O fenômeno mediúnico

(Pixabay (Reprodução))

O único problema que vejo nesta conversa inicial é o de que todos nós costumamos achar que fenômeno é tudo quanto é extraordinário, raro, surpreendente, maravilhoso, prodigioso e até sobrenatural. Uma criança superinteligente é considerada um fenômeno, tal como grande atleta ou uma mulher excepcionalmente bonita (ou feia demais). É certo que a palavra tem também esse sentido, como se pode ver nos dicionários. Na verdade, porém, tudo quanto acontece ou pode ser observado é um fenômeno: a chuva é um fenômeno, o por do sol, o calor, o frio, o crescimento das plantas, o nascimento das crianças, a morte, a vida, a dor, a alegria … tudo é fenômeno. Qualquer fato ou evento que possamos observar é um fenômeno, pois a palavra nas suas origens gregas, quer dizer algo que aparece ou que se mostra.

Segundo Pierre Teilhard de Chardin, pensador e cientista jesuíta, o próprio ser humano é um fenômeno da natureza e, por isso, ao escrever um dos seus livros mais importantes, deu-lhe o título expressivo de O fenômeno humano (Ed. Herder, 1970).

Muita gente acha até que certos fenômenos são naturais e outros são sobrenaturais, o que está completamente fora de propósito. Como vimos, o fenômeno é um fato concreto ou um acontecimento que podemos observar, ou que se mostra à gente. Logicamente, ele tem de acontecer em algum lugar e tempo e de acordo com as leis da natureza dentro do ambiente em que vivemos, à nossa volta, com as coisas que nos são familiares. Como poderia acontecer alguma coisa fora das leis naturais? Ou em desacordo com elas? Se aconteceu, se é um fato, se pudemos observar, então é porque é natural, está regulado por leis naturais, ainda que não as conheçamos e, portanto, constitui um fenômeno natural.

O fenômeno mediúnico é, portanto, um fenômeno natural, como qualquer outro.

(Hermínio C. Miranda, O que é fenômeno mediúnico. São Bernardo do Campo, SP: Ed. Espírita Correio Fraterno, 3ª ed., 1995, pp. 11-12)