre a mesma a cuidar dela.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Fase ainda de hetero-segurança: já suporta bem a distância por várias horas. É por isso que aceita a escola.

Lúdica

1a. Fase (0 a 6 anos)

A criança tem “fome” de brincar.

Tem muita necessidade de mexer, tocar em tudo com todos os seus membros. Os valores dos objetos diferem dos do adulto. Brincar é a fonte de crescimento emocional e social das crianças. Promove a relação entre o que é pessoal (realidade interior) e o que é do grupo (realidade exterior). O movimento é fundamental nas brincadeiras da criança.

2a. Fase (6 a 11 anos)

A criança necessita de 4 horas para estudo, 8 horas para lazer e 12 horas para dormir.

O brincar ainda é prioridade nesta fase. O exercício físico é fundamental.

Outros jogos (jogos de armar, músicas, modelagem) são importantes.

Social

1a. Fase (0 a 6 anos)

A socialização é uma exigência natural do homem. O homem tem necessidade disso. O bebê marca com um sorriso sua entrada na vida social. É através do brinquedo que ocorre a socialização da criança. A partir de um ano ela reclama um companheiro; no entanto não forma grupo – seu interesse maior é o objeto (brinquedo).

2a. Fase (6 a 11 anos) 

A necessidade social amadurece dando condições a formação de grupos. Nasce a consciência grupal, assume os compromissos e aprende a respeitá-los. Já obedece regras.

A educação se dá através de exemplos e com muito diálogo e compreensão.

Liberdade

1a. Fase (0 a 6 anos)

Necessidade de ser dono de si. A criança necessita de liberdade para desenvolver sua criatividade. Seu espaço e iniciativa devem ser respeitados pelos adultos, é claro com limites.

2a. Fase (6 a 11 anos)

ldem.

Sexual

1a. Fase (0 a 6 anos)

A curiosidade predomina. A descoberta e manipulação dos órgãos sexuais são passageiras.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Tem curiosidades, mas a idade já permite esclarecimentos. Dar as explicações que forem solicitadas de maneira clara de acordo com o entendimento.

3. Inteligência

É o terceiro aspecto da personalidade. É o dinamismo que leva o homem a conhecer (aspecto cognitivo da personalidade). E através da inteligência que o homem se abre para si próprio e para tudo o que existe.

São várias as funções da inteligência:

3.1. Compreender

Compreender através da percepção:

Percepção

1a. Fase (0 a 6 anos)

Estudos mostram que a partir do 5º mês de gestação o feto já reage aos estímulos exteriores. Nessa fase (sensório-motriz) a criança só conhece o que lhe chega através dos sentidos: conhecimento concreto.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Já há a percepção global;maior maturidade. Percebe o todo e certas partes que se destacam do conjunto.

3.1.2. Compreender através do Pensamento e Intuição (conhecimento que não é através dos sentidos – supra sensíveis):

Pensamento e Intuição

1a. Fase (0 a 6 anos)

O pensamento é concreto, baseado em elementos que a criança conhece. Muitas coisas que são erradas para o adulto são certas para a criança (Ex. Bola é igual ao relógio porque ambos são redondos. O pensamento infantil é crédulo (mamãe disse), é imediatista (tudo agora) – dai a importância do castigo/repreensão imediatos (não vale quando o papai chegar)

2a. Fase (6 a 11 anos)

O pensamento já é mais abstrato, mas suas deduções ainda são imperfeitas. O raciocínio ainda está preso mais no concreto que no abstrato. Seu pensamento continua crédulo (pais e professores não mentem). Já tem noções de tempo, mas ainda não o relaciona com a organização de suas tarefas (tem que ser dirigido pelos pais).

3.1.3 Compreender através da introspecção: é a função da inteligência que leva o indivíduo ao conhecimento de si mesmo:

lntrospecção.

1a. Fase (0 a 6 anos)

A criança é incapaz de auto-análise. Não consegue responder à pergunta: “De quem você gosta mais, da mamãe ou do papai?”.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Começa a fazer uma auto-análise, porém de uma forma muito simples.

3.2. Imaginação

Trata-se da representação, da construção de imagens sensíveis.

Imaginação

1a. Fase (0 a 6 anos)

Nessa fase confunde a fantasia com a realidade, surgindo o que o adulto classifica como “mentiras”

2a. Fase (6 a 11 anos)

A imaginação é rica e utiliza-se de elementos abstratos.

3.3. Memória

Guarda dados.

Memória

1a- Fase (0 a 6 anos)

Desde os primeiros meses a criança é capaz e memoriza somente os elementos concretos.

2a. Fase (6 a 11 anos) 

Retém com facilidade, mas esquece com rapidez se não estiver motivada.

3.4. Atenção

É a capacidade de concentração.

Atenção

1a. Fase (0 a 6 anos)

Desde os primeiros meses a atenção da criança é momentânea. Aos 5 ou 6 anos começa a se ater no que está interessada

2a. Fase (6 a 11 anos) 

Já se concentra por períodos maiores, mas também enquanto durar seu interesse.

3.4. Consciência Moral (julgar)

 E a capacidade de discernir entre o certo e o errado, de julgar, de estabelecer uma escala de valores funcione como referência.

1a. Fase (0 a 6 anos)

A criança não é capaz de um julgamento moral. Certo ou errado para ela é o que os pais proíbem ou não. Deve haver, por parte dos pais, regras estabelecidas e coerentes para uma formação positiva dos filhos.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Começa a existir uma tentativa de julgamentos moral. É nessa fase que ocorre a formação ética da criança. Os pais devem aproveitar os fatos para bem educar (cenas de heroísmo, falta de coleguismo, roubo de material escolar, etc.)

3.6. Linguagem

É a expressão falada da inteligência.

Linguagem

1a. Fase (0 a 6 anos)

É pouco desenvolvida; está em fase de aprendizagem. A criança fala com o todo.

2a. Fase (6 a 11 anos)

A criança já escolhe seus meios de expressão, pois já se encontra mais desenvolvida.

Recapitulando, vimos acima que a inteligência é formada por:

* Imaginação;

* Memória;

* Atenção;

* Consciência Moral;

* Linguagem.

