4º Ano – Aula 20 – Desafios da Vida I (Vícios Físicos)

CURSO DE DOUTRINA ESPÍRITA

Hieronymus Bosch (1450-1516), detalhe de “A tentação de Santo Antonio”

1-Desregramentos considerados infrações às leis naturais:

-Crueldade;

-Suicídio direto;

-Suicídio indireto:

–Desprezo ao perigo (Imprudência; Irresponsabilidade);

–Excessos (Alimentação, Trabalho, Lazer, Sexo);

–Vícios (Jogo, Drogas).

2-Classificação das Drogas segundo L.Chaloult:

2.1-Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC): grupo de substâncias que diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique “desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas. Substâncias também chamadas de psicolépticas: Álcool; Inalantes/solventes; Ansiolíticos; Barbitúricos; Opiáceos (derivados do ópio, naturais ou sintetizados: Ópio, Pó de Ópio, Morfina, Codeína; Heroína; Zipeprol, Metadona).

2.2-Estimulantes da Atividade do SNC: grupo de substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique mais “ligada”, “elétrica”, sem sono. Substâncias também chamadas de psicoanalépticas, nooanalépticas, timolépticas: Cafeína; Nicotina; Anfetamina; Cocaína; metilenodioximetanfetamina (MDMA), mais conhecida por Ecstasy.

2.3-Perturbadores do SNC: modificam qualitativamente a atividade do cérebro, ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos. Tambem chamados de alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos, alucinantes: Anticolinérgicos – medicamentos; Anticolinérgicos – planta; Maconha (delta-9-tetrahidrocanabinol ou THC); Cacto (Lopophora williansi, peyote ou mescalina); Cogumelo (Psylocybe mexicana, Psylocibe cubensis, ou gênero Paneoulus); LSD-25 (Ácido Lisérgico). (www imesc.sp.gov.br e Revista do IMESC, nº3, 2001)

3-Tormentos provocados pelas drogas no Perispírito

“Às vezes, os órgãos genitais se deformam e em seu lugar formam-se enormes feridas que corroem.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Mãos Estendidas”, 1ªed., p.96)

“Às vezes, o perispírito se atrofia e regride a embrião.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Ninguém está sozinho”, 3ªed., p.154)

“A agulha da fatídica picada permanece irremovível na veia do desencarnado.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Os Miosótis Voltam a Florir”, 3ªed., p.39)

“O Vale dos Picos: um lugar sombrio e terrível onde agrupam-se os toxicômanos desencarnados emperdenidos (ainda sem assistência). O ‘Vale’ é comandado por uma entidade perversa, de grande poder sobre a mente dos toxicômanos, encarnados e desencarnados.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Na Esperança de Uma Nova Vida”, 2ªed.,p.62)

“A overdose provoca a desencarnação e é comparável a uma queda do décimo sexto andar de um edifício. O cordão fluídico que liga o perispírito ao corpo é estraçalhado; portanto, se o corpo físico sofre violência, mais ainda o Perispírito.” (I.P.Machado, Luiz Sérgio, “Consciência”, 1ªed.,p.103)

4-Como é a vida de um desencarnado toxicômano

Ao desencarnar, o Perispírito mantém integralmente as mesmas sensações experimentadas na jornada terrena.

Encontra no mundo espiritual inúmeros Espíritos, invariavelmente similares, em tendências, gostos, graus de evolução. Com eles conviverá.

O toxicômano, em particular, conviverá com desencarnados viciados. Verá que seu Perispírito (igual ao seu corpo físico), está depauperado, destrambelhado, cheirando mal, repleto de náuseas e mazelas – frio, fome, dor… Desgraçadamente, terá consciência desses tormentos, de maneira plena e permanente: não dorme, não desmaia… Fica vagando por regiões cinzentas, sem água, sem sol.

5-Vampirismo e drogas

O viciado, ao desencarnar, percebendo que agora tudo está mais difícil, pois além de não poder satisfazer a ânsia da droga, ainda está doente, fraco, faminto etc., mais do que nunca desejará as drogas.

Carente, e sem nenhuma proteção, ficará à mercê de legiões de malfeitores espirituais. Será sim, admitido nessas legiões, mas como elemento escravo, desprezível, inferior… Aprenderá, rápido, que só no plano material poderá dar vazão ao vício. Qual vampiro, poucas vezes sozinho – quase sempre em bando – acorrerá aos lares dos toxicômanos encarnados, aderindo aos mesmos, mente a mente, induzindo-os ao consumo das drogas, caso já não o estejam fazendo. Sem nenhuma reserva moral, em troca de alguma satisfação do vício, será submetido a uma série de perversidades. (Eurípedes Kühl, “Os tóxicos: duas viagens”, Belo Horizonte: Ed.Fonte Viva, 3ª ed., 1995, c.10)

6-Obsessão e drogas

Ninguém está só, seja no Bem ou no Mal: as leis da atração e da sintonia funcionam invariavelmente em ambas as situações.

O obsidiado é quase sempre um enfermo, acompanhado de uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano. O toxicômano raramente poderá ser excluído dessa categoria.

7-Cura dos toxicômanos

Tratamento que envolve acima de tudo o interesse da pessoa, mais o apoio familiar, além de acompanhamento médico, psicológico, psiquiátrico e terapêutica apropriada de desintoxicação.

8-Atuação da Casa Espírita em prol dos toxicômanos

A Casa Espírita pode contribuir como célula de apoio social, que ajuda a família a fortalecer-se frente ao desafio de dar suporte aos adictos e drogadictos.

