(Reprodução)
A Personalidade
A personalidade, a maneira de ser de cada um, se desenvolve como uma soma de fatores:
* Psicológicos
* Hereditários
* Ambientais
Através de dois processos:
1. Maturação: é o processo natural de crescimento. Nesse processo, modificações espontâneas ocorrem como conseqüência do desenvolvimento (exemplo: crescimento físico).
2. Aprendizagem: resulta do relacionamento do individuo com seu ambiente, ou com outros ambientes. A aprendizagem se dá não só com relação a experiências intelectuais, mas engloba também o campo do temperamento e do caráter. É através da aprendizagem que o ser humano vai incorporando sabedoria.
Aspectos da Personalidade
1. Constituição da personalidade
Pode ser física (estática – tecidos, órgãos, etc.) ou fisiológica (funcionamento orgânico).
Devemos ressaltar que nessa fase do educando, a constituição encontra-se em crescimento.
2. Temperamento
É a maneira como se organizam as necessidades e emoções em cada pessoa.
Estudando sob o aspecto doutrinário, podemos dizer que o individuo herda de si mesmo as características conquistadas em vidas passadas. O ser humano, ao encarnar-se, não é como um papel em branco; traz de vidas anteriores as características do temperamento que, na presente encarnação sofre a influência dos fatores genéticos herdados de sua parentela terrestre e dos fatores ambientais.
O temperamento é o aspecto instintivo-emocional da personalidade e responde pelo sentir e agir humanos.
2. 1. Instintos
São as necessidades, impulsos, que levam a homem a por em ação sua energia. Se não existisse impulso não existiria ação. Instinto é o impulso cego que busca o prazer. Segundo “O Livro dos Espíritos”, questão nº. 73, o instinto é uma inteligência não racional e é por esse meio que todos os seres provêm as suas necessidades. Dentre os animais o homem é o que tem o maior número de instintos.
2.2. Emoções
São os dinamismos que levam o homem a sentir. Dentre os seres é o homem o que mais necessita e mais sente. As emoções podem ser divididas em: .
Destrutivas: relacionadas à dor. São os sentimentos de medo, raiva, ciúme, angústia, inveja, tédio, ansiedade, nervosismo.
Construtivas: relacionadas ao prazer. São os sentimentos de amor, alegria, entusiasmo, carinho, amizade, tranqüilidade.
Voltando aos instintos, vejamos como se manifestam na infância:
Afeto
1a. Fase (0 a 6 anos)
Fase captativa (egocentrismo): a criança se vê como centro do universo. Demonstra afeto pelo tato.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Fase captativa-oblativa: a criança busca ainda receber, mas já começa a ver que os outros existem.
Segurança
1a. Fase (0 a 6 anos)
Fase hetero-segurança: a sua segurança está centrada fora de si, no adulto conhecido. Por isso a necessidade de ser sempre a mesma a cuidar dela.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Fase ainda de hetero-segurança: já suporta bem a distância por várias horas. É por isso que aceita a escola.
Lúdica
1a. Fase (0 a 6 anos)
A criança tem “fome” de brincar.
Tem muita necessidade de mexer, tocar em tudo com todos os seus membros. Os valores dos objetos diferem dos do adulto. Brincar é a fonte de crescimento emocional e social das crianças. Promove a relação entre o que é pessoal (realidade interior) e o que é do grupo (realidade exterior). O movimento é fundamental nas brincadeiras da criança.
2a. Fase (6 a 11 anos)
A criança necessita de 4 horas para estudo, 8 horas para lazer e 12 horas para dormir.
O brincar ainda é prioridade nesta fase. O exercício físico é fundamental.
Outros jogos (jogos de armar, músicas, modelagem) são importantes.
Social
1a. Fase (0 a 6 anos)
A socialização é uma exigência natural do homem. O homem tem necessidade disso. O bebê marca com um sorriso sua entrada na vida social. É através do brinquedo que ocorre a socialização da criança. A partir de um ano ela reclama um companheiro; no entanto não forma grupo – seu interesse maior é o objeto (brinquedo).
2a. Fase (6 a 11 anos)
A necessidade social amadurece dando condições a formação de grupos. Nasce a consciência grupal, assume os compromissos e aprende a respeitá-los. Já obedece regras.
A educação se dá através de exemplos e com muito diálogo e compreensão.
Liberdade
1a. Fase (0 a 6 anos)
Necessidade de ser dono de si. A criança necessita de liberdade para desenvolver sua criatividade. Seu espaço e iniciativa devem ser respeitados pelos adultos, é claro com limites.
2a. Fase (6 a 11 anos)
ldem.
Sexual
1a. Fase (0 a 6 anos)
A curiosidade predomina. A descoberta e manipulação dos órgãos sexuais são passageiras.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Tem curiosidades, mas a idade já permite esclarecimentos. Dar as explicações que forem solicitadas de maneira clara de acordo com o entendimento.
3. Inteligência
É o terceiro aspecto da personalidade. É o dinamismo que leva o homem a conhecer (aspecto cognitivo da personalidade). E através da inteligência que o homem se abre para si próprio e para tudo o que existe.