4. Caráter

É a personalidade em seu aspecto volitivo – o que vai dar direcionamento ás ações (volitivo relaciona-se com vontade). E a direção racional imprimida ao temperamento. O caráter dirige de acordo com que a inteligência julga.

Vontade é o dinamismo responsável pela direção racional da personalidade.

São quatro os dinamismos que regem a personalidade:

O ser humano:                                                                                                          .

  1. “age” pelos instintos (necessidades e impulsos);
  2. “sente” pelas emoções;
  3. “conhece” pela inteligência;
  4. “dirige-se” pela vontade.

A direção da vontade é racional e depende de cada ser e a cultura na qual está inserido. Portanto o caráter é o aspecto da personalidade que permite uma direção de si mesmo e diferencia o homem dos animais; assim o homem não é arrastado por impulsos; o homem escolhe e age conforme sua escolha.

Caráter

1a. Fase (0 a 6 anos)

A vontade é regida pelos valores dos pais.

2a. Fase (6 a 11 anos)

Começa a amadurecer o caráter. Distingue o certo do errado em algumas áreas, mas não tem força para agir em conseqüência (por exemplo, sabe que brigar é errado, mas continua brigando). Isto ocorre porque não foi atingido o nível de maturidade que lhe permita agir conforme o saber.

(LAR DO CAMINHO. Estudos da Família à Luz do Espiritismo: A Família no Mundo Atual. Campos do Jordão, setembro/2000 apud CVDEE, internet: www.cvdee.org.br)

Família

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(Reprodução)

O que é família?

O homem é um ser que nasceu para viver em sociedade. Não se tem notícia de uma sociedade que tenha vivido á margem de alguma noção de família. Todo mundo tem, ou já teve, uma família.

Portanto, a família é uma entidade óbvia para todos. No entanto, para qualquer pessoa, é difícil definir esta palavra e, mais exatamente, o conceito que ela engloba.

Família pode ser definida como “pessoas aparentadas que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe, os filhos, ou ainda pessoas do mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidas por adoção.

O termo “família” origina-se do latim “famulus”, cujo significado é “conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor”. Entre os chamados “dependentes” inclui-se a esposa e os filhos. Assim, a família greco-romana compunha-se de um patriarca e seus “famuli”: esposa, filhos, servos livres e escravos.

Atualmente os tipos de família ainda variam muito, conforme os costumes, condições sócio-econômicas, tradições dos povos. Para nós, do mundo ocidental, a forma mais conhecida e valorizada é a família “nuclear”. Este é o modelo que, desde criança, vemos nos livros, nas escolas, nos cinemas, na televisão, etc. e que assimilamos mesmo que em nossa casa vivamos em esquema diferente.

Crise da família:

Quantas vezes não se ouvem referências à “crise” porque estaria passando a família em nossos dias? Em 1932 Aldous Huxley, escritor inglês, lançava seu mais famoso livro: “O Admirável Mundo Novo”… uma visão pessimista do futuro da humanidade, em que imaginava uma sociedade onde a família estaria abolida. Isso deveria ocorrer até o fim deste século.

Aldous Huxley

Nessa “admirável” loucura a mulher não mais daria á luz; os filhos nasceriam em incubadeiras altamente sofisticadas – madres artificiais. Ninguém teria pai nem mãe.

Seria considerado subversão falar-se do assunto família. Exercitar-se-ia o sexo sem compromisso, heterogeneamente. Cada individuo cuidaria da sua vida, sem deveres com ninguém a não ser com o Estado.

A partir dos anos 50, com o rompimento de tabus relacionados com o sexo e o advento do “amor livre”, muita gente imaginou que a humanidade estivesse a caminho de uma sociedade desta natureza. No entanto, mais de três décadas passaram e, embora o casamento seja questionado, a família está muito longe de extinguir-se e jamais o será.

Ela se perpetua muito menos subordinada a modismos sociais e muito mais em decorrência dos desígnios de Deus. Apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, a família manifesta até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e, porque não dizê-lo, de    adaptação, uma vez que ela tem sobrevivido sob múltiplas formas através dos tempos.

O homem é um ser que nasce para não viver só; busca no casamento um meio pelo qual se dará o processo de socialização com maior intensidade.

Dentro do condicionamento de nossa realidade humana, procuram homem e mulher, antes de tudo, a felicidade pessoal que anteviram nos enlevos do namoro e nos compromissos do noivado.

Ao se unirem, um homem e uma mulher defrontam-se com suas emoções. Permutam experiências afetivas no campo do sexo, buscando no prazer a canalização das energias criativas represadas; relacionam-se nas idéias a nível intelectual e de sensibilidade.

Convergem, mesmo que temporariamente, ansiedades, desejos e aspirações para um ponto de encontro, tentando desenvolver atividades conjugadas e se ajustarem mutuamente.

Esse homem e essa mulher não são unidades isoladas no mundo. Pertencem a uma sociedade, provêm, por sua vez, de famílias. Integram um ciclo humano, profissional e religioso. Absorveram idéias, refletem sentimentos, posições, entendimento diversificado.

No relacionamento humano e espiritual, defrontamos com forças a reagirem constantemente, desencadeando interações emocionais por onde as cargas de energias emocionais se ajustam, multiplicando emoções agradáveis, compensatórias ou se atritam, estabelecendo conflitos.

Observamos que, apesar dos conflitos, a família é “única” em seu papel determinante no desenvolvimento da sociabilidade, da afetividade e do bem-estar físico dos indivíduos, sobretudo durante o período da infância e da adolescência. Ninguém nessas fases pode se sentir feliz se lhe faltar a referência familiar. Assim a família mais do que um fenômeno natural passou a ser uma instituição social variando através da história e apresentando formas e até finalidades diversas.

Em tese homem e mulher reencontram-se para desenvolver um trabalho especifico no relacionamento emotivo, na criação de uma família, dando oportunidade à reencarnação de Espíritos afins ou não, que irão receber suas influências. O conjunto assim formado passará a ligar-se por profundos condicionamentos afetivos e laços psíquicos a exprimirem sua concepção familiar.

Entretanto, em qualquer enfoque, antropológico ou religioso, a família é a “oficina do convívio”.

Uma visão panorâmica dos núcleos familiares, sob o ponto de vista de sua operacionalidade, mostra uma quantidade infindável de contrastes que caracterizam o grau de moralidade, intelectualidade e aspirações que determinam suas existências.