O apoio pode ser realizado por orientadores e grupos de difusão do Evangelho, associados a campanhas de prevenção.

Conforme o quadro de trabalhadores, a Casa Espírita pode realizar visitas aos viciados para diálogo fraterno (no lar, nos hospitais ou nas clínicas).

Há a possibilidade de associação a outros credos religiosos, em campanhas educativas.

Criação de grupos de orientadores especializados na questão dos desencarnados toxicômanos.

Não nos esqueçamos que a vitória sobre o álcool e outras drogas envolve apoio da sociedade e o indispensável compromisso pessoal para superação do quadro vicioso.

9-O programa dos 12 passos

Criado em 1935 por William Griffith e Doutor “Bob” Smith, o “Programa dos Doze Passos” surgiu nos Estados Unidos,  inicialmente voltado para o tratamento de alcoolismo,  estendido posteriormente para todos os tipos de dependência química. Trata-se da estratégia central da maioria dos grupos de autoajuda para o tratamento das dependências químicas ou compulsões.

Os 12 Passos

Trata-se do programa criado por William Griffith e Dr. Bob Smith, em 1935, nos Estados Unidos, visando a princípio traçar um roteiro para o tratamento de alcoolatras. Suas diretrizes são as seguintes:

1-Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2-Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

3-Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

4-Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5-Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

6-Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

7-Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8-Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9-Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.

10-Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11-Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12-Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.

10-Os Vícios e suas Reparações Futuras

“Compassivos, os fluidos beneficentes que a seguir nos faziam assimilar – terapêutica divina – iriam, gradualmente, auxiliar-nos a corrigir as impressões de fome e de sede; a postergar a insana sensação de frio intenso, que num suicida resulta da gelidez cadavérica que ao perispírito se comunica; a atenuar os apetites e arrastamentos inconfessáveis, tais os vícios sexuais, o álcool, o fumo, cujas repercussões e efeitos produziam desequilíbrios chocantes em nossos sentidos espirituais, interceptando possibilidades de progresso na adaptação e impondo-nos humilhações singulares, por assinalar a ínfima categoria a que pertencíamos, na respeitável sociedade dos Espíritos que nos rodeavam. (…)

Excessivamente maculadas, deixavam à mostra, em sua configuração astral, os estigmas do vício a que se haviam entregado, alguns oferecendo mesmo a ideia de se acharem leprosos, ao passo que outros exalavam odores fétidos, repugnantes, como se a mistura do fumo, do álcool, dos entorpecentes, de que tanto abusaram, fermentassem exalações pútridas cujas repercussões contaminassem as próprias vibrações que, pesadas, viciadas, traduzissem o vírus que havia envenenado o corpo material! (…)

Os exemplos que apresento neste momento são irremediáveis na vida espiritual! Nada, aqui, poderá sanar as ferazes angústias que os oprimem, nem modificar a situação embaraçosa que para si mesmos entreteceram com as atitudes selvagens da incontinência, da imprevidência sacrílega em que acharam por bem se locupletarem, no livre curso aos vícios com que se diminuíram! Eles mesmos, unicamente eles, serão agentes de misericórdia para consigo próprios, já que voluntariamente se responsabilizaram pelos desvios de que se não quiseram furtar! Mas isto lhes custará desgostos, opressões e dores infinitamente amargosas, diante dos quais uma individualidade normal se quedaria estarrecida! Para que se convençam da situação própria, submetendo-se mais ou menos resignadamente às consequências futuras das passadas imprevidências, torna-se necessário da nossa parte, enquanto aqui se demorarem, trabalho árduo de catequese, aplicações incansáveis de terapêutica moral e fluídica especial, carinhosa assistência de irmãos investidos de sagrada responsabilidade.

Acontece frequentemente, no entanto, que muitos destes infelizes trazem a revolta no coração, a raiva impenitente pela desgraça de que se consideram vítimas e não responsáveis. Não se resignam à evidência do presente e, inconformados, partem a tomar novo envoltório terreno, agravando a situação própria com a má-vontade em que se entrincheiram, a insubmissão e a impaciência, acovardados ante a expectativa dos embates tormentosos da expiação irremediável!” (Yvonne A. Pereira, Camilo Castelo Branco, “Memórias de um Suicida”, c.3 e 5)

11-Prevenção contra as Drogas

“Existem muitas divergências sobre informação e prevenção, que devem ser avaliadas por quem deseja trabalhar com drogados. É desagradável para o viciado e para quem deseja ajudá-lo ouvir um milhão de palavras inúteis sobre repressão e ameaças. O que se deve fazer é levar a pessoa a se interessar por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo. A pessoa precisa conhecer o perigo que está enfrentando.

Quem a está ajudando não está fazendo isso apenas por fazer, mas sim porque é um conhecedor do assunto. Cabe explicar ao possível consumidor, ou já dependente, que o drogado carrega um estigma, por parte da comunidade, de difícil aceitação para a família.” Samita  (Irene Pacheco Machado, Luiz Sérgio, “Driblando a Dor”, ed.Recanto, 2002, 10ª ed., p.11)

“O jovem, quando busca o tóxico, o faz por alguma causa. Se buscarmos a origem encontraremos, primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros, lar desequilibrado, filhos negligenciados ou super-protegidos, quer dizer mimo ou desprezo. Ainda mais: dinheiro fácil, excesso de liberdade.” Carlos (Machado, op.cit., p.11)

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