São várias as funções da inteligência:
3.1. Compreender
Compreender através da percepção:
Percepção
1a. Fase (0 a 6 anos)
Estudos mostram que a partir do 5º mês de gestação o feto já reage aos estímulos exteriores. Nessa fase (sensório-motriz) a criança só conhece o que lhe chega através dos sentidos: conhecimento concreto.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Já há a percepção global;maior maturidade. Percebe o todo e certas partes que se destacam do conjunto.
3.1.2. Compreender através do Pensamento e Intuição (conhecimento que não é através dos sentidos – supra sensíveis):
Pensamento e Intuição
1a. Fase (0 a 6 anos)
O pensamento é concreto, baseado em elementos que a criança conhece. Muitas coisas que são erradas para o adulto são certas para a criança (Ex. Bola é igual ao relógio porque ambos são redondos. O pensamento infantil é crédulo (mamãe disse), é imediatista (tudo agora) – dai a importância do castigo/repreensão imediatos (não vale quando o papai chegar)
2a. Fase (6 a 11 anos)
O pensamento já é mais abstrato, mas suas deduções ainda são imperfeitas. O raciocínio ainda está preso mais no concreto que no abstrato. Seu pensamento continua crédulo (pais e professores não mentem). Já tem noções de tempo, mas ainda não o relaciona com a organização de suas tarefas (tem que ser dirigido pelos pais).
3.1.3 Compreender através da introspecção: é a função da inteligência que leva o indivíduo ao conhecimento de si mesmo:
lntrospecção.
1a. Fase (0 a 6 anos)
A criança é incapaz de auto-análise. Não consegue responder à pergunta: “De quem você gosta mais, da mamãe ou do papai?”.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Começa a fazer uma auto-análise, porém de uma forma muito simples.
3.2. Imaginação
Trata-se da representação, da construção de imagens sensíveis.
Imaginação
1a. Fase (0 a 6 anos)
Nessa fase confunde a fantasia com a realidade, surgindo o que o adulto classifica como “mentiras”
2a. Fase (6 a 11 anos)
A imaginação é rica e utiliza-se de elementos abstratos.
3.3. Memória
Guarda dados.
Memória
1a- Fase (0 a 6 anos)
Desde os primeiros meses a criança é capaz e memoriza somente os elementos concretos.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Retém com facilidade, mas esquece com rapidez se não estiver motivada.
3.4. Atenção
É a capacidade de concentração.
Atenção
1a. Fase (0 a 6 anos)
Desde os primeiros meses a atenção da criança é momentânea. Aos 5 ou 6 anos começa a se ater no que está interessada
2a. Fase (6 a 11 anos)
Já se concentra por períodos maiores, mas também enquanto durar seu interesse.
3.4. Consciência Moral (julgar)
E a capacidade de discernir entre o certo e o errado, de julgar, de estabelecer uma escala de valores funcione como referência.
1a. Fase (0 a 6 anos)
A criança não é capaz de um julgamento moral. Certo ou errado para ela é o que os pais proíbem ou não. Deve haver, por parte dos pais, regras estabelecidas e coerentes para uma formação positiva dos filhos.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Começa a existir uma tentativa de julgamentos moral. É nessa fase que ocorre a formação ética da criança. Os pais devem aproveitar os fatos para bem educar (cenas de heroísmo, falta de coleguismo, roubo de material escolar, etc.)
3.6. Linguagem
É a expressão falada da inteligência.
Linguagem
1a. Fase (0 a 6 anos)
É pouco desenvolvida; está em fase de aprendizagem. A criança fala com o todo.
2a. Fase (6 a 11 anos)
A criança já escolhe seus meios de expressão, pois já se encontra mais desenvolvida.
Recapitulando, vimos acima que a inteligência é formada por:
* Imaginação;
* Memória;
* Atenção;
* Consciência Moral;
* Linguagem.
4. Caráter
É a personalidade em seu aspecto volitivo – o que vai dar direcionamento ás ações (volitivo relaciona-se com vontade). E a direção racional imprimida ao temperamento. O caráter dirige de acordo com que a inteligência julga.
Vontade é o dinamismo responsável pela direção racional da personalidade.
São quatro os dinamismos que regem a personalidade:
O ser humano: .
- “age” pelos instintos (necessidades e impulsos);
- “sente” pelas emoções;
- “conhece” pela inteligência;
- “dirige-se” pela vontade.
A direção da vontade é racional e depende de cada ser e a cultura na qual está inserido. Portanto o caráter é o aspecto da personalidade que permite uma direção de si mesmo e diferencia o homem dos animais; assim o homem não é arrastado por impulsos; o homem escolhe e age conforme sua escolha.
Caráter
1a. Fase (0 a 6 anos)
A vontade é regida pelos valores dos pais.
2a. Fase (6 a 11 anos)
Começa a amadurecer o caráter. Distingue o certo do errado em algumas áreas, mas não tem força para agir em conseqüência (por exemplo, sabe que brigar é errado, mas continua brigando). Isto ocorre porque não foi atingido o nível de maturidade que lhe permita agir conforme o saber.
(LAR DO CAMINHO. Estudos da Família à Luz do Espiritismo: A Família no Mundo Atual. Campos do Jordão, setembro/2000 apud CVDEE, internet: www.cvdee.org.br)