(LAR DO CAMINHO. Estudos da Família à Luz do Espiritismo: A Família no Mundo Atual. Campos do Jordão, setembro/2000 apud CVDEE, internet: www.cvdee.org.br)

Sobre Ensino Religioso

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(Reprodução)

ENSINO RELIGIOSO
Devemos ter um currículo específico de Educação religiosa nas Escolas? Ou cabe à família conduzir seus filhos no caminho dos valores religiosos? Se essa tarefa cabe à Escola, como atender às diferentes crenças numa mesma instituição?

A função primordial e específica da Escola é oferecer equipamentos próprios para o desnvolvimento intecto-moral do educando, recorrendo aos métodos psicopedagógicos mais compatíveis com a faixa etária e o desnvolvimento mental do mesmo.

Essencialmente leiga, a Escola deve primar pela inteireza moral dos seus mestres, que constituem modelos vivos para os alunos, jamais estabelecendo currículos de orientação religiosa, o que viria a contituir uma agressão aos direitos das doutrinas minoritárias, que teriam dificuldades em proporcionar educadortes especializados para que ministrem em todos os educandários os princípios que lhes constituem as bases. Ademais, o tempo aplicado em programa religioso seria retirado do horário que deve ser preenchido com as atividades pertinentes ao currículo leigo.

À família cabe, aliás, não somente a tarefa de condução dos filhos à religião que os seus pais professam, senão, também, e principalmente, da educação em geral, constituindo-se suporte-exemplo para o trabalho complementar da Escola que, além de instruir, amplia o seu labor com os recursos da educação no sentido mais amplo.
Toda tentativa de levar orientação religiosa à Escola, a fim de que ministre cursos doutrinários, constitui ameaça à liberdade do aluno, gerando-lhe constrangimento, quando não lhe impondo, em razão da intolerância que predomina em a natureza humana, atitudes imcompatíveis com seu desenvolvimeto moral.”

(Divaldo P. Franco, médium, Vianna de Carvalho, Espírito, in Atualidade do Pensamento Espírita, Salvador: Ed. LEAL, item 117)

(Colaboração de Rosselito Magalhães, CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, www.cvdee.org.br)

Dever e Virtude (Reforma Íntima)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Dever e Virtude (Reforma Íntima)

A Virgem das Rochas
A Virgem das Rochas

1-Conceito de reforma íntima

Conhecimento de si mesmo: identificação de qualidades, defeitos, pontos fortes e fracos, virtudes, objetivos de vida;

Transformação: processo de melhoria, aperfeiçoamento, crescimento;

Auto-renovação: substituir hábitos e conceitos inferiores por outros, que nos edifiquem.

2-O porquê da reforma íntima

-Sophrosýne: sanidade moral. Autocontrole e moderação; prudência; “nada em excesso”;

-Conhecermos nossa destinação;

-Desenvolvimento intelectual e moral.

3-Quando iniciar a reforma íntima

-Momento pessoal: velhice ou meia-idade, não importa, cada um tem o seu momento de reforma;

-Interesses: podem nos mostrar a expressão de nossas características, desejos, tendências.

4-Onde se inicia a reforma íntima

-Durante a encarnação: por que o véu do esquecimento nos beneficia, facilitando a interação em grupo e dando-nos oportunidade de convivência saudável.

5-Como começa a reforma íntima

-O processo começa à medida que cada um toma conhecimento de si mesmo, mas isto é gradual, surge após entrarmos na caminhada rumo a nossa  melhoria.

-Conhecimento do destino: as intuições derivadas dos nossos registros inconscientes, como nossas reflexões diárias, podem nos propiciar este conhecimento.

-Identificação de maus hábitos, vícios e virtudes.

O início do processo de reforma pode ser:

-A auto-análise de cada um;

-Experiências do convívio e diálogo com os outros;

-O aprendizado efetuado através da dor;

-Reflexão sobre a sua condição (cidadão, mãe, pai, filho, profissional, voluntário, consumidor, líder etc.).

6-Roteiro

-Definir metas, um propósito de vida;

-Busque um foco, uma meta por vez;

-Deixe seus objetivos bem claros.

7-Dificuldades

Podem prejudicar o processo de reforma íntima, como: falta de vontade; falta de motivação; procrastinação; apego.

8-Origem dos vícios

-Padrões mentais;

-Necessidades corpóreas;

-Traços reencarnatórios;

-Influências: presentes ou pretéritas; mundo físico ou invisível.

9-Recursos para iniciar sua reforma íntima

-Auto-sugestão;

-Evitar situações de apego;

-Prece;

-Serviço ao próximo;

-Boas leituras, bons pensamentos;

-Controle mental.

10-O que transformar

Cada um deve refletir e indagar-se, não desistindo de se melhorar e cultivando bons sentimentos, valores e atitudes.

11-Prática

Pode-se praticar a reforma íntima fazendo auto-análise; refletindo diariamente sobre o que se fez, deixou de fazer, aprendeu; ou simplesmente anotando estes aspectos, como num diário de mudança e melhoria pessoal.

12-Exemplos

-Perceba se são recorrentes em você: o ódio, os sentimentos punitivos ou os impulsos capazes de te dominar.

13-Reflexão importante

Hoje, nós estamos melhores do que ontem. Amanhã, estaremos melhores do que hoje.

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.” (Paulo de Tarso)

Leitura complementar:

Somos chamados à decantada reforma íntima, abrangendo como pensamos, o que fazemos.

Se sabemos que:

-Não transitamos pela Terra em jornada de férias.

-Somos seres imortais que já vivíamos antes do berço e continuaremos a viver depois do túmulo.

-Aqui estamos com o objetivo primordial de evoluir, superando limitações e mazelas.

-É preciso vencer o egoísmo, o elemento gerador de todos os males humanos.

-Devemos nos harmonizar com as pessoas de nossa convivência, superando desentendimentos do passado ou do presente.

-A vivência das virtudes evangélicas constitui um exercício diário indispensável.

