Práticas Espíritas e Não Espíritas

Objetivo: Diferenciar o espiritismo e espiritualismo e suas diferentes práticas, esclarecendo com respeito e amor.

Bibliografia:

(*) Religião dos Espíritos – Emmanuel – cap. “Fenômenos Mediúnicos”

(*) Loucura e Obsessão – Manoel Philomeno de Miranda.


1-Espiritualismo x Espiritismo

 

Espiritualismo é uma designação para diversas doutrinas filosóficas ou religiosas que admitem: a existência de Deus; as forças universais; e a alma.

 

O filósofo Platão (428-347a.C.) afirmava a existência de um plano de realidade não material, incorpóreo e imutável, o “plano das idéias”, que seria a origem dos objetos físicos, representando meras cópias imperfeitas e transitórias de modelos imateriais.

 

“A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendiam Sócrates e Platão) é, a de tomar o maior cuidado com a alma, menos pelo que respeita a esta vida, que não dura mais que um instante, do que tendo em vista a eternidade. Desde que a alma é, imortal, não será prudente viver visando a eternidade?” (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução)

 

O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa.

 

“Se a alma é imaterial, tem de passar, após essa vida, a um mundo igualmente invisível e imaterial, do mesmo modo que o corpo, decompondo-se, volta à matéria, Muito importa, no entanto, distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se alimente, como Deus, de ciência e pensamentos, da alma mais ou menos maculada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se para o divino e a retêm nos lugares da sua estada na Terra.

 

Sócrates e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterialização da alma. Insistem na diversidade de situação que resulta para elas da sua maior ou menor pureza. O que eles diziam, por intuição, o Espiritismo o prova com os inúmeros exemplos que nos põe sob as vistas.” (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução)

 

Como no platonismo, as crenças espiritualistas afirmam a sobrevivência da alma, princípio reconhecido no Espiritismo. Diferem Espiritualismo e Espiritismo em outros aspectos. Muitos espiritualistas adotam sacerdotes, rituais, cantos de evocação, sacrifícios animais, oferendas e atos de adoração, características estas que o Kardecismo não esposa.


2-Mediunidade

A Mediunidade é a faculdade de intercâmbio entre as inteligências de pessoas encarnadas e desencarnadas. A prática mediúnica é tão antiga quanto a humanidade.

 

“As formas primitivas de mediunidade provêm das selvas e das regiões geladas ou áridas em que a vida humana permaneceu em condições rudimentares. O homem é um ser mediúnico e todo o seu desenvolvimento seguiu as linhas da evolução da sua potencialidade mediúnica. A idéia da Divindade, de um poder superior que criou o mundo é inata no homem, como o demonstram as pesquisas antropológicas.” (J.Herculano Pires, “Mediunidade”, c.VI)

 

3-Mediunismo

 

“A expressão mediunismo, criada por Emmanuel, designa as formas primitivas de Mediunidade, que fundamentam as crenças e religiões primitivas. Todas as formas de religiões primitivas, sem desenvolvimento cultural e intelectual, caracterizam-se por práticas mágicas ligadas ao mediunismo.” (J.Herculano Pires, “Mediunidade”, c.VI)

 

A diferença entre Mediunismo e Mediunidade está no modo de se exercer a prática mediúnica.

 

No Mediunismo, sobretudo entre os povos primitivos, não havia reflexão sobre os fenômenos, seu sentido e sua natureza. As ações se resumiam na simples aceitação dos fatos e em eventuais tentativas de sua utilização prática.

 

“A Mediunidade, na concepção da Doutrina Espírita ou Kardecismo, é o Mediunismo aprimorado, desenvolvido, racionalizado e submetido à reflexão religiosa e filosófica e às pesquisas científicas necessárias ao esclarecimento dos fenômenos, sua natureza e suas leis.” (J.Herculano Pires, “Mediunidade”, c.VI)

4-“Não creiais em todos os Espíritos”

 

O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. Antes que se conhecessem as relações mediúnicas, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, audiente ou falante. É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo, nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus. S. João adverte contra eles os homens, dizendo: “Meus bem-amados, não acrediteis em todo Espírito; mas, experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se tem levantado no mundo.” O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais.(…)

 

Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos. (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, c.26, it.7)