Mediunismo e Animismo

(Pixabay (Reprodução))

Como ficou dito alhures, não é nosso objetivo e nem seria possível esgotar o tema do fenômeno mediúnico nas modestas dimensões e pretensões deste livrinho, que se propõe a ser apenas um texto destinado a provocar no leitor o desejo e a disposição de aprofundar mais o exame de tão fascinante material de estudo.

Parece oportuno, contudo, discutir a esta altura, um aspecto que, de propósito, não quisemos tratar logo de início. Vamos a ele.

Ao examinar a estrutura do fenômeno mediúnico, distinguimos nele três componentes básicos: 1) os espíritos; 2) o médium; e 3) os seres humano encarnados. Ora, acontece que o ser humano, mesmo encarnado, é também um espírito e se o espírito desencarnado pode produzir um fenômeno, o encarnado também deve poder produzi-lo. E isso é verdadeiro.

Por exemplo, se uma pessoa (encarnada) consegue adivinhar em que sequência vão sair as cartas de um baralho Zener, o fenômeno não tem usualmente um fator ou componente mediúnico, ou seja, não há interferência de espíritos desencarnados na produção do fenômeno. É o próprio espírito da pessoa que, por um mecanismo, ainda não muito bem conhecido, consegue saber de alguma forma, que cartas vão sair e em que ordem, mesmo que embaralhadas mecanicamente, sem que ninguém as veja ou toque.

Há pessoas, ainda, que conseguem movimentar, sem tocar, pequenos objetos ou influenciar pelo poder da mente, para que uma gota d’água, caindo no vácuo, rigorosamente sobre o fio de uma lâmina, seja dirigida para um lado ou para outro. Também aí não há necessariamente interferência de seres desencarnados.

Como a Doutrina Espírita caracteriza como alma (anima, em latim) o espírito encarnado, adotou-se para esse tipo de fenômeno, no qual não há participação de desencarnados, a expressão fenômeno anímico, isto é, produzido pela alma, ou espírito encarnado.

O esquema básico pode e deve continuar o mesmo: 1) espírito; 2) médium; e 3) ser encarnado. Teremos apenas de reinterpretá-lo para entender que, neste caso, o ser encarnado é médium de seu próprio espírito.  

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 82-83)