Se aprendemos tudo isso, dá para perceber que o Espiritismo não é mero passaporte para as bem-aventuranças, além-túmulo. Situa-se muito mais como um roteiro. (Richard Simonetti, “Bem passada!”, Revista Reformador, Novembro/2005)

4º Ano – Aula 24

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

A Nova Geração

A Transição da Terra

A Terra é um mundo de provas e expiações, por isso a população do planeta apresenta sintonia moral e vibratória com essas condições, aonde têm presença majoritária os Espíritos atrasados e ainda inclinados ao mal. Os bons, em menor número, são sufocados pelos demais. A evolução para mundo de regeneração passará pela renovação dos habitantes do planeta, ou seja, superioridade numérica dos Espíritos mais adiantados e propensos ao bem, dando condições a uma nova moral, afinada com princípios elevados.

A Geração Atual

A população da Terra ainda sinaliza atraso espiritual por sua revolta contra Deus, em sua propensão a paixões degradantes e sentimentos antifraternos como egoísmo, orgulho, inveja, ciúme. Seus vícios e apego material constituem laços fortes dos quais ainda não puderam se desvencilhar. Como purgação, grandes catástrofes podem ocorrer pelas necessidades destes seres e para viabilizar sua saída em massa da Terra.

Por incompatibilidade de moral e de padrão mental os Espíritos mais atrasados ou retardatários serão levados a encarnações compulsórias em outros mundos, menos adiantados e mais adequados a suas limitações e estágios evolutivos.

“Se é verdade que os Filhos da Terra, no esforço de sua própria evolução, teriam de passar dificuldades e padecimentos, próprios dos passos iniciais do aprendizado moral, dúvidas também não restam de que a Terra, de alguma forma, foi maleficiada com a descida dos degredados, que para aqui trouxeram novos e mais pesados compromissos a resgatar e nos quais seriam envolvidos também os habitantes primitivos.” (Edgard Armond,“Os Exilados da Capela”, c.10)

A Nova Geração

A nova geração terrestre, que promoverá a mudança moral planetária, agrega Espíritos progressistas e se caracteriza por renovada natureza moral, distinguindo-se por inteligência e razão precoces, aliados ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas.

“A substituição das raças não se faz por cortes súbitos e completos, mas, normalmente, por etapas, permanecendo sempre uma parcela, como remanescente histórico e etnográfico.” (Armond,  op.cit., c.16)

É a modificação nas disposições morais o traço fundamental que alavancará a evolução do planeta e da coletividade de seus seres.

LEITURA COMPLEMENTAR – “Um modesto escorço da História faz entrever os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Muita vez, o palco das civilizações foi modificado, sofrendo profundas renovações nos seus cenários, mas os atores são os mesmos, caminhando, nas lutas purificadoras, para a perfeição d’Aquele que é a Luz do princípio.

Nos primórdios da Humanidade, o homem terrestre foi naturalmente conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução do problema vital, mas houve um tempo em que a sua maioridade espiritual foi proclamada pela sabedoria da Grécia e pelas organizações romanas.

Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o mundo, de vez que o Evangelho seria a eterna mensagem do Céu, ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese da assimilação do homem espiritual, com respeito aos ensinamentos divinos. Mas a pureza do Cristianismo não conseguiu manter-se intacta, tão logo regressaram ao plano invisível os auxiliares do Senhor, reencarnados no globo terrestre para a glorificação dos tempos apostólicos. (…) O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.

No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível.(…)

Luzes consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.  Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências.

Todos somos os chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos do Escolhido.

Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo de suas sombras compactas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.” (F.C.Xavier, Emmanuel, “A Caminho da Luz”, c.25)

Bibliografia: Allan Kardec, “A Gênese”, c.18, it. 27 a 35.

4º ano – Aula 23

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

As Aristocracias

 

O Progresso da Humanidade

 

O progresso da humanidade se vai construindo de geração a geração. Ao longo da história, homem vai se afirmando diante dos desafios da natureza, das adversidades e divergências de entendimento.

No passado, as sociedades aceitavam o escravismo, hoje este é um crime torpe, combatido pelas nações e sistemas legais.

A marcha do progresso, coletivo e individual, é parte da irresistível escalada rumo à perfeição.

De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?

– Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, e fazendo os homens compreenderem onde está seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais encoberta pela dúvida, fará o homem compreender melhor que pode, desde agora, no presente, preparar seu futuro. Ao destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 799)

O Conceito de Aristocracia

Aristocracia vem do grego aristos, o melhor, aquele que se sobressai, e kratos, poder. Aristocracia, pois, em sua acepção literal, significa: poder dos melhores. Há-se de convir em que o sentido primitivo tem sido por vezes singularmente deturpado; mas, vejamos que influência o Espiritismo pode exercer na sua aplicação. (…)

Em nenhum tempo, nem no seio de nenhum povo, os homens, em sociedade, hão podido prescindir de chefes; com estes deparamos nas tribos mais selvagens. Decorre isto de que, em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte homens incapazes, que precisam ser dirigidos, homens fracos que reclamam proteção, paixões que exigem repressão.

Daí a necessidade imperiosa de uma autoridade.” (Kardec, Allan. “Obras Póstumas”, 1ª Parte, As Aristocracias, Brasília:Ed.FEB, tradução de Guillon Ribeiro, 2005)

Sociedade e diversidade de aptidões

Diz-nos Kardec que em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte:

-homens incapazes, que precisam ser dirigidos;

-homens fracos, que reclamam proteção;

-paixões, que exigem repressão.

A autoridade, ou seja, a necessidade de liderança social, investiu desse poder, sucessivamente:

1°) o ancião (patriarca), pela sua experiência;

2°) o chefe militar (autoridade da força bruta), pela sua força e inteligência;

3°) o descendente (aristocracia de nascimento, nobreza), pela sua herança filial.

A conservação do estado de força e privilégios foi feita através das leis, mas o tempo, com a consequente necessidade de busca de recursos para sobrevivência, fez com que os dominados se insurgissem contra os dominadores. É a evolução, princípio básico da lei divina. Entretanto, uma nova autoridade surgiu: o dinheiro, mas por pouco tempo, pois que para adquiri-lo é preciso inteligência, que nos nossos dias é a autoridade estabelecida, chamada pelos pensadores atuais de conhecimento.

A inteligência, por si só, não equilibra o homem. O bom uso das faculdades depende da moral, que também não pode ficar isolada. A união da inteligência com a moral representa a verdadeira autoridade.

