CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA
As Aristocracias
O Progresso da Humanidade
O progresso da humanidade se vai construindo de geração a geração. Ao longo da história, homem vai se afirmando diante dos desafios da natureza, das adversidades e divergências de entendimento.
No passado, as sociedades aceitavam o escravismo, hoje este é um crime torpe, combatido pelas nações e sistemas legais.
A marcha do progresso, coletivo e individual, é parte da irresistível escalada rumo à perfeição.
De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?
– Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, e fazendo os homens compreenderem onde está seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais encoberta pela dúvida, fará o homem compreender melhor que pode, desde agora, no presente, preparar seu futuro. Ao destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos. (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, q. 799)
O Conceito de Aristocracia
“Aristocracia vem do grego aristos, o melhor, aquele que se sobressai, e kratos, poder. Aristocracia, pois, em sua acepção literal, significa: poder dos melhores. Há-se de convir em que o sentido primitivo tem sido por vezes singularmente deturpado; mas, vejamos que influência o Espiritismo pode exercer na sua aplicação. (…)
Em nenhum tempo, nem no seio de nenhum povo, os homens, em sociedade, hão podido prescindir de chefes; com estes deparamos nas tribos mais selvagens. Decorre isto de que, em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte homens incapazes, que precisam ser dirigidos, homens fracos que reclamam proteção, paixões que exigem repressão.
Daí a necessidade imperiosa de uma autoridade.” (Kardec, Allan. “Obras Póstumas”, 1ª Parte, As Aristocracias, Brasília:Ed.FEB, tradução de Guillon Ribeiro, 2005)
Sociedade e diversidade de aptidões
Diz-nos Kardec que em razão da diversidade das aptidões e dos caracteres inerentes à espécie humana, há por toda parte:
-homens incapazes, que precisam ser dirigidos;
-homens fracos, que reclamam proteção;
-paixões, que exigem repressão.
A autoridade, ou seja, a necessidade de liderança social, investiu desse poder, sucessivamente:
1°) o ancião (patriarca), pela sua experiência;
2°) o chefe militar (autoridade da força bruta), pela sua força e inteligência;
3°) o descendente (aristocracia de nascimento, nobreza), pela sua herança filial.
A conservação do estado de força e privilégios foi feita através das leis, mas o tempo, com a consequente necessidade de busca de recursos para sobrevivência, fez com que os dominados se insurgissem contra os dominadores. É a evolução, princípio básico da lei divina. Entretanto, uma nova autoridade surgiu: o dinheiro, mas por pouco tempo, pois que para adquiri-lo é preciso inteligência, que nos nossos dias é a autoridade estabelecida, chamada pelos pensadores atuais de conhecimento.
A inteligência, por si só, não equilibra o homem. O bom uso das faculdades depende da moral, que também não pode ficar isolada. A união da inteligência com a moral representa a verdadeira autoridade.
Homens moralizados e instruídos implantarão o reino do bem na Terra. (Mario, Marcos Alberto de, “O educando na visão social espírita”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Maio/1997)(grifos nossos)
O papel da Doutrina Espírita
“Uma organização social que respeite as leis naturais deve realizar-se primeiramente pela educação dos indivíduos que compõem essa coletividade. Kardec aponta esse fato quando, ao analisar as aristocracias, afirma que o progresso pode determinar a redução considerável do comportamento vicioso, fazendo com que ele seja uma exceção, à medida que cada homem se eduque.
Em vários pontos dos ensinos espíritas, percebemos esse cuidado em destacar o caráter individualizante da proposta educadora da Doutrina. Não há, pois, a intenção de se criar um movimento à semelhança dos sistemas religiosos, que já se estabeleceram na Terra com base no Cristianismo, que atuavam pela criação de um padrão de comportamento e imposição dogmática desse padrão aos adeptos, forçando-os a uma atitude de religiosidade apenas aparente, que não resistia à pressão dos impulsos ainda existentes na intimidade dessas criaturas. A História mostra que a hipocrisia institucionalizada foi o resultado dessa ação.
A ação espírita será a de difusão do conhecimento, para que o desenvolvimento de uma nova forma de entender a vida possa criar uma nova maneira de estar no mundo. O progresso do conjunto resultará do crescimento de cada um. “(…) a vulgarização universal do Espiritismo dará em resultado, necessariamente, uma elevação sensível do nível moral da atualidade.” (Souza, Dalva Silva, “O mundo em que vivemos”. Revista Reformador, Brasília: ed.FEB, Março/1997)
Uma nova ordem terrena, em que os bons suplantem em número aos maus, conduzirá os homens a outra realidade, com melhor uso de sua inteligência e extinção dos vícios, sejam eles físicos ou de caráter, abrindo-se o horizonte para tornar a Terra um mundo de regeneração.
Nós e César
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” – (Marcos, 12:17.)
Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal.
Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas.
Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas.
De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais.
É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence.
O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações.
Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas.
Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época.
Há decretos iníquos?
Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material.
Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio.
(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, “Pão Nosso”, it.102)