A questão das materializações e da percepção medianímica

Materialização

SAULO – Pois parece, podemos dizer ao telespectador, que uma etapa do mundo israelita aqui está presente. É o professor Beni, que, em nome deste grupo de São Paulo, formula a sua pergunta. Ele tem um pouco de sotaque, porque não se trata de brasileiro.

PROFESSOR BENI – Tenho grande prazer de estar aqui, porque me interesso muito pelo estudo do espiritismo, não?
Gostaria de saber, eu fui convidado por umas pessoas do professor Herculano Pires para assistir um trabalho de materialização, e eu cumpri as recomendações que me foram concedidas previamente. Eu presenciei alguma coisa, vi algo lá, não me lembro, aqui num bairro de São Paulo. A pessoa que foi comigo, uma outra pessoa israelita, eu vi tudo isto lá, e ele me disse que não viu, absolutamente, e me acusou de mistificador.
Eu gostaria de saber porque que eu vi esta manifestação, e esta pessoa não viu?

ALMIR – Entendeu, Chico? Ele participou de uma sessão de fenômenos de materialização, ele assistiu, viu as pessoas, viu os espíritos se materializarem, e o amigo não viu, e o amigo então o tachou de embusteiro, de mistificador. Ele quer saber porque em sessões desta natureza, algumas pessoas podem observar a verificação destes fenômenos, e outras não?

CHICO XAVIER – Cremos que o problema estará filiado à sensibilidade visual do ponto-de-vista psíquico, de nosso amigo, porque muitas vezes temos ido pessoalmente a reuniões, verificamos a presença de determinadas entidades, que muitos amigos não as vêem. Acreditamos que o nosso amigo é portador do que nós chamamos clarividência mediúnica, talvez não muito desenvolvida, por enquanto, mas suscetível de encontrar um grau muito elevado de evolução, propiciando a ele mesmo ensinamentos muito grandes e lições que serão para ele verdadeiras bênçãos da espiritualidade superior.

(F.C.Xavier, “Dos Hippies aos Problemas do Mundo”. São Paulo: LAKE, 4ª.ed, 2003, pp. 78-79)

Comentário:
O texto acima é um fragmento da entrevista de Chico Xavier que deu vez à sua segunda participação no programa “Pinga-Fogo”, da TV Tupi, Canal 4 de São Paulo, que foi ao ar em 20/12/1971.
A respeito dos fenômenos de materialização, lembramos que semelhante evento é de extrema raridade.
Em primeiro lugar, a pouco ocorrência se deve à enorme quantidade de recursos da espiritualidade que se precisa reunir para realizar o fenômeno.
Em segundo lugar, todo fenômeno de materialização exige, além do médium adequado, recursos da espiritualidade e do grupo, que lhe permitam consumar-se. Não basta o interesse do grupo e a presença do medianeiro adequado, mister se fará criar as condições fluídicas e vibratórias propícias ao evento e o devido apoio espiritual.
Vale lembrar que há de prevalecer sempre a utilidade do fenômeno na senda do bem e a moralidade elevada em toda tarefa espiritual séria.

Conhecemos vários casos relevantes, como as materializações de Irmã Josefa, de Katie King e do cavalheiro com a tabaqueira, este citado por Kardec na “Revista Espírita”, em sua edições de março de 1859 e em maio de 1861.
Para melhor ilustrar o comentário, reproduzo trecho de artigo do sítio Lampadário Espírita:
Alexandre Aksakof, na obra “Um Caso de Desmaterialização Parcial do corpo dum Médium”, define como três as espécies de materializações:
1º – Materialização invisível – que envolve movimentos de objetos e sensações de contacto que se experimenta nas sessões e que se atribui a uma mão invisível;
2º – Materialização visível e tangível – aparição de forma parcial e incompleta de mãos, cabeças, etc.

3º – Materialização completa – de uma forma humana completamente visível e tangível que, para a vista comum, não difere em nada de um corpo humano vivo. É o fenômeno mais elevado da materialização, durante o qual o médium acha-se geralmente em transe (sono magnético).
Aksakof vai mais além, afirmando que toda materialização necessita de uma desmaterialização correspondente do médium. Daí, as vezes, o Espírito materializado apresentar semelhança com o médium.
O que se verificou com o Espírito Katie King e a médium que lhe cedia os necessários fluidos de materialização, Florence Cook.