Homens moralizados e instruídos implantarão o reino do bem na Terra. (Mario, Marcos Alberto de, “O educando na visão social espírita”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Maio/1997)(grifos nossos)

O papel da Doutrina Espírita

“Uma organização social que respeite as leis naturais deve realizar-se primeiramente pela educação dos indivíduos que compõem essa coletividade. Kardec aponta esse fato quando, ao analisar as aristocracias, afirma que o progresso pode determinar a redução considerável do comportamento vicioso, fazendo com que ele seja uma exceção, à medida que cada homem se eduque.

Em vários pontos dos ensinos espíritas, percebemos esse cuidado em destacar o caráter individualizante da proposta educadora da Doutrina. Não há, pois, a intenção de se criar um movimento à semelhança dos sistemas religiosos, que já se estabeleceram na Terra com base no Cristianismo, que atuavam pela criação de um padrão de comportamento e imposição dogmática desse padrão aos adeptos, forçando-os a uma atitude de religiosidade apenas aparente, que não resistia à pressão dos impulsos ainda existentes na intimidade dessas criaturas. A História mostra que a hipocrisia institucionalizada foi o resultado dessa ação.

A ação espírita será a de difusão do conhecimento, para que o desenvolvimento de uma nova forma de entender a vida possa criar uma nova maneira de estar no mundo. O progresso do conjunto resultará do crescimento de cada um. “(…) a vulgarização universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade.” (Souza, Dalva Silva, “O mundo em que vivemos”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Março/1997)

Uma nova ordem terrena, em que os bons suplantem em número aos maus, conduzirá os homens a outra realidade, com melhor uso de sua inteligência e extinção dos vícios, sejam eles físicos ou de caráter, abrindo-se o horizonte para tornar a Terra um mundo de regeneração.

Nós e César

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” – (Marcos, 12:17.)

Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal.

Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas.

Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas.

De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais.

É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence.

O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações.

Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas.

Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época.

Há decretos iníquos?

Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material.

Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio.

(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, “Pão Nosso”, it.102)

4º ano – aula 22

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Expiações Coletivas

1-As Expiações Coletivas e a Lei de Destruição

“Com frequência regular a Terra se faz visitada por catástrofes diversas que deixam rastros de sangue, luto e dor, em veemente convite à meditação dos homens.

Consequência natural da lei de destruição que enseja a renovação das formas e faculta a evolução dos seres, sempre conseguem produzir impactos, graças à força devastadora de que se revestem.(…)

Algumas outras calamidades como as pestes, os incêndios, os desastres de alto porte são resultantes do atraso moral e intelectual dos habitantes do planeta, que, no entanto, lhes constituem desafios, que de futuro podem remover ou deles precatar-se.(…)

Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros, antes significam justiça integral que se realiza.

Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos severos à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.” (Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis, “Após a Tempestade”,c.1)

2-Expiações Coletivas e Libertação Terrena

“Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam consigo as vítimas do acidente. Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa bruma, não pudera evitar o choque com os picos graníticos que se salientavam na montanha, silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva. (…)

Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de choque,  algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos  próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas,  gritavam desesperados. em crises de inconsciência.(…)

Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.

Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:

—O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que  tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação.

Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.

—Quantos dias? — clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.

—Depende do grau de animalização dos fluídos que que lhes retém o Espírito à atividade corpórea — respondeu-nos o mentor.

— Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias… Quem sabe?

Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte.

Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo carnal, propriamente considerado. E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que «morte física» não é o mesmo que «emancipação espiritual».(…)

—Todavia — reparou Hilário —, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?

Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:

—Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal, a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós.

A explicação não poderia ser mais clara.” (F.C.Xavier/André Luiz, “Ação e Reação”, c.18)

Leitura Complementar

Os tempos são chegados

Essa expressão é muito antiga. Para dar um exemplo meio recente, na Revista Espírita, traduzida por Julio Abreu Filho para a Editora Cultural Espírita – EDICEL – Ltda., Allan Kardec, no mês de outubro de 1866, página 289, já comentava sobre o assunto. Dizia ele:

“Os tempos marcados por Deus são chegados, dizem de todos os lados, nos quais grandes acontecimentos vão realizar-se para a regeneração da humanidade. Em que sentido devem ser entendidas essas palavras proféticas?”

“Para os incrédulos não têm qualquer importância. Aos seus olhos não passam de expressão de crença pueril, sem fundamento. Para o maior número de crentes tem algo de místico e sobrenatural que lhes parece o precursor do desmoronamento das leis da natureza. As duas interpretações são igualmente errôneas: a primeira porque implica a negação da Providência quando os fatos realizados provam a verdade dessas palavras; a segunda porque a expressão não anuncia a perturbação das leis da natureza, mas a sua realização.”

Allan Kardec nos diz ainda que em tudo há harmonia na obra da criação; este é o sentido mais racional.

Certas profecias equivocadamente interpretadas, ou analisadas de propósito para estabelecer confusão e vantagens pessoais, pregam datas, circunstâncias, etc., envolvendo o final dos tempos. Um planeta novo como o nosso ainda em processo de aprimoramento, que deve ser brevemente um planeta de regeneração, não pode acabar melancolicamente, implodindo-se. A mais recente predição é a deste ano de 2012, preconizado como data do fim do mundo! Mais uma tolice!

Acreditamos mesmo que Deus dará algum aviso prévio sobre como se desenrolarão os ciclos planetários? Avisou ele sobre a era glacial e sobre a extinção dos dinossauros? E caso houvesse confidenciado à humanidade as suas intenções, que poderia ela fazer para enfrentar o estabelecido pelas Leis Divinas?

O tempo material é diferente do espiritual, onde não há passado, presente ou futuro, porque tudo é simplesmente AGORA. Somente quando encarnados é que precisamos dos relógios e calendários para administrar nossa vida física. Temos a hora de dormir, de comer e de trabalhar e tudo deve ser feito comedida e equilibradamente.

Já que a Terra progride, como tudo o mais, à medida que ela melhora geologicamente é preciso que sua humanidade se aprimore moral e espiritualmente. Os tempos chegados para que haja uma seleção de seus habitantes, com expurgos e exílios, mas também com a chegada de espíritos mais evoluídos. Esse é o momento que está se instalando há muito tempo. Acontece todos os dias, sem dar-nos conta. Cada ser que desencarna e cada criança que chega ao planeta, acontecimentos naturais do cotidiano, são parte desse processo que identifica que o avanço dos tempos que são chegados.

