Carnaval outra vez

(Reprodução)

 

O carnaval é uma festa que remonta aos ritos pagãos da antiguidade, como as saturnais, em que os antigos romanos celebravam o deus Pã.
A festa invoca a alegria, o desregramento, o abuso, por vezes entremeado por máscaras, fantasias, desejos e prazeres, tão imediatos quanto efêmeros.
As tradições europeias celebram o período como a invocação de costumes de uma nobreza já remota, de tempos em que o luxo de suas máscaras celebrava o status da corte e do poder de seus monarcas, à margem dos desassistidos que os contemplavam, infelizes submetidos ao antagonismo da miséria e de toda sorte de exclusões.
O carnaval brasileiro representa no Século XXI parte de uma grande indústria de entretenimento, alçado à condição de patrimônio cultural, um atrativo turístico internacional, e ainda relevante vetor econômico e midiático, face aos empregos que gera e às cifras que escala a cada ano.
Se, por um lado, no carnaval há aspectos econômicos, culturais e de lazer, por outro, grassa a liberalidade de um período de inferiorização moral, onde a qualidade dos eventos, da dança e dos muitos artistas talentosos, também coincide com os excessos de toda sorte, em que os extremos atraem e arrastam multidões.
De fato toda análise comporta diferentes perspectivas, mas, enquanto espíritas, importa considerarmos quanto o clima dessa festividade serve como porta aberta para o desapreço da moral, do respeito e da educação, facilitando as influências de falanges de desencarnados ainda em sofrimento e afinados aos vícios e aos excessos partilhados com os encarnados, que tanto reverberam em dores e desenganos. A permissividade infeliz aproxima a humanidade dos apetites animais, retardando sua elevação para condições mais luminosas e meritórias de existência.

Observemos quantos se abstém dos excessos destes dias de festa, buscando recolhimento e meditação, alternativas saudáveis para não ceder ao comportamento de manada.
Assim sempre temos a opção de outros modos de diversão, em que não sejam regra os excessos ou a violência, nem o ofuscar dos sentidos em prol dos vícios e de seus dissabores.