Os Shakers e a Mediunidade

Shakers, “Batedores” ou “Sociedade Unida dos Crentes na Segunda Vinda de Cristo” 


(Reprodução)

Os cristãos Shakers ou “batedores” surgiram na Inglaterra em 1747, na casa da missionária Ann Lee (1736-1784). Ann Lee ou Mãe Ann já havia participado de um grupo religioso conhecido como Quaker, quando teve uma revelação para formar o Shaker. Tanto os Quakers como os Shakers acreditavam que todas as pessoas poderiam encontrar Deus dentro de si, ao invés de recorrer ao clero ou a rituais. Os Shakers mostravam tendência a ser bem emotivos e efusivos em sua adoração. Eles também acreditavam que a vida deveria ser dedicada à contínua busca da perfeição, confessando seus pecados e tentando não repeti-los.

O Século 17 apresentou grande tumulto religioso nos Estados Unidos e na Europa, por conta da luta constante entre protestantes e católicos. Conflitos religiosos levaram muitos a acreditar que os tempos eram chegados, e as manifestações de espíritos se tornaram comuns. No Século 18, registrava-se inúmeras ocorrências de diferentes tipos de manifestação, inclusive com visões, profecias e transes. Estes movimentos influenciaram uma parte dos novos grupos religiosos, com maior incidência no norte da Europa, entre o fim do Século 17 e cerca de 1740, afetando a Grã-Bretanha e também as colônias americanas. Meio século mais tarde, os Estados Unidos e Inglaterra viam o surgimento de muitas seitas religiosas, algumas mais radicais em seus costumes e preceitos doutrinários,   formando algumas sociedades messiânicas, outras utopistas, como as comunidades deOneida, Millerites, Rappites e, naturalmente, os Shakers.

A história dos Shakers registra dois momentos importantes. O primeiro, em 1706, trata-se da chegada a Londres de cinco “profetas franceses”, conhecidos em fontes históricas como os “camisards” das Montanhas de Cévennes, no Sul de França. Os “Camisards” eram os protestantes calvinistas franceses. Escolheram esta denominação para se identificar durante sua insurreição de cinco anos contra o Rei Luiz XIV, que tentava erradicar o protestantismo do país em favor de catolicismo. Os Camisards foram derrotados, sendo forçados a se juntar aos milhares de exilados Huguenotes, que viviam em territórios protestantes da França, Inglaterra, África do Sul, América do Norte e em outras partes do mundo. Os cinco profetas franceses provavelmente teriam sido alguns destes exilados.
O segundo momento relevante para os Shakers é 1747, quando a líder de sua crença, a matriarca Ann Lee, fez seu primeiro contato com James Wardley, um pregador que mantinha um pequeno grupo de comunicação espiritual remanescente dos profetas franceses.

Os Shakers construíram 19 sedes, que atraíram aproximadamente 20.000 seguidores até o século 19. Crentes no celibato extremo, os Shakers mantinham seus grupos através da conversão de fieis e da adoção de órfãos. Ainda assim sua renovação era muito alta, e o grupo alcançou o tamanho de aproximadamente 6.000 membros ativos em 1840. Em dezembro de 2009 contavam com diminuto número de membros.

As comunidades Shaker instalavam-se sobretudo em áreas rurais, aonde se dedicavam ao trabalho agrícola e uso em comum de seus recursos. Além da dedicação à agricultura, mostravam-se exímios marceneiros e também desenvolviam trabalhos em couro. Reuniam-se em “famílias”, dividindo grandes casas, com entradas separadas para homens e mulheres. Louvavam os hábitos do trabalho, limpeza, honestidade e frugalidade.

Acreditavam na natureza dual de Deus, pois a criação do homem como macho e fêmea “à sua imagem” decorreria da sexualidade dual do Criador, ao mesmo tempo contendo em si os princípios masculino e feminino. Deste modo, defendiam a igualdade entre homens e mulheres. Para os Shakers, enquanto Jesus era a manifestação masculina do princípio divino, a forma feminina era a de sua matriarca Ann Lee.
Sua crença se pautava na promessa da segunda vinda de Jesus à Terra e nas quatro virtudes: pureza virginal, comunismo cristão, confissão dos pecados e vida à parte das coisas mundanas.

Os Shakers tinham um tipo de espiritualidade intensa. O maior período de suas manifestações espirituais ocorreu entre 1837 e 1847. As cerimônias religiosas podiam ser em recintos fechados ou a céu aberto. Geralmente suas comunidades tinham um grande espaço para os que participavam do rito, bem como uma área para a assistência.
Inicialmente, homens e mulheres formavam suas fileiras. Dançavam ou marchavam, balançando os braços, avançando e parando. Logo giravam o corpo, olhando para a parede lateral, em seguida avançando e parando.
Podiam formar duas rodas, com as mulheres no círculo interno e os homens no externo. Começavam a se mover devagar, aumentando a velocidade. Cantavam, gritavam, alguns girando o corpo, outros mexiam-se intensamente, outros mantinham-se em uma dança pessoal.
Vários fieis entravam em transe, alguns passavam a falar rapidamente, muitos davam comunicações espirituais, e alguns até chegavam a falar em outros idiomas (xenoglossia).

 

Hino dos Shakers – “The gift to be simple”

‘Tis the gift to be simple, ‘Tis the gift to be free,
‘Tis the gift to come down where you ought to be,
And when we find ourselves in the place just right,
‘Twill be in the valley of love and delight.


When true simplicity is gained
To bow and to bend we shan’t be ashamed,
To turn, turn will be our delight,
‘Till by turning, turning we come round right.

Bibliografia:
Raymond Buckland, “The Spirit Book – The Encyclopedia of Clairvoyance, Channeling, and Spirit Communication”. Detroit: Visible Ink, 2005.