Ninguém que seja equilibrado pode admitir que uma mudança desta grandeza possa operar-se de imediato. Como numa festa de ano novo em que abominamos o ano velho em 31 de dezembro para acreditar que tudo será diferente no dia 1o de janeiro. Mais uma das tantas ilusões que enganam os homens místicos e imprevidentes e beneficiam os oportunistas. Muita gente enriquece com tais balelas que chamam de profecias, simpatias, talismãs e semelhantes.

Não se negue que o mundo caminha acelerado na direção dos tempos chegados, apesar de fazê-lo quase que somente na área tecnológica. Quando a moral for do tamanho da ciência, o homem estará equilibrado e com suas duas asas completas, pronto para voar.

Com a chegada do Espiritismo, essa orientação deixou de ser restrita para abarcar toda a humanidade. Não muda apenas um país, um povo, uma raça, porque é um movimento universal que se opera no sentido do progresso moral. A humanidade, diz Allan Kardec, é um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada indivíduo. As partes compõem o todo.

Estamos vivendo um dos muitos momentos de transformação moral dos que sempre chegam a humanidade quando se faz necessário o seu crescimento. Não serve para os dias atuais a moral deturpada dos homens do passado. Nestes novos tempos todos os valores precisam ser revistos enérgica e corajosamente e só uma profunda reforma do homem poderá qualificá-lo a viver melhor nestes difíceis tempos do Apocalipse.

Sem perceber, os homens foram, ao longo do tempo, criando armas de autodestruição. E não são as bombas nucleares que nos causam mal; nem os tsunamis. São as armas de calibre moral. O culto ao corpo, a vaidade, os gastos descontrolados que levam o homem ao desequilíbrio e à desonestidade, à prepotência e à busca de privilégios sem que cada um se dê conta que nada tem de especial porque para Deus somos todos iguais. Sem mencionar a poluição química e a consequente destruição física.

Quanto mais o ser humano humilha o semelhante mais ele se enrola na corda da própria forca. Mais tarde implorará, como o Lázaro da parábola, para que o Senhor alerte seus descendentes para que não cometam os mesmo erros dele.

A quem mais é dado mais é pedido. Espíritas! Já que temos o privilégio do conhecimento ainda não alcançado pela maioria, façamos dele nosso roteiro de libertação e progresso. Já não podemos mais exigir privilégios materiais ou espirituais, recebendo na Terra as glórias que nos farão falta no céu. Não podemos mais ser prepotentes nem menosprezar o que sabe menos como se fôssemos pós-graduados em religião e moral. Não sejamos os fariseus do mundo moderno porque em vez de sermos chamados discípulos do Senhor não passaremos também de túmulos caiados.

Os tempos realmente são chegados; há muito tempo. Atualmente apenas se aceleraram. Importante, então, avaliar qual é o nosso comportamento para aproveitar as oportunidades desta transição da Terra na sua caminhada de transformação planetária de mundo expiatório para mundo de regeneração. Reencarnaremos por aqui quando o planeta já estará renovado ou seremos exilados repetindo-se o episódio de Capela? A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

Octávio Caúmo Serrano

(Revista Internacional de Espiritismo, Matão: Clarim, Junho/2012)

Bibliografia: Allan Kardec, “Obras Póstumas”, Primeira Parte, Questões e Problemas; “O Livro dos Espíritos”, questões nºs. 165 e 548; Francisco Cândido Xavier, médium, André Luiz, Espírito, “Ação e Reação”, c.18; Divaldo P.Franco, médium, Joanna de Ângelis, Espírito, “Após a Tempestade”, c.1.

Terezinha Oliveira

(Fonte: Site do CEAK)

Na última quarta-feira, 28/8/13, retornou à pátria espiritual a médium e escritora Therezinha Oliveira.

Dirigente do Centro Espírita Allan Kardec, em Campinas, dedicou mais de 50 anos de sua vida à divulgação da Doutrina Espírita, tendo ministrado inúmeras aulas, palestras, cursos e seminários no Brasil e nos EUA.

Em nota, o site do Centro Espírita Allan Kardec dedicou a Therezinha: “[…] é hora de lembrarmos da Therezinha amiga e trabalhadora espírita, com serenidade e paz, envolvendo-a com pensamentos de amor e gratidão pela vida dedicada à divulgação das verdades espirituais, com simplicidade, clareza, coragem, disposição e alegria […]”.

Therezinha escreveu dezenas de livros, entre eles “A Doutrina e o Movimento”, “Na Luz do Evangelho”, “Parábolas que Jesus Contou” a coleção de obras  “Estudos e Cursos”, dentre outras. Um de seus últimos escritos foi “Na Luz da Reencarnação, A Vida é sempre vida”.

Abaixo trechos de seus vídeos:

[vimeo http://vimeo.com/10645199]
 
[youtube=http://youtu.be/rx6Skv8TxYo]

4º Ano – Aula 21 – Desafios da Vida II (Vícios Morais)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

1-Os bens materiais

A Doutrina Espírita não condena aqueles que visam os bens materiais,  nem mesmo a riqueza, sobretudo aquela originária do trabalho. O que nos adverte a Doutrina é a respeito da busca desenfreada de riqueza e bens, em detrimento do equilíbrio e do bom senso, transformando o indivíduo em escravo da matéria, alheio a sua utilização construtiva para si e aos outros.

2-Qualidades intelectuais

A busca de conhecimento científico é apreciável, pois concorre para o aprimoramento pessoal. O acúmulo de conhecimentos, tanto morais quanto intelectuais, constituem instrumentos para o trabalho do Espírito no caminho para sua perfeição.

Quanto mais aprendemos, mais podemos ser úteis a nossa melhoria e a dos outros.

3-Imperfeições humanas

O que caracteriza a imperfeição humana é o hábito da pessoa de voltar-se somente para suprir seus interesses pessoais, nutrindo em demasia o apego às coisas materiais. Estes aspectos retardam o crescimento do Espírito, condicionando-o ao intenso desfrute material e intensificando o seu egoísmo.

Podemos superar nossas imperfeições. Primeiro, precisamos desejar esta mudança, esforçando-nos e dando atenção aos outros, auxiliando-os de forma desinteressada.

4-Paixões

As paixões humanas não são propriamente males. O erro ligado às paixões, como também aos interesses materiais, refere-se aos excessos, isto é, aos abusos com que o homem se entrega a estes aspectos. Não se pode desmerecer que na busca por melhoria material ou na concretização de paixões pode o homem descortinar oportunidades para a obra do bem e o exercício da caridade.

5-Como cultivar o desinteresse?

Nutrir o desinteresse não significa dar as costas ao mundo e se entregar a uma vida em isolamento.

Uma vida útil e desinteressada é aquela em que cada um se esforça por fazer tanto bem quanto lhe for possível, utilizando adequadamente seus dons e recursos intelectuais e materiais.

6-Como aprender a ouvir o outro?

Para que possamos saber ouvir o outro é necessário sermos indulgentes em relação a seus defeitos. Ser indulgente é saber reconhecer primeiro os nossos defeitos antes de fazermos alguma crítica, pois muitas vezes o mal que condenamos nos outros é justamente o que identificamos em nós mesmos.

7-O verdadeiro espírita

“O Espiritismo não criou nenhuma moral nova. Ele facilita aos homens o entendimento e a prática da moral do Cristo, dando uma fé sólida e esclarecida ao que duvidam ou hesitam.

Muitos, no entanto, dos que crêem no fato das manifestações não compreendem suas consequências nem seu desdobramento moral, ou, se os compreendem, não os aplicam a si mesmos.” (…) “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más tendências.” (Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c.XVII, it.4)

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4º Ano – Aula 20 – Desafios da Vida I (Vícios Físicos)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Hieronymus Bosch (1450-1516), detalhe de “A tentação de Santo Antonio”

1-Desregramentos considerados infrações às leis naturais:

-Crueldade;

-Suicídio direto;

-Suicídio indireto:

–Desprezo ao perigo (Imprudência; Irresponsabilidade);

–Excessos (Alimentação, Trabalho, Lazer, Sexo);

–Vícios (Jogo, Drogas).

2-Classificação das Drogas segundo L.Chaloult:

2.1-Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC): grupo de substâncias que diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique “desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas. Substâncias também chamadas de psicolépticas: Álcool; Inalantes/solventes; Ansiolíticos; Barbitúricos; Opiáceos (derivados do ópio, naturais ou sintetizados: Ópio, Pó de Ópio, Morfina, Codeína; Heroína; Zipeprol, Metadona).

2.2-Estimulantes da Atividade do SNC: grupo de substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique mais “ligada”, “elétrica”, sem sono. Substâncias também chamadas de psicoanalépticas, nooanalépticas, timolépticas: Cafeína; Nicotina; Anfetamina; Cocaína; metilenodioximetanfetamina (MDMA), mais conhecida por Ecstasy.

2.3-Perturbadores do SNC: modificam qualitativamente a atividade do cérebro, ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos. Tambem chamados de alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos, alucinantes: Anticolinérgicos – medicamentos; Anticolinérgicos – planta; Maconha (delta-9-tetrahidrocanabinol ou THC); Cacto (Lopophora williansi, peyote ou mescalina); Cogumelo (Psylocybe mexicana, Psylocibe cubensis, ou gênero Paneoulus); LSD-25 (Ácido Lisérgico). (www imesc.sp.gov.br e Revista do IMESC, nº3, 2001)

3-Tormentos provocados pelas drogas no Perispírito

“Às vezes, os órgãos genitais se deformam e em seu lugar formam-se enormes feridas que corroem.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Mãos Estendidas”, 1ªed., p.96)

“Às vezes, o perispírito se atrofia e regride a embrião.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Ninguém está sozinho”, 3ªed., p.154)

“A agulha da fatídica picada permanece irremovível na veia do desencarnado.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Os Miosótis Voltam a Florir”, 3ªed., p.39)

“O Vale dos Picos: um lugar sombrio e terrível onde agrupam-se os toxicômanos desencarnados emperdenidos (ainda sem assistência). O ‘Vale’ é comandado por uma entidade perversa, de grande poder sobre a mente dos toxicômanos, encarnados e desencarnados.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Na Esperança de Uma Nova Vida”, 2ªed.,p.62)

“A overdose provoca a desencarnação e é comparável a uma queda do décimo sexto andar de um edifício. O cordão fluídico que liga o perispírito ao corpo é estraçalhado; portanto, se o corpo físico sofre violência, mais ainda o Perispírito.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Consciência”, 1ªed.,p.103)

4-Como é a vida de um desencarnado toxicômano

Ao desencarnar, o Perispírito mantém integralmente as mesmas sensações experimentadas na jornada terrena.

Encontra no mundo espiritual inúmeros Espíritos, invariavelmente similares, em tendências, gostos, graus de evolução. Com eles conviverá.

O toxicômano, em particular, conviverá com desencarnados viciados. Verá que seu Perispírito (igual ao seu corpo físico), está depauperado, destrambelhado, cheirando mal, repleto de náuseas e mazelas – frio, fome, dor… Desgraçadamente, terá consciência desses tormentos, de maneira plena e permanente: não dorme, não desmaia… Fica vagando por regiões cinzentas, sem água, sem sol.

5-Vampirismo e drogas

O viciado, ao desencarnar, percebendo que agora tudo está mais difícil, pois além de não poder satisfazer a ânsia da droga, ainda está doente, fraco, faminto etc., mais do que nunca desejará as drogas.

Carente, e sem nenhuma proteção, ficará à mercê de legiões de malfeitores espirituais. Será sim, admitido nessas legiões, mas como elemento escravo, desprezível, inferior… Aprenderá, rápido, que só no plano material poderá dar vazão ao vício. Qual vampiro, poucas vezes sozinho – quase sempre em bando – acorrerá aos lares dos toxicômanos encarnados, aderindo aos mesmos, mente a mente, induzindo-os ao consumo das drogas, caso já não o estejam fazendo. Sem nenhuma reserva moral, em troca de alguma satisfação do vício, será submetido a uma série de perversidades. (Eurípedes Kühl, “Os tóxicos: duas viagens”, Belo Horizonte: Ed.Fonte Viva, 3ª ed., 1995, c.10)

6-Obsessão e drogas

Ninguém está só, seja no Bem ou no Mal: as leis da atração e da sintonia funcionam invariavelmente em ambas as situações.

O obsidiado é quase sempre um enfermo, acompanhado de uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano. O toxicômano raramente poderá ser excluído dessa categoria.

7-Cura dos toxicômanos

Tratamento que envolve acima de tudo o interesse da pessoa, mais o apoio familiar, além de acompanhamento médico, psicológico, psiquiátrico e terapêutica apropriada de desintoxicação.

8-Atuação da Casa Espírita em prol dos toxicômanos

A Casa Espírita pode contribuir como célula de apoio social, que ajuda a família a fortalecer-se frente ao desafio de dar suporte aos adictos e drogadictos.

O apoio pode ser realizado por orientadores e grupos de difusão do Evangelho, associados a campanhas de prevenção.

Conforme o quadro de trabalhadores, a Casa Espírita pode realizar visitas aos viciados para diálogo fraterno (no lar, nos hospitais ou nas clínicas).

Há a possibilidade de associação a outros credos religiosos, em campanhas educativas.

Criação de grupos de orientadores especializados na questão dos desencarnados toxicômanos.

Não nos esqueçamos que a vitória sobre o álcool e outras drogas envolve apoio da sociedade e o indispensável compromisso pessoal para superação do quadro vicioso.

9-O programa dos 12 passos

Criado em 1935 por William Griffith e Doutor “Bob” Smith, o “Programa dos Doze Passos” surgiu nos Estados Unidos,  inicialmente voltado para o tratamento de alcoolismo,  estendido posteriormente para todos os tipos de dependência química. Trata-se da estratégia central da maioria dos grupos de autoajuda para o tratamento das dependências químicas ou compulsões.

Os 12 Passos

Trata-se do programa criado por William Griffith e Dr. Bob Smith, em 1935, nos Estados Unidos, visando a princípio traçar um roteiro para o tratamento de alcoolatras. Suas diretrizes são as seguintes:

1-Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2-Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

3-Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

4-Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5-Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

6-Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

7-Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8-Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9-Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.

10-Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11-Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12-Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.

10-Os Vícios e suas Reparações Futuras

“Compassivos, os fluidos beneficentes que a seguir nos faziam assimilar – terapêutica divina – iriam, gradualmente, auxiliar-nos a corrigir as impressões de fome e de sede; a postergar a insana sensação de frio intenso, que num suicida resulta da gelidez cadavérica que ao perispírito se comunica; a atenuar os apetites e arrastamentos inconfessáveis, tais os vícios sexuais, o álcool, o fumo, cujas repercussões e efeitos produziam desequilíbrios chocantes em nossos sentidos espirituais, interceptando possibilidades de progresso na adaptação e impondo-nos humilhações singulares, por assinalar a ínfima categoria a que pertencíamos, na respeitável sociedade dos Espíritos que nos rodeavam. (…)

Excessivamente maculadas, deixavam à mostra, em sua configuração astral, os estigmas do vício a que se haviam entregado, alguns oferecendo mesmo a ideia de se acharem leprosos, ao passo que outros exalavam odores fétidos, repugnantes, como se a mistura do fumo, do álcool, dos entorpecentes, de que tanto abusaram, fermentassem exalações pútridas cujas repercussões contaminassem as próprias vibrações que, pesadas, viciadas, traduzissem o vírus que havia envenenado o corpo material! (…)

Os exemplos que apresento neste momento são irremediáveis na vida espiritual! Nada, aqui, poderá sanar as ferazes angústias que os oprimem, nem modificar a situação embaraçosa que para si mesmos entreteceram com as atitudes selvagens da incontinência, da imprevidência sacrílega em que acharam por bem se locupletarem, no livre curso aos vícios com que se diminuíram! Eles mesmos, unicamente eles, serão agentes de misericórdia para consigo próprios, já que voluntariamente se responsabilizaram pelos desvios de que se não quiseram furtar! Mas isto lhes custará desgostos, opressões e dores infinitamente amargosas, diante dos quais uma individualidade normal se quedaria estarrecida! Para que se convençam da situação própria, submetendo-se mais ou menos resignadamente às consequências futuras das passadas imprevidências, torna-se necessário da nossa parte, enquanto aqui se demorarem, trabalho árduo de catequese, aplicações incansáveis de terapêutica moral e fluídica especial, carinhosa assistência de irmãos investidos de sagrada responsabilidade.

Acontece frequentemente, no entanto, que muitos destes infelizes trazem a revolta no coração, a raiva impenitente pela desgraça de que se consideram vítimas e não responsáveis. Não se resignam à evidência do presente e, inconformados, partem a tomar novo envoltório terreno, agravando a situação própria com a má-vontade em que se entrincheiram, a insubmissão e a impaciência, acovardados ante a expectativa dos embates tormentosos da expiação irremediável!” (Yvonne A. Pereira, Camilo Castelo Branco, “Memórias de um Suicida”, c.3 e 5)

11-Prevenção contra as Drogas

“Existem muitas divergências sobre informação e prevenção, que devem ser avaliadas por quem deseja trabalhar com drogados. É desagradável para o viciado e para quem deseja ajudá-lo ouvir um milhão de palavras inúteis sobre repressão e ameaças. O que se deve fazer é levar a pessoa a se interessar por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo. A pessoa precisa conhecer o perigo que está enfrentando.

Quem a está ajudando não está fazendo isso apenas por fazer, mas sim porque é um conhecedor do assunto. Cabe explicar ao possível consumidor, ou já dependente, que o drogado carrega um estigma, por parte da comunidade, de difícil aceitação para a família.” Samita  (Irene Pacheco Machado, Luiz Sérgio, “Driblando a Dor”, ed.Recanto, 2002, 10ª ed., p.11)

“O jovem, quando busca o tóxico, o faz por alguma causa. Se buscarmos a origem encontraremos, primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros, lar desequilibrado, filhos negligenciados ou super-protegidos, quer dizer mimo ou desprezo. Ainda mais: dinheiro fácil, excesso de liberdade.” Carlos (Machado, op.cit., p